Após assassinar sua antiga esposa por motivo de infidelidade, Elias decide recomeçar sua vida com uma nova esposa e uma filha. Porém ao ver a semelhança da nova boneca de sua filha com sua antiga esposa, percebe que o passado não quer ser esquecido e está disposto a perseguí-lo aonde for, mesmo que para isso precise atravessar as portas da Fuga da Sanidade.
FANTASMAS DO PASSADO Por Rodrigo Carvalho®
Elias ainda se lembra da última vez que esteve com ela. Era domingo e estava chovendo. Eles dois se abraçavam na cama nus, um acariciando o outro enquanto seus olhares se cruzavam profundamente como se conversassem, uma bela conversa que não podia ser ouvida, apenas percebida.
Carla era tudo que Elias havia desejado: bonita, jovem simpática, decidida e inteligente. Mas o que ele por pura ingenuidade – ou amor – não sabia era que ela, como toda pessoa, tinha seus defeitos e ele só veio descobrir isso ao vê-la na cama com outro homem. Ainda se lembra do forte sentimento de ódio que teve ao ver ao ver aquela cena. Elias sempre fora um homem calmo, mas neste momento ele sentiu toda raiva guardada em sua alma tomar conta de seu corpo. O homem – um colega de trabalho de Carla – fugiu assustado enquanto que ela não teve a mesma sorte e foi brutalmente espancada até a morte pelo seu marido revoltado. Ao tomar noção do que fizera, Elias, arrependido, chorou feito uma criança, assumiu o homicídio e foi preso.
Os anos se passaram e ele foi solto sob condicional. Casou-se de novo com uma bela moça, chamada Juliana. Em certos aspectos ela lembrava Carla e era por isso que ele a queria. Uma vez Juliana lhe perguntou sobre seu passado e o que ele fez para ser preso, Elias, tentando não tocar no assunto, pediu para não falar sobre isso, mas ela insistiu e ele, querendo fugir do assunto logo, disse que foi por brigar num bar.
Com muito esforço e ajuda de alguns velhos amigos, Elias conseguiu reconstruir sua vida e hoje ele é gerente de uma agência de publicidade. Também ganhou um belo presente do destino, uma filhinha chamada Sara, hoje com quatro anos.
Às vezes ainda se lembra de Carla e dos planos que tinham juntos, mas quando olha para sua nova vida tenta esquecer o passado. Porém, às vezes, o passado não quer ser esquecido e nos persegue como uma sombra.
Elias e Juliana faziam a cama do quarto balançar com seu sexo selvagem. Ela por cima dele com seu gemido cheio de volúpia o deixava próximo do orgasmo. Ele fechou os olhos apenas sentindo o prazer que vinha do meio de suas coxas. O cheiro dela parecia um aroma de tão suave, porém aos poucos ele ia mudando assim como o gemido de Juliana. Parecia ser outra pessoa, também familiar. Isso o fez abrir os olhos e para sua surpresa, já não era mais Juliana quem ele penetrava e sim Carla. Assustado ele gritou e empurrou-a para trás.
“Você ficou maluco!”, gritou Juliana. Elias então percebera que aquilo não passara de uma ilusão. “Desculpe querida...”, disse ele, “É que por algum instante eu pensei que fosse outra pessoa...”, “Ah, então você anda com alguma vagabunda por aí, né?”, gritou ela de novo. “Não é nada disso...” respondeu ele, “Acho que estou muito cansado pra isso hoje!Vamos deixar pra outra hora... eu preciso descansar!”. Juliana, ainda nervosa, tentou compreender e se deitou na cama de lado, virando o corpo em direção a janela. A imagem de Carla ficou na cabeça de Elias e isso o fez ter pesadelos com ela. Sonhava que a via chorando por não estar em paz e que ele iria pagar caro por isso. Depois via cenas do passado em que ambos se divertiam e riam. Ele era feliz com ela e isso o fez acordar triste e lagrimando.
A manhã chegou, era sábado e ele e Sara estavam na sala assistindo desenhos animados enquanto Juliana preparava o almoço para logo em seguida terminar de fazer os preparativos para a festa de aniversario da filha, que seria no dia seguinte. “O que minha princesa vai querer esse ano?”, perguntou com uma voz carinhosa e postura paterna. “Não sei ainda...”, respondeu a menina. Sua dúvida acabou quando nesse momento apareceu o comercial de uma nova boneca no mercado que tava ganhando fama entre as meninas. “Pai, já sei! Vou querer uma boneca Carla!”, disse a menina com muito entusiasmo. Quando Elias olhou para a TV viu que o rosto da boneca era muito familiar. Lembrava muito o rosto de Carla: fino com as bochechas, os olhos verdes e o sorriso perfeito que, segundo Elias, era diferente dos outros sorrisos perfeitos por possuir algo em especial que nem ele sabia ao certo explicar. Ela sorria para ele dizendo com uma voz mecânica e feminina “Quero ficar com você pra sempre!”. Seu coração bateu mais rápido e seu corpo começou a suar frio. “Pai? O senhor está bem?”, perguntou a menina. Elias estava paralisado e perdido em lembranças traumáticas. Seus olhos não piscavam. Estavam fixos na TV e no sorriso da boneca que dizia mais uma vez “Quero ficar com você pra sempre!”. “Ô pai?”, gritou a menina despertando Elias de suas lembranças. “Desculpa filha.” , disse Elias ,“o papai anda meio cansado ultimamente...”.
“Elias, você anda muito estranho! Será que é peso na consciência por algo de errado que anda fazendo?”, disse Juliana vindo da cozinha. “Aonde você ta querendo chegar?”, perguntou Elias aumentando o tom de voz. “Você sabe do que eu to falando... talvez ande fazendo hora extra no trabalho com alguma estagiária novinha... não é isso?”, disse Juliana levanto ainda mais o tom de voz. “Não vem com essa história de novo; principalmente na frente da Sara!”, disse Elias já furioso, mas tentando manter a calma. “Anda com as suas vagabundas pra lá e depois quer dar bom exemplo é?”, gritou Juliana. “Já chega!”, gritou Elias, “Minha paciência já está no limite! Não tenho mais saco para suas criancices! Eu não ando bem ultimamente por isso não me enche o saco por eu juro senão...”, “Senão o quê?! Vai me bater?! É isso?!”, gritou Juliana, “Pois então bate pra ti ver!! Eu juro que se tu encostar um dedo em mim eu sai dessa casa e levo a Sara comigo!!”. Elias saiu de casa batendo a porta enquanto Juliana ia atrás dele gritando e mandando ele voltar. Elias entrou no carro e saiu sem saber ao certo para onde ir, mas qualquer lugar calmo servia para aliviar o estresse.
Na pista viu longe um grande outdoor anunciando a boneca Carla. Suou frio ao ver aquele sorriso que antes lhe agradava, mas agora lhe trazia amargas lembranças e um sentimento de medo. “Só pode ser coincidência!”, pensava Elias. Mas isso também o fez lembrar do pedido de Sara. Ele tinha que comprar a boneca para ela mesmo pensando nas lembranças que ela podia lhe trazer. Parou numa loja de brinquedos e perguntou para um vendedor se eles tinham a tal boneca, porém o vendedor disse que a última havia acabado de ser vendida. Isso lhe trouxe um certo alívio momentâneo porque deveria procurar em outras lojas, mas pensou em dizer a Sara que não encontrou a boneca e comprou outra no lugar. Com certeza isso traria uma certa tristeza para Sara, mas logo ia passar. Despediu-se do vendedor aliviado dizendo que mais tarde voltava para comprar outra coisa para sua filha, porém antes de sair da loja o vendedor lhe chamou, “Senhor! Ainda temos uma!”, Elias virou para trás e viu a boneca nas mãos do vendedor contente por achar que acabou de fazer mais um cliente feliz. Elias meio assustado e sem reação pensou na alegria de sua filha quando visse a boneca; isso para ele não tinha preço! Sem pensar mais, decidiu comprar.
Ao voltar para casa sentia-se meio angustiado com a boneca embrulhada e em cima do banco do passageiro. A angústia se transformou num belo susto quando ela falou “Quero ficar com você pra sempre!”. O susto fez o batimento cardíaco de Elias acelerar juntamente com a velocidade do carro quando sem querer pisou fundo no acelerador quase causando um acidente fatal. Elias parou o carro perto de uma praça e violentamente rasgou o papel de presente que embrulhava o brinquedo, tirou a boneca da caixa às pressas, pegou a boneca e verificou se tinha pilha. Para seu alívio, duas pequenas pilhas encontravam-se em um pequeno compartimento nas costas da boneca. “Mas como a boneca falou se ninguém tocou nela?”, pensou ele. “Talvez seja defeito de fabricação ou algo assim...”, pensou novamente tentando manter-se calmo.
Guardou a boneca com bastante cuidado para não amassar mais a caixa do que já havia amassado. Voltou para o volante e ligou o rádio para tentar relaxar. Jornal local, mudou de canal até ouvir um clássico dos Rolling Stones que não ouvia há muito tempo: “Timeeee is on my side! Yes it’s![...]”. A música o animava até a boneca falar novamente “Nós ficaremos juntos para sempre meu amor!”, mas dessa vez sua voz não era robótica e fina coma de boneca, e sim uma voz humana e familiar, que ele também não ouvia há muito tempo...“[...]Timeeee is on my side! Yes it’s![...]”. Seu grito só não saiu mais alto porque foi abafado pela música. “[...]You’ll come back! You’ll come back to me... eeeeeeeee!”.
Parou o carro novamente e enfurecido pegou a boneca e jogou no lixo gritando “Nunca mais você vai incomodar a minha vida! Se não tivesse me traído poderíamos ainda estar juntos hoje! Com filhos até! Agora, sua vadia do Diabo, ME DEIXE EM PAZ!”. Ao olhar para os lados, um pequeno grupo de pessoas o observava curiosamente. Ficou envergonhado no momento, mas depois voltou para o carro resmungando “Sinto muito minha princesa, mas você vai ter que se contentar com um ursinho ou coisa parecida!”.
No dia seguinte não encontrou Juliana ao seu lado quando acordou. Viu a hora: 9:45. Concluiu que Juliana devia estar na aula de ginástica. Levantou-se e foi até a cozinha para tomar café, mas antes verificou se Sara estava bem. Ela ainda dormia profundamente. Depois do café ia comprar o presente da filha. Porém, pouco tempo depois, Juliana chegou com um belo sorriso no rosto. Parecia ter esquecido a briga do dia anterior – o que aliviou Elias. Até ele ver a boneca Carla na mão dela. “Querido! Olha que sorte eu tenho! Fui comprar uma boneca Carla para Sara, mas o estoque já havia acabado e provavelmente em todas as outras lojas também, mas como tenho muita sorte encontrei essa boneca Carla novinha e em perfeito estado numa lixeira na praça! Não é ótimo!”, disse Juliana “Só preciso dar uma arrumada nessa caixa que está um pouco amassada e passar uma fita. Vai ficar perfeito!”.
Elias olhava assustado a boneca que retribuía o olhar sorrindo de maneira irônica. Era o mesmo sorriso que já vinha de fábrica, porém dessa vez ele parecia sarcástico como se a boneca debochasse dele. Tudo que queria naquele momento era pegar aquela maldita boneca e quebrá-la em pedacinhos tão pequenos que seria impossível ser consertada. Mas teve que se conter.
Juliana arrumou a caixa e embrulhou-a e em seguida guardou para entregar à filha na hora da festa. Sara adorou o presente o que alegrou seu pai, mesmo este sabendo que cedo ou tarde Carla se manifestaria novamente. Se isso ocorreu realmente poucos podem provar, mas no dia seguinte as coisas naquela casa começaram a ficar muito estranhas: Sara não deixava a boneca por nada. Sempre a levando para todos os lugares, inclusive a escola. Afastou-se de suas amiguinhas e dizia que sua única amiga era Carla. Elias já flagrou ela e sua boneca conversando várias vezes. Ele não gostava daquilo e contava para Juliana, mas ela dizia que isso era normal. Elias jurava que o espírito de Carla estava dentro do corpo da boneca tentando estragar sua nova vida e talvez machucar sua esposa e filha. Isso ele não poderia permitir. Decidiu então jogar a boneca fora enquanto sua filha dormia. Isso lhe partiu o coração, mas era necessário.
Depois de ter feito voltou a dormir. Acordou tarde, quase se atrasa para o trabalho. Levantou-se às pressas e só aceitou ser interrompido quando Sara o chamou na cozinha. Elias desceu as escadas pensando em boas palavras para dar a filha que deveria estar chorando procurando a boneca. Mas se surpreendeu quando viu o sorriso de empolgação de sua filha. Surpreendeu-se mais ainda quando viu a boneca Carla sentada no seu lugar de costume na mesa de jantar. “Carla pediu para tomar café conosco!”, disse a menina, “Ela pode ficar no seu lugar, pai?”. Elias não teve resposta e Juliana respondeu por ele “Claro que sim minha filha... agora tome seu café para não se atrasar pra aula!”. Elias se aprontou e saiu de casa assustado pensando no que poderia fazer. “O único jeito é quebrá-la completamente quando Sara estiver dormindo!”, pensou ele. Pena que sua decisão foi tarde demais. Ao chegar em casa à noite viu um corpo de bombeiros na frente de sua casa que se encontrava em chamas. Nem Juliana e nem Sara sobreviveram. A causa do incêndio ainda é desconhecida. Mas não para Elias que, de joelhos, derramava lágrimas de agonia e ódio. Desde esse dia ele nunca mais foi o mesmo. Caiu numa profunda depressão e pensamentos suicidas vinham freqüentemente. Tomou vários antidepressivos, mas logo se entregou a depressão envenenando-se.
Dias depois descobriram que o incêndio foi causado por um defeito na fiação elétrica. Para Elias foi tudo culpa de Carla que havia possuído o corpo de uma boneca para se vingar. Foi essa a versão que ele deu a seus amigos e parentes. Todos acharam que ele estava louco. Porém o universo é cheio de mistérios e não se pode ter certeza de que ele não estava certo! Será que Elias era louco ou Carla realmente voltou para se vingar no corpo de uma boneca? Essa pergunta paira sobre a mente dos mais curiosos, mas os céticos acreditam que tudo que o assombrou foi o remorso de um crime passado.
segunda-feira, novembro 20, 2006
ZONA DA ANGÚSTIA - Conto
Após o suícidio do seu melhor amigo, Márcio muda-se para seu apartamento, um lugar onde já ocorreram muitos outros suicídios. Pesadelos estranhos começam a perturbar o novo morador que passa a acreditar que tudo tem ligação com um espelho antigo que o levará para uma estranha viagem na Fuga da Sanidade.
ZONA DA ANGÚSTIA Por Rodrigo Carvalho®
Desde que decidi me mudar para este apartamento tenho ouvido estórias sobre ele. Localiza-se em um prédio velho onde já houve muitos suicídios. Dizem que este prédio é assombrado pelos espíritos dos suicidas. Não acredito muito em assombrações e acho que se visse uma não ficaria com tanto medo assim. Meus amigos mais supersticiosos tentam me convencer de que, talvez, esses espíritos malignos tenham feito Fernando se suicidar. Fico muito nervoso quando eles dizem isso, será que não tem respeito pelo meu amigo? Será que não percebem que sua família já sofreu demais para ter que ouvir essas brincadeiras de mau gosto? O último que falou isso eu o agredi com socos e pontapés, pois já não agüentava mais essas estórias. Todos sabem que Fernando era quase um irmão para mim. Nós crescemos juntos, estudamos nas mesmas escolas e até namoramos duas gêmeas no colegial. Eu fui seu padrinho de casamento e padrinho de sua filha. Amanda, sua esposa, era uma mulher adorável, meiga e muito bonita. Sua filha, Sabrina, também puxara a beleza da mãe e era uma criança inteligente e brincalhona. Eles eram sem dúvida, uma família feliz. Mas infelizmente essa bela estória teve um final trágico.
Há um ano atrás, Fernando e sua família chegavam da fazenda quando um carro desgovernado os atingiu matando sua esposa e filha. Desde desse dia ele nunca mais voltou a sorrir. Sofri ao seu lado como sempre fizera quando algo ruim acontecia. Sofri como se fosse minha esposa e filha que tivessem morrido, mesmo nunca tendo casado.
A única pessoa a quem ele ainda conversava era comigo, mas já não existia alegria em sua conversa. Seus olhos se enchiam de lágrimas todas as vezes que se lembrava delas. Eu já não agüentava mais vê-lo desse jeito e com muito esforço e com o apoio de seus familiares e de nossos amigos, convencemos Fernando a fazer terapia. As coisas melhoraram um pouco. Ele já aceitava conversar com outras pessoas e sorria às vezes.
Estava tudo indo bem até que um dia me telefonaram dizendo que ele se atirara da janela do seu apartamento; que fica no último andar em um dos prédios mais altos da cidade. Seu rosto estava irreconhecível e ele só foi identificado pelos seus documentos e sua aliança.
Em seu testamento ele disse que deixava o apartamento e todas as suas coisas para mim. Nunca gostei deste prédio. Ele é muito antigo e já houve muito sofrimento aqui. Mas não podia negar tal presente vindo de alguém que significava muito para mim.
Desde de mudei-me para cá, tenho tido sonhos estranhos com um espelho antigo que encontrei no quarto do antigo casal; que agora é onde durmo. Esse espelho me impressionou desde a primeira vez que o vi pelo visual grotesco e assustador. Talvez fosse isso o motivo dos pesadelos.
O cenário de todos os sonhos era aquele apartamento. Via pessoas andando; desconhecidas para mim. Também ouvia conversas e o espelho sempre aparecia clareando o quarto com uma luz azul-mórbida vinda de dentro dele. Às vezes via rostos e escutava sussurros vindos de lá. Mesmo cético como sou, não conseguia me conter e acordava assustado, lavava o rosto e voltava a dormir. Geralmente esses pesadelos voltavam, mas depois eram substituídos por sonhos mais confortantes e alegres.
Assim como crescia o meu medo, a minha curiosidade de saber o que havia atrás daquele espelho crescia também. Aos poucos fui me acostumando com os pesadelos e parei de ter tanto medo. Agora só restava saciar minha curiosidade.
Numa noite quando tivera meu sono novamente invadido por tais horrores que se escondem no fundo de nosso inconsciente, descidi atravessar a luz mórbida que vinha do espelho. Senti uma força me puxar em uma velocidade incrível. Em seguida me encontrava dentre águas que não pareciam ter fundo. Mesmo não sendo anfíbio, conseguia respirar tão bem quanto um. Comecei a nadar para cima até finalmente ver uma luz mórbida semelhante a do espelho. Sai dentro de um tipo de piscina com bordas de pedra dentro de uma grande câmara. Havia quatro esculturas de belas mulheres nuas usando colares, pulseiras em forma de serpente e chapeis largos sem abas, semelhantes aos dos antigos faraós. Seus corpos eram belos, porém havia certos detalhes que insinuavam ossos saindo como suas colunas e sua caixa torácica que abaixo de seus belos e firmes seios exibiam-se espinhas tentando rasgar a pele. Todas eram feitas de um cristal verde-escuro. Havia uma em cada ponta da grande piscina. Cada uma delas segurava uma tocha com um fogo da mesma cor que vi no espelho e quando subi aqui; aquele azul-mórbido. Sai da piscina e fui explorar a câmara. Havia quatro colunas sustentando o forro que se encontrava oculto nas sombras acima. As colunas eram detalhadas com rostos grotescos de pessoas deformadas sofrendo em uma agonia eterna. As paredes eram ainda mais assustadoras. Também eram detalhadas com rostos de pessoas deformadas sofrendo, mas estas se confundiam e misturavam com outras formas demoníacas que não podem ser descritas com palavras. Algo como um pesadelo de H.R. Giger, com olhos, ossos e demônios surgindo em meio a pessoas nuas e em poses sensuais entre genitais - ou algo que lembre um - e corpos humanos nus com cabeças e membros de criaturas vindas da mente de um gênio louco.
Também vi uma passagem em forma de arco. De dentro dela uma profunda e misteriosa escuridão me intimidava e impedia-me de atravessar. Porém, vendo que não havia outro caminho, tive que superar meu medo e seguir em frente pela única saída aparente. Não sei se fiz a escolha certa, mas ao entrar naquela escuridão úmida onde não conseguia nem ver a ponta do meu nariz, senti que cruzava o limite da sanidade para sempre.
Segui por um corredor pedregoso e irregular em meio às trevas infinitas por um longo tempo. As pontas das pedras machucavam meus pés e estava preste a sufocar pelo ambiente abafado. Até que finalmente encontrei a saída. Já quase sem forças consegui atravessa-la e tomar um pouco de fôlego. Até o ar não era agradável e apesar de causar menos agonia que o corredor, ainda assim era sufocante.
A primeira coisa que vi foi um deserto coberto de brumas. O céu era escuro e sem nuvens e estrelas. Apenas um cinza-escuro. Deparei-me com uma escada que descia uns cem ou mais degraus. Eles pareciam serem feitos de ossos e havia chifres nos lados de cada degrau que deveriam ter cerca de uns 20 metros de largura. Olhei para cima e vi duas grandes estátuas, uma de cada lado, que deveriam ser feitas do mesmo material usado para fazer as quatro esculturas da câmara que deixara. Elas tinham o corpo de belas moças nuas e cabeças de lobos ferozes e empunhavam lanças afiadas. Vi também que à parte de cima da caverna onde estava era achatada - quase um cubo perfeito - e sua arquitetura lembrava as dos templos maias.
Vendo que não tinha outro caminho, decidi descer a escada que parecia não ter fim. Já bastante cansado e com as pernas doloridas, escorreguei nos últimos cinco ou seis degraus e rolei até cair com a cara na areia do deserto. Um cheiro horrível, semelhante à carniça infestava o ar me causando ânsia de vômito. Levantei-me e segui, sem direção, pelo deserto em meio às brumas que me cobriam e aumentava ainda mais o meu desespero.
Estava realmente muito cansado, mas o meu medo e a vontade de sair daquele lugar, planeta, dimensão, inferno, ou seja, lá o que for, era muito superior ao meu cansaço. Por isso continuei andando, mesmo sabendo que talvez nunca mais fosse voltar para minha casa. Rezava para que tudo não passasse de um horrível pesadelo e que pudesse acordar. Porém foram palavras e vão, pois realmente era um pesadelo, mas do tipo que não posso controlar e talvez não possa acordar.
Já estava para desistir e tentar de alguma forma me suicidar e acabar com aquilo tudo de uma vez. Até que vi uma luz azul. Às pressas, me aproximei mais e vi grandes colunas brilhando. Elas não tinham um tamanho certo, umas eram imensamente altas e outras eram bem mais baixas, como edifícios. Provavelmente deveria ser uma cidade. Como já disse, minha força de vontade era tão grande que criei forças para chegar até a possível cidade. Claro que pensei na forma de vida inteligente que poderia encontrar lá. Baseando-me pelas esculturas e desenhos que vi no templo, certamente não deveria ser das mais amigáveis. Mas essa era talvez minha única chance de voltar para casa.
Já a poucos metros da cidade, vi formas humanas caminhando para diversas direções. Pelo menos de longe não pareciam com monstros demoníacos e hostis, sedentos de sangue e carne fresca, que vieram à minha mente. Isso aumentou minhas esperanças por um curto período de tempo, pois logo percebi que as imensas colunas não se tratavam de prédios e sim de diamantes azuis. Em outras palavras, não era exatamente uma cidade. Mas ainda existia vida inteligente. Só me restava saber se eles estariam dispostos a ajudar.
Ao entrar na tal “cidade”, vi a forma de vida humanóide. Eram muito semelhantes aos humanos, porém uma sombra cobria seu corpo deixando apenas pequenos detalhes escapar. Detalhes como: braços, pernas e um pouco da cintura e em alguns dos ombros. Mas os rostos estavam totalmente cobertos pela escuridão. Elas se assustavam com seus reflexos produzidos pelos diamantes. Acho que eram os espectros das pessoas que se suicidaram.
Eu tentei pedir ajuda a elas, mas era ignorado. Nenhuma sequer me olhou. Era como se fosse invisível. Foi quando visualizei de longe um desses espectros sentado em uma pedra de diamante. Esse me pareceu bem familiar. Ao me aproximar confirmei minha teoria sobre esses seres vi Fernando. Mesmo com seu rosto e parte de seu corpo oculto, eu o reconheci. Corri até ele. Gritei por seu nome. Ele me olhou e por um tempo ficou me encarando com seu olhar, que não poderia ver, apenas imaginar pela forma como ele levantou a cabeça. Ajudei a refrescar sua mente me identificando. Demorou um pouco até ele me reconhecer dizendo de forma bem distorcida “Márcio?”, o meu nome. Ele se levantou e eu o abracei como se ele não estivesse realmente morto. Ele por outro lado não me abraçou. Apenas ficou parado, em pé. Disse novamente com sua voz distorcida que eu não deveria estar ali, pois não estava morto. Eu perguntei por que ele havia se suicidado. Sabia que seu sofrimento por ter perdido sua família era grande, mas a vida continua. Ele me olhou no rosto e disse que procurava por respostas e acabou encontrando apenas um deserto com outros sofredores que nem ele. Todos em busca das mesmas respostas que talvez nunca existam. Em seguida me encaminhou até o outro lado da cidade de diamantes. Chegamos até um diamante de cerca de três metros de altura e dois de largura e brilhava mais que os outros. O reflexo de Fernando produzido pelo diamante estava como ele era antes de se matar, com vida e sem aquele manto de sombra que cobria seu corpo. Ele sorria e dizia que deveria seguir e ir voltar a minha vida e nunca cometer o mesmo erro que ele cometeu. Despedi-me dele e atravessei o diamante. Estava voando em meio a um túnel de luzes azuis em alta velocidade. No fim dele tinha uma luz branca. Escutei uma voz feminina falando comigo. Ela me contava coisas que pareciam ser pessoais.
A luz ficava cada vez mais perto até que abri os olhos e me deparei com a luz de uma lâmpada no teto de um quarto branco. Pelos objetos que vi ao redor, deveria estar em um hospital. A voz feminina que não parava de falar vinha de uma enfermeira que estava de costas para mim. Ela tinha pele morena-clara e cabelos ondulados e compridos. Perguntei onde estava e ela se virou assustada como se eu fosse um cadáver voltando à vida. Logo em seguida ela chamou um médico e tudo foi explicado para mim.
Estive em coma por uns seis meses. Fui encontrado desacordado em meu apartamento por uns amigos e levado para lá.
Novamente tentaram convencer-me a abandonar aquele apartamento assombrado e neguei mais uma vez. Com fantasmas ou sem fantasmas ainda era um presente do meu melhor amigo e nunca deixaria outro morar lá. Às vezes presencio fenômenos estranhos, mas não me impressiono como antigamente. Talvez por agora conhecer o que é desconhecido para muitos. Moro lá até hoje, convivendo com aqueles que procuraram respostas do outro lado e só encontraram dor e sofrimento. Confesso que já pensei em me matar, mas quando me mudei para cá, aprendi que só há respostas na vida.
ZONA DA ANGÚSTIA Por Rodrigo Carvalho®
Desde que decidi me mudar para este apartamento tenho ouvido estórias sobre ele. Localiza-se em um prédio velho onde já houve muitos suicídios. Dizem que este prédio é assombrado pelos espíritos dos suicidas. Não acredito muito em assombrações e acho que se visse uma não ficaria com tanto medo assim. Meus amigos mais supersticiosos tentam me convencer de que, talvez, esses espíritos malignos tenham feito Fernando se suicidar. Fico muito nervoso quando eles dizem isso, será que não tem respeito pelo meu amigo? Será que não percebem que sua família já sofreu demais para ter que ouvir essas brincadeiras de mau gosto? O último que falou isso eu o agredi com socos e pontapés, pois já não agüentava mais essas estórias. Todos sabem que Fernando era quase um irmão para mim. Nós crescemos juntos, estudamos nas mesmas escolas e até namoramos duas gêmeas no colegial. Eu fui seu padrinho de casamento e padrinho de sua filha. Amanda, sua esposa, era uma mulher adorável, meiga e muito bonita. Sua filha, Sabrina, também puxara a beleza da mãe e era uma criança inteligente e brincalhona. Eles eram sem dúvida, uma família feliz. Mas infelizmente essa bela estória teve um final trágico.
Há um ano atrás, Fernando e sua família chegavam da fazenda quando um carro desgovernado os atingiu matando sua esposa e filha. Desde desse dia ele nunca mais voltou a sorrir. Sofri ao seu lado como sempre fizera quando algo ruim acontecia. Sofri como se fosse minha esposa e filha que tivessem morrido, mesmo nunca tendo casado.
A única pessoa a quem ele ainda conversava era comigo, mas já não existia alegria em sua conversa. Seus olhos se enchiam de lágrimas todas as vezes que se lembrava delas. Eu já não agüentava mais vê-lo desse jeito e com muito esforço e com o apoio de seus familiares e de nossos amigos, convencemos Fernando a fazer terapia. As coisas melhoraram um pouco. Ele já aceitava conversar com outras pessoas e sorria às vezes.
Estava tudo indo bem até que um dia me telefonaram dizendo que ele se atirara da janela do seu apartamento; que fica no último andar em um dos prédios mais altos da cidade. Seu rosto estava irreconhecível e ele só foi identificado pelos seus documentos e sua aliança.
Em seu testamento ele disse que deixava o apartamento e todas as suas coisas para mim. Nunca gostei deste prédio. Ele é muito antigo e já houve muito sofrimento aqui. Mas não podia negar tal presente vindo de alguém que significava muito para mim.
Desde de mudei-me para cá, tenho tido sonhos estranhos com um espelho antigo que encontrei no quarto do antigo casal; que agora é onde durmo. Esse espelho me impressionou desde a primeira vez que o vi pelo visual grotesco e assustador. Talvez fosse isso o motivo dos pesadelos.
O cenário de todos os sonhos era aquele apartamento. Via pessoas andando; desconhecidas para mim. Também ouvia conversas e o espelho sempre aparecia clareando o quarto com uma luz azul-mórbida vinda de dentro dele. Às vezes via rostos e escutava sussurros vindos de lá. Mesmo cético como sou, não conseguia me conter e acordava assustado, lavava o rosto e voltava a dormir. Geralmente esses pesadelos voltavam, mas depois eram substituídos por sonhos mais confortantes e alegres.
Assim como crescia o meu medo, a minha curiosidade de saber o que havia atrás daquele espelho crescia também. Aos poucos fui me acostumando com os pesadelos e parei de ter tanto medo. Agora só restava saciar minha curiosidade.
Numa noite quando tivera meu sono novamente invadido por tais horrores que se escondem no fundo de nosso inconsciente, descidi atravessar a luz mórbida que vinha do espelho. Senti uma força me puxar em uma velocidade incrível. Em seguida me encontrava dentre águas que não pareciam ter fundo. Mesmo não sendo anfíbio, conseguia respirar tão bem quanto um. Comecei a nadar para cima até finalmente ver uma luz mórbida semelhante a do espelho. Sai dentro de um tipo de piscina com bordas de pedra dentro de uma grande câmara. Havia quatro esculturas de belas mulheres nuas usando colares, pulseiras em forma de serpente e chapeis largos sem abas, semelhantes aos dos antigos faraós. Seus corpos eram belos, porém havia certos detalhes que insinuavam ossos saindo como suas colunas e sua caixa torácica que abaixo de seus belos e firmes seios exibiam-se espinhas tentando rasgar a pele. Todas eram feitas de um cristal verde-escuro. Havia uma em cada ponta da grande piscina. Cada uma delas segurava uma tocha com um fogo da mesma cor que vi no espelho e quando subi aqui; aquele azul-mórbido. Sai da piscina e fui explorar a câmara. Havia quatro colunas sustentando o forro que se encontrava oculto nas sombras acima. As colunas eram detalhadas com rostos grotescos de pessoas deformadas sofrendo em uma agonia eterna. As paredes eram ainda mais assustadoras. Também eram detalhadas com rostos de pessoas deformadas sofrendo, mas estas se confundiam e misturavam com outras formas demoníacas que não podem ser descritas com palavras. Algo como um pesadelo de H.R. Giger, com olhos, ossos e demônios surgindo em meio a pessoas nuas e em poses sensuais entre genitais - ou algo que lembre um - e corpos humanos nus com cabeças e membros de criaturas vindas da mente de um gênio louco.
Também vi uma passagem em forma de arco. De dentro dela uma profunda e misteriosa escuridão me intimidava e impedia-me de atravessar. Porém, vendo que não havia outro caminho, tive que superar meu medo e seguir em frente pela única saída aparente. Não sei se fiz a escolha certa, mas ao entrar naquela escuridão úmida onde não conseguia nem ver a ponta do meu nariz, senti que cruzava o limite da sanidade para sempre.
Segui por um corredor pedregoso e irregular em meio às trevas infinitas por um longo tempo. As pontas das pedras machucavam meus pés e estava preste a sufocar pelo ambiente abafado. Até que finalmente encontrei a saída. Já quase sem forças consegui atravessa-la e tomar um pouco de fôlego. Até o ar não era agradável e apesar de causar menos agonia que o corredor, ainda assim era sufocante.
A primeira coisa que vi foi um deserto coberto de brumas. O céu era escuro e sem nuvens e estrelas. Apenas um cinza-escuro. Deparei-me com uma escada que descia uns cem ou mais degraus. Eles pareciam serem feitos de ossos e havia chifres nos lados de cada degrau que deveriam ter cerca de uns 20 metros de largura. Olhei para cima e vi duas grandes estátuas, uma de cada lado, que deveriam ser feitas do mesmo material usado para fazer as quatro esculturas da câmara que deixara. Elas tinham o corpo de belas moças nuas e cabeças de lobos ferozes e empunhavam lanças afiadas. Vi também que à parte de cima da caverna onde estava era achatada - quase um cubo perfeito - e sua arquitetura lembrava as dos templos maias.
Vendo que não tinha outro caminho, decidi descer a escada que parecia não ter fim. Já bastante cansado e com as pernas doloridas, escorreguei nos últimos cinco ou seis degraus e rolei até cair com a cara na areia do deserto. Um cheiro horrível, semelhante à carniça infestava o ar me causando ânsia de vômito. Levantei-me e segui, sem direção, pelo deserto em meio às brumas que me cobriam e aumentava ainda mais o meu desespero.
Estava realmente muito cansado, mas o meu medo e a vontade de sair daquele lugar, planeta, dimensão, inferno, ou seja, lá o que for, era muito superior ao meu cansaço. Por isso continuei andando, mesmo sabendo que talvez nunca mais fosse voltar para minha casa. Rezava para que tudo não passasse de um horrível pesadelo e que pudesse acordar. Porém foram palavras e vão, pois realmente era um pesadelo, mas do tipo que não posso controlar e talvez não possa acordar.
Já estava para desistir e tentar de alguma forma me suicidar e acabar com aquilo tudo de uma vez. Até que vi uma luz azul. Às pressas, me aproximei mais e vi grandes colunas brilhando. Elas não tinham um tamanho certo, umas eram imensamente altas e outras eram bem mais baixas, como edifícios. Provavelmente deveria ser uma cidade. Como já disse, minha força de vontade era tão grande que criei forças para chegar até a possível cidade. Claro que pensei na forma de vida inteligente que poderia encontrar lá. Baseando-me pelas esculturas e desenhos que vi no templo, certamente não deveria ser das mais amigáveis. Mas essa era talvez minha única chance de voltar para casa.
Já a poucos metros da cidade, vi formas humanas caminhando para diversas direções. Pelo menos de longe não pareciam com monstros demoníacos e hostis, sedentos de sangue e carne fresca, que vieram à minha mente. Isso aumentou minhas esperanças por um curto período de tempo, pois logo percebi que as imensas colunas não se tratavam de prédios e sim de diamantes azuis. Em outras palavras, não era exatamente uma cidade. Mas ainda existia vida inteligente. Só me restava saber se eles estariam dispostos a ajudar.
Ao entrar na tal “cidade”, vi a forma de vida humanóide. Eram muito semelhantes aos humanos, porém uma sombra cobria seu corpo deixando apenas pequenos detalhes escapar. Detalhes como: braços, pernas e um pouco da cintura e em alguns dos ombros. Mas os rostos estavam totalmente cobertos pela escuridão. Elas se assustavam com seus reflexos produzidos pelos diamantes. Acho que eram os espectros das pessoas que se suicidaram.
Eu tentei pedir ajuda a elas, mas era ignorado. Nenhuma sequer me olhou. Era como se fosse invisível. Foi quando visualizei de longe um desses espectros sentado em uma pedra de diamante. Esse me pareceu bem familiar. Ao me aproximar confirmei minha teoria sobre esses seres vi Fernando. Mesmo com seu rosto e parte de seu corpo oculto, eu o reconheci. Corri até ele. Gritei por seu nome. Ele me olhou e por um tempo ficou me encarando com seu olhar, que não poderia ver, apenas imaginar pela forma como ele levantou a cabeça. Ajudei a refrescar sua mente me identificando. Demorou um pouco até ele me reconhecer dizendo de forma bem distorcida “Márcio?”, o meu nome. Ele se levantou e eu o abracei como se ele não estivesse realmente morto. Ele por outro lado não me abraçou. Apenas ficou parado, em pé. Disse novamente com sua voz distorcida que eu não deveria estar ali, pois não estava morto. Eu perguntei por que ele havia se suicidado. Sabia que seu sofrimento por ter perdido sua família era grande, mas a vida continua. Ele me olhou no rosto e disse que procurava por respostas e acabou encontrando apenas um deserto com outros sofredores que nem ele. Todos em busca das mesmas respostas que talvez nunca existam. Em seguida me encaminhou até o outro lado da cidade de diamantes. Chegamos até um diamante de cerca de três metros de altura e dois de largura e brilhava mais que os outros. O reflexo de Fernando produzido pelo diamante estava como ele era antes de se matar, com vida e sem aquele manto de sombra que cobria seu corpo. Ele sorria e dizia que deveria seguir e ir voltar a minha vida e nunca cometer o mesmo erro que ele cometeu. Despedi-me dele e atravessei o diamante. Estava voando em meio a um túnel de luzes azuis em alta velocidade. No fim dele tinha uma luz branca. Escutei uma voz feminina falando comigo. Ela me contava coisas que pareciam ser pessoais.
A luz ficava cada vez mais perto até que abri os olhos e me deparei com a luz de uma lâmpada no teto de um quarto branco. Pelos objetos que vi ao redor, deveria estar em um hospital. A voz feminina que não parava de falar vinha de uma enfermeira que estava de costas para mim. Ela tinha pele morena-clara e cabelos ondulados e compridos. Perguntei onde estava e ela se virou assustada como se eu fosse um cadáver voltando à vida. Logo em seguida ela chamou um médico e tudo foi explicado para mim.
Estive em coma por uns seis meses. Fui encontrado desacordado em meu apartamento por uns amigos e levado para lá.
Novamente tentaram convencer-me a abandonar aquele apartamento assombrado e neguei mais uma vez. Com fantasmas ou sem fantasmas ainda era um presente do meu melhor amigo e nunca deixaria outro morar lá. Às vezes presencio fenômenos estranhos, mas não me impressiono como antigamente. Talvez por agora conhecer o que é desconhecido para muitos. Moro lá até hoje, convivendo com aqueles que procuraram respostas do outro lado e só encontraram dor e sofrimento. Confesso que já pensei em me matar, mas quando me mudei para cá, aprendi que só há respostas na vida.
quarta-feira, novembro 01, 2006
O CAMINHO - Conto
Natália possui uma estranha habilidade que nem ela consegue compreender... Ela possui a capacidade de se comunhicar com os mortos. Porém, cansada de sofrer preconceito e ser chamada de louca, decide mudar sua vida e tentar se tornar uma pessoa normal. Mas uma grande ironia espera por ela na Fuga da Sanidade!
O CAMINHO Por Rodrigo Carvalho®
A vergonha ainda incomodava Natália quando ela se lembrava que suas amigas da faculdade a pegaram falando sozinha no banheiro. Duas tentaram rir, mas se controlaram e as outras três ficaram apenas impressionadas com o possível distúrbio mental de Natália. Na verdade, elas nunca foram realmente amigas, eram apenas colegas que estudavam juntas e às vezes trocavam umas palavras que não tinham ligação alguma com o estudo. Mas Natália sempre soube disso e se elas já não eram tão amigas, agora é que não serão mesmo, porque não demoraria muito para que toda a faculdade soubesse do ocorrido no banheiro. Diferente do que pode aparentar, Natália era muito conhecida pela faculdade, mas não tinha amigos, ela apenas se destacava pelo seu jeito estranho, ou como muitos a definiam: louca.
Faz apenas algumas horas que isso ocorreu e Natália refletia no ônibus. Ela sabia que apesar de acharem que estava falando sozinha, ela não estava. Natália conversava com o espírito de um homem que havia acabado de sofrer um acidente de carro e falecera na UTI. Ele não acreditava que havia morrido e estava muito confuso. Natália, um pouco assustada – afinal, havia pouco tempo que ela decidira aprimorar seu dom – conversou com ele da melhor maneira que pôde. Disse que havia sofrido uma fatalidade e que deveria seguir seu caminho para além da luz. O espírito então, aceitou sua atual condição e partiu para sempre, deixando uma mulher e três filhos pequenos.
Apesar de Natália ter descoberto esse dom aos 10 anos, ela sempre teve medo e por isso nunca aprimorou. Porém, um dia ela ajudou um cego a atravessar a rua e este disse “se você pode me conduzir pelo caminho certo, porque não faz isso com os espíritos atormentados que te procuram todas as noites?”. Natália não sabia como ele tinha conseguido essa informação, mas o que acabara de ouvir abriu sua mente para novos planos sobre sua mediunidade.
O cego, que aparentava ter uns 60 anos e se chamava Abraão, disse que também era médium e poderia ajudar-lhe a aprimorar sua habilidade. Natália refletiu bastante e decidiu aceitar a oferta e aos sábados, sempre durante à tarde, estudava com seu novo mentor. Ela aprendeu a temer o medo, a conversar com os espíritos e a vê-los em todos os lugares como se fossem pessoas comuns.
Infelizmente Abraão não pôde terminar de instruir sua aluna porque sofreu um derrame e veio a falecer poucos meses depois. Ele não era só um professor para Natália, mas também seu único amigo e a única pessoa que a entendia. Sem o velho Abraão, Natália começou e se afastar de seus estudos mediúnicos e tentou várias vezes fazer com que os espíritos a deixassem em paz, porque agora ela quer ser normal como todo mundo. Porém, essa habilidade vai acompanhá-la pelo resto da vida e ela sabe disso, sabe que por mais que os ignore, em todo lugar que ela irá um ou dois irão visitá-la pedindo para que lhes mostre o caminho que devem seguir. Mas não adianta, raramente ela pára para conversar com algum deles. E depois da cena no banheiro da faculdade, decide nunca mais conversar com ninguém que não seja de carne-e-osso.
Ao chegar em casa viu um senhor mendigo dentro do seu quarto dizendo que estava muito confuso e precisava saber para onde seguir agora. Ela ignorou-o, como havia decidido. Ignorou também uma mulher que havia morrido de câncer há poucos minutos e não aceitava sua nova condição. O mesmo foi para um rapaz que morreu de overdose, uma garota que foi atropelada, um homem que morreu de aids e até um garotinho que estava no banheiro. Ele havia sido espancado até a morte pelo padrasto bêbado, cujo único motivo era ciúmes da mãe. Havia até assistido a matéria no jornal local. Esse ela ainda teve pena, mas virou o rosto logo em seguida.
Claro que já estava bastante incomodada com todos aqueles espíritos por perto e com sua paciência passando dos limites, Natália gritou com eles dizendo “Vocês estão mortos! Deixem-me viver em paz e sumam da minha casa!”. Com a eficiência de sua atitude, Natália diz a si mesma que deveria ter agido assim antes, porque logo em seguida todos foram embora.
Os dias se passaram e poucos espíritos ainda a procuravam. Ela sabia que se ignorasse todos, logo parariam de procurá-la completamente. E foi o que houve. Quando Natália acordou para ir à faculdade, não viu ninguém, nem nas ruas e nem na faculdade. Só aquelas pessoas vivas de sempre. Natália quase não acreditou, mas com o decorrer do dia viu que sua suposição estava certa: todos os espíritos haviam decidido deixá-la em paz.
No dia seguinte ela acordou e nenhum espírito como no dia anterior. Os tempos foram passando e ela já se considerava uma pessoa normal. Estava até perdendo a fama de louca na faculdade e se tornou uma pessoa mais sociável fazendo algumas amizades. Mais tarde já era convidada para festas e recebera várias propostas de namoro causando inveja em algumas garotas. Finalmente conseguiu a vida que sempre sonhou.
Foi convidada para o aniversário de um amigo numa bela casa no centro da cidade. Ela não poderia faltar porque toda a turma estaria lá. Estava louca para conhecer pessoalmente o primo do aniversariante, um rapaz que havia chamado sua atenção num churrasco de domingo na casa desse mesmo amigo. Ela pensava nele quando os pêlos de seu corpo se arrepiaram e algum ponto desconhecido do seu cérebro percebeu a presença de outra pessoa em casa. Não era vivo, ela sabia e a ao olhar para trás viu aquele mesmo garotinho que havia sido assassinado encostado na porta fazendo um sinal para que ela se aproximasse. Ela virou o rosto ignorando-o e ao olhar novamente para a porta ele ainda continuava na mesma posição. Ela, com raiva disse “Sinto muito pela sua morte, mas saiba que não posso fazer mais nada. Você tem que aprender a encontrar seu próprio caminho e me deixar em paz porque agora sou uma pessoa normal e nenhum fantasma vai estragar isso. Agora vá embora e não me procure mais porque nunca vou te ajudar entendeu?”. Ao dizer isso o garotinho desapareceu deixando apenas a lembrança daqueles olhos tristes que comoviam Natália, mesmo ela querendo demonstrar o contrário. Em seguida, ela terminou de se aprontar e foi para a festa.
A noite foi boa. Conheceu o rapaz que havia se interessado, fez novas amizades, bebeu muito e riu com seus novos amigos. Porém já se passavam das cinco da manhã e ela se lembrou que tem uma casa para morar. Pegou uma carona com uns amigos totalmente bêbados. Estavam em alta velocidade e o motorista não prestou a atenção no sinal vermelho e não viu quando um ônibus entrou na porta do carona com um impacto de 60 km/h. Todos que estavam no carro ficaram gravemente feridos e Natália, que estava no banco do passageiro, faleceu nos braços de um para-médico.
A última coisa que viu foi o rosto do para-médico tentando reanimá-la. Depois ela perdeu a audição e tudo ficou escuro. Já não sentia mais seu corpo e após alguns segundos se via novamente em pé a alguns metros do local do acidente. Viu seu corpo e os seus amigos feridos sendo levados pelas ambulâncias.“Não pode ser verdade! Eu só tenho 22 anos! Tenho planos para o futuro! Quero me formar, casar, ter filhos. Não, meu Deus, não...”. O garoto voltou a aparecer na frente dela. Balançou a cabeça num gesto negativo e disse “Tentei te avisar, mais você me ignorou...Sinto muito.”, em seguida uma luz surgiu atrás de seu corpo. Ao olhar para a luz disse “Finalmente encontrei!”. Ele atravessa a luz e desaparece. Natália tentou alcançá-lo dizendo apavorada. “Não, espere! Para onde eu vou agora? Como encontro meu caminho? O que eu vou fazer? Me ajude, por favor!”. Natália então se tornou um espírito perdido no mundo dos vivos sem saber para onde ir e sem ter ninguém que possa auxiliá-la a encontrar seu caminho.
O CAMINHO Por Rodrigo Carvalho®
A vergonha ainda incomodava Natália quando ela se lembrava que suas amigas da faculdade a pegaram falando sozinha no banheiro. Duas tentaram rir, mas se controlaram e as outras três ficaram apenas impressionadas com o possível distúrbio mental de Natália. Na verdade, elas nunca foram realmente amigas, eram apenas colegas que estudavam juntas e às vezes trocavam umas palavras que não tinham ligação alguma com o estudo. Mas Natália sempre soube disso e se elas já não eram tão amigas, agora é que não serão mesmo, porque não demoraria muito para que toda a faculdade soubesse do ocorrido no banheiro. Diferente do que pode aparentar, Natália era muito conhecida pela faculdade, mas não tinha amigos, ela apenas se destacava pelo seu jeito estranho, ou como muitos a definiam: louca.
Faz apenas algumas horas que isso ocorreu e Natália refletia no ônibus. Ela sabia que apesar de acharem que estava falando sozinha, ela não estava. Natália conversava com o espírito de um homem que havia acabado de sofrer um acidente de carro e falecera na UTI. Ele não acreditava que havia morrido e estava muito confuso. Natália, um pouco assustada – afinal, havia pouco tempo que ela decidira aprimorar seu dom – conversou com ele da melhor maneira que pôde. Disse que havia sofrido uma fatalidade e que deveria seguir seu caminho para além da luz. O espírito então, aceitou sua atual condição e partiu para sempre, deixando uma mulher e três filhos pequenos.
Apesar de Natália ter descoberto esse dom aos 10 anos, ela sempre teve medo e por isso nunca aprimorou. Porém, um dia ela ajudou um cego a atravessar a rua e este disse “se você pode me conduzir pelo caminho certo, porque não faz isso com os espíritos atormentados que te procuram todas as noites?”. Natália não sabia como ele tinha conseguido essa informação, mas o que acabara de ouvir abriu sua mente para novos planos sobre sua mediunidade.
O cego, que aparentava ter uns 60 anos e se chamava Abraão, disse que também era médium e poderia ajudar-lhe a aprimorar sua habilidade. Natália refletiu bastante e decidiu aceitar a oferta e aos sábados, sempre durante à tarde, estudava com seu novo mentor. Ela aprendeu a temer o medo, a conversar com os espíritos e a vê-los em todos os lugares como se fossem pessoas comuns.
Infelizmente Abraão não pôde terminar de instruir sua aluna porque sofreu um derrame e veio a falecer poucos meses depois. Ele não era só um professor para Natália, mas também seu único amigo e a única pessoa que a entendia. Sem o velho Abraão, Natália começou e se afastar de seus estudos mediúnicos e tentou várias vezes fazer com que os espíritos a deixassem em paz, porque agora ela quer ser normal como todo mundo. Porém, essa habilidade vai acompanhá-la pelo resto da vida e ela sabe disso, sabe que por mais que os ignore, em todo lugar que ela irá um ou dois irão visitá-la pedindo para que lhes mostre o caminho que devem seguir. Mas não adianta, raramente ela pára para conversar com algum deles. E depois da cena no banheiro da faculdade, decide nunca mais conversar com ninguém que não seja de carne-e-osso.
Ao chegar em casa viu um senhor mendigo dentro do seu quarto dizendo que estava muito confuso e precisava saber para onde seguir agora. Ela ignorou-o, como havia decidido. Ignorou também uma mulher que havia morrido de câncer há poucos minutos e não aceitava sua nova condição. O mesmo foi para um rapaz que morreu de overdose, uma garota que foi atropelada, um homem que morreu de aids e até um garotinho que estava no banheiro. Ele havia sido espancado até a morte pelo padrasto bêbado, cujo único motivo era ciúmes da mãe. Havia até assistido a matéria no jornal local. Esse ela ainda teve pena, mas virou o rosto logo em seguida.
Claro que já estava bastante incomodada com todos aqueles espíritos por perto e com sua paciência passando dos limites, Natália gritou com eles dizendo “Vocês estão mortos! Deixem-me viver em paz e sumam da minha casa!”. Com a eficiência de sua atitude, Natália diz a si mesma que deveria ter agido assim antes, porque logo em seguida todos foram embora.
Os dias se passaram e poucos espíritos ainda a procuravam. Ela sabia que se ignorasse todos, logo parariam de procurá-la completamente. E foi o que houve. Quando Natália acordou para ir à faculdade, não viu ninguém, nem nas ruas e nem na faculdade. Só aquelas pessoas vivas de sempre. Natália quase não acreditou, mas com o decorrer do dia viu que sua suposição estava certa: todos os espíritos haviam decidido deixá-la em paz.
No dia seguinte ela acordou e nenhum espírito como no dia anterior. Os tempos foram passando e ela já se considerava uma pessoa normal. Estava até perdendo a fama de louca na faculdade e se tornou uma pessoa mais sociável fazendo algumas amizades. Mais tarde já era convidada para festas e recebera várias propostas de namoro causando inveja em algumas garotas. Finalmente conseguiu a vida que sempre sonhou.
Foi convidada para o aniversário de um amigo numa bela casa no centro da cidade. Ela não poderia faltar porque toda a turma estaria lá. Estava louca para conhecer pessoalmente o primo do aniversariante, um rapaz que havia chamado sua atenção num churrasco de domingo na casa desse mesmo amigo. Ela pensava nele quando os pêlos de seu corpo se arrepiaram e algum ponto desconhecido do seu cérebro percebeu a presença de outra pessoa em casa. Não era vivo, ela sabia e a ao olhar para trás viu aquele mesmo garotinho que havia sido assassinado encostado na porta fazendo um sinal para que ela se aproximasse. Ela virou o rosto ignorando-o e ao olhar novamente para a porta ele ainda continuava na mesma posição. Ela, com raiva disse “Sinto muito pela sua morte, mas saiba que não posso fazer mais nada. Você tem que aprender a encontrar seu próprio caminho e me deixar em paz porque agora sou uma pessoa normal e nenhum fantasma vai estragar isso. Agora vá embora e não me procure mais porque nunca vou te ajudar entendeu?”. Ao dizer isso o garotinho desapareceu deixando apenas a lembrança daqueles olhos tristes que comoviam Natália, mesmo ela querendo demonstrar o contrário. Em seguida, ela terminou de se aprontar e foi para a festa.
A noite foi boa. Conheceu o rapaz que havia se interessado, fez novas amizades, bebeu muito e riu com seus novos amigos. Porém já se passavam das cinco da manhã e ela se lembrou que tem uma casa para morar. Pegou uma carona com uns amigos totalmente bêbados. Estavam em alta velocidade e o motorista não prestou a atenção no sinal vermelho e não viu quando um ônibus entrou na porta do carona com um impacto de 60 km/h. Todos que estavam no carro ficaram gravemente feridos e Natália, que estava no banco do passageiro, faleceu nos braços de um para-médico.
A última coisa que viu foi o rosto do para-médico tentando reanimá-la. Depois ela perdeu a audição e tudo ficou escuro. Já não sentia mais seu corpo e após alguns segundos se via novamente em pé a alguns metros do local do acidente. Viu seu corpo e os seus amigos feridos sendo levados pelas ambulâncias.“Não pode ser verdade! Eu só tenho 22 anos! Tenho planos para o futuro! Quero me formar, casar, ter filhos. Não, meu Deus, não...”. O garoto voltou a aparecer na frente dela. Balançou a cabeça num gesto negativo e disse “Tentei te avisar, mais você me ignorou...Sinto muito.”, em seguida uma luz surgiu atrás de seu corpo. Ao olhar para a luz disse “Finalmente encontrei!”. Ele atravessa a luz e desaparece. Natália tentou alcançá-lo dizendo apavorada. “Não, espere! Para onde eu vou agora? Como encontro meu caminho? O que eu vou fazer? Me ajude, por favor!”. Natália então se tornou um espírito perdido no mundo dos vivos sem saber para onde ir e sem ter ninguém que possa auxiliá-la a encontrar seu caminho.
sábado, setembro 23, 2006
APOCALIPSE?
"Digno és tu de receber o livro e de abrir seus selos, pois foste imolado e, por teu sangue, resgataste para Deus, homens de toda a tribo, língua, povo e nação. Deles fizeste, para nosso Deus, uma Realeza e Sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra" - Apocalipse 5-6
será que realmente estamos no fim dos tempos ou isso é só mais uma estratégia da igreja para seguirmos seus dogmas? Pensem nisso crianças
[]'s
The Man Comes Around
Johnny Cash
Composição: Indisponível
And I heard, as it were, the noise of thunder:
One of the four beasts saying: "Come and see."
And I saw.
And behold, a white horse.
There's a man going around taking names
And he decides who to free and who to blame
Everybody won't be treated all the same
There'll be a golden ladder reaching down
When the Man comes around
The hairs on your arm will stand up
At the terror in each sip and in each sup
Will you partake of that last offered cup?
Or disappear into the potter's ground
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling, voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
Till Armageddon no shalam, no shalom
Then the father hen will call his chickens home
The wise man will bow down before the thrown
And at His feet they'll cast their golden crowns
When the Man comes around
Whoever is unjust let him be unjust still
Whoever is righteous let him be righteous still
Whoever is filthy let him be filthy still
Listen to the words long written down
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling and voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
In measured hundred weight and penny pound
When the Man comes around.
And I heard a voice in the midst of the four beasts,
And I looked and behold: a pale horse.
And his name, that sat on him, was Death.
And Hell followed with him.
The Man Comes Around (tradução)
Johnny Cash
Composição: Indisponível
E ouvi, como era, o som do trovão
Uma das quatro bestas dizendo:
"Venha e veja" e eu vi, e contemplei
Um cavalo branco
Há um homem por aí anotando nomes
E ele decide quem está livre e quem é culpado
Todos não serão tratados do mesmo jeito
Haverá uma escada dourada que alcança o chão
Quando o Homem chegar
Os pêlos de seu braços vão se arrepiar
Com terror em cada gole e cada mordida
Você compartilhará daquele último copo oferecido ?
Ou desaparecerá na terra do ceramista
Quando o Homem chegar
Ouça as trombetas, ouça as flautas
Cem milhões de anjos cantando
Multitudões estão marchando para o grande timbale*
Vozes chamando, vozes chorando
Alguns estão nascendo e outros morrendo
É o reino do Alpha e do Omega que está vindo
E a ventania está na árvore de espinhos
As virgens estão todas arrumando seus pavios
E a ventania está na árvore de espinhos
Até o armageddon nenhum shalam, nenhum shalom
Então o pai chamará suas galinhas para casa
O homem sábio irá se curvar diante da coroa
E ao Seus pés jogarão suas coroas douradas
Quando o Homem chegar
Quem for injusto, deixe-o ser injusto
Quem for correto, deixe-o ser correto
Quem for imundo, deixe-o ser imundo
Escute as palavras escritas há muito tempo
Quando o Homem chegar
E ouvi uma voz no meio das quatro bestas
Olhei e contemplei um cavalo pálido
E o nome escrito nele era "morte"
E o inferno veio com ele
será que realmente estamos no fim dos tempos ou isso é só mais uma estratégia da igreja para seguirmos seus dogmas? Pensem nisso crianças
[]'s
The Man Comes Around
Johnny Cash
Composição: Indisponível
And I heard, as it were, the noise of thunder:
One of the four beasts saying: "Come and see."
And I saw.
And behold, a white horse.
There's a man going around taking names
And he decides who to free and who to blame
Everybody won't be treated all the same
There'll be a golden ladder reaching down
When the Man comes around
The hairs on your arm will stand up
At the terror in each sip and in each sup
Will you partake of that last offered cup?
Or disappear into the potter's ground
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling, voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
Till Armageddon no shalam, no shalom
Then the father hen will call his chickens home
The wise man will bow down before the thrown
And at His feet they'll cast their golden crowns
When the Man comes around
Whoever is unjust let him be unjust still
Whoever is righteous let him be righteous still
Whoever is filthy let him be filthy still
Listen to the words long written down
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling and voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
In measured hundred weight and penny pound
When the Man comes around.
And I heard a voice in the midst of the four beasts,
And I looked and behold: a pale horse.
And his name, that sat on him, was Death.
And Hell followed with him.
The Man Comes Around (tradução)
Johnny Cash
Composição: Indisponível
E ouvi, como era, o som do trovão
Uma das quatro bestas dizendo:
"Venha e veja" e eu vi, e contemplei
Um cavalo branco
Há um homem por aí anotando nomes
E ele decide quem está livre e quem é culpado
Todos não serão tratados do mesmo jeito
Haverá uma escada dourada que alcança o chão
Quando o Homem chegar
Os pêlos de seu braços vão se arrepiar
Com terror em cada gole e cada mordida
Você compartilhará daquele último copo oferecido ?
Ou desaparecerá na terra do ceramista
Quando o Homem chegar
Ouça as trombetas, ouça as flautas
Cem milhões de anjos cantando
Multitudões estão marchando para o grande timbale*
Vozes chamando, vozes chorando
Alguns estão nascendo e outros morrendo
É o reino do Alpha e do Omega que está vindo
E a ventania está na árvore de espinhos
As virgens estão todas arrumando seus pavios
E a ventania está na árvore de espinhos
Até o armageddon nenhum shalam, nenhum shalom
Então o pai chamará suas galinhas para casa
O homem sábio irá se curvar diante da coroa
E ao Seus pés jogarão suas coroas douradas
Quando o Homem chegar
Quem for injusto, deixe-o ser injusto
Quem for correto, deixe-o ser correto
Quem for imundo, deixe-o ser imundo
Escute as palavras escritas há muito tempo
Quando o Homem chegar
E ouvi uma voz no meio das quatro bestas
Olhei e contemplei um cavalo pálido
E o nome escrito nele era "morte"
E o inferno veio com ele
terça-feira, agosto 29, 2006
REFLITAM SOBRE ISSO :)
Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
- Companheiro, você entende de leis?
- Não. - Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
- É pena, você perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa:
- Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?
- Também não. - Responde o remador.
- Que pena! - Condói-se a mestra - Você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado pergunta:
- Vocês sabem nadar?
- Não! - Responderam eles rapidamente.
- Então é pena - Conclui o barqueiro - Vocês perderam toda a vida!
- Companheiro, você entende de leis?
- Não. - Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
- É pena, você perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa:
- Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?
- Também não. - Responde o remador.
- Que pena! - Condói-se a mestra - Você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado pergunta:
- Vocês sabem nadar?
- Não! - Responderam eles rapidamente.
- Então é pena - Conclui o barqueiro - Vocês perderam toda a vida!
domingo, agosto 13, 2006
TECNICOLOR
Alguma vez você já se identificou com algum personagem de filme e torceu para que tudo desse certo para ele no final? Para que ele vencesse o vilao, ficasse com a mocinha, ficasse rico, famoso, etc. Você também acha que o cinema é um reflexo de nossos desejos e sonhos? Acha que as pessoas buscam o cinema como fuga da realidade, só para sentirem um pouco do sucesso dos personagens com quem se identificam?
[]'s
Tecnicolor
Mutantes
Composição: (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sérgio Dias)
Please don't you ever ask me things I wouldn't like to talk about
It's time to get in touch with things, we always used to dream about
I'll take a train in technicolor
Come along be nice to me my girl
Through the window, the nice thing on earth will pass by
Moving slowly
Through the wide screen I'm gonna see me kissing you babe
In tecnicolor
Oh ! What a nice film we would be, if only you could come with me
It's time to get in touch with things we only used to care about
I'll take a train in technicolor
Come along be nice to me my girl
Through the window, the nice thing on earth will pass by
Moving slowly
Through the wide screen I'm gonna see me kissing you babe
In tecnicolor
In tecnicolor
(Traducão)
Por favor nunca me pergunte sobre coisas que nao gostaria de falar
É tempo de conseguirmos coisas que sempre sonhávamos
Vou pegar um trem na tecnicolor
Será bom para mim se vier junto, minha garota
Através da janela a coisa boa na Terra irá passar
Movendo-se lentamente
Através da tela larga me verei beijando você querida
Na tecnicolor
Oh! Como estaríamos num bom filme se você só poderia voltar comigo?
É tempo de conseguirmos apenas as coisas que cuidávamos
Vou pegar um trem na tecnicolor
Será bom para mim se vier junto, minha garota
Através da janela a coisa boa na Terra irá passar
Movendo-se lentamente
Através da tela larga me verei beijando você querida
Na tecnicolor
Na tecnicolor
sexta-feira, agosto 11, 2006
O HOMEM MAIS RICO NA BABILÔNIA
ARTISTA: THIEVERY CORPORATION
THE RICHEST MAN IN BABYLON (O HOMEM MAIS RICO NA BABILÔNIA)
Não há nenhuma orientação em seu reino
Na sua caminhada perigosa na Babilônia
Não há valor para a sua liberdade
O homem mais rico na Babilônia
Seus mendigos dormem na entrada de sua porta
Seus profetas ficam a imaginar
O homem mais triste na Babilônia
O mau cheiro da maldosa exploração
Permanece no ar e deixa sua marca
Sob os aplausos e admiração
O homem mais fraco na Babilônia
Não há mais esperança restando no seu reino
Seus súditos destruiram todos os seus sons
Ninguém aqui recordar-se da liberdade
O homem mais rico na Babilônia
original (inglês)
There is no quidance in your kingdom
Your wicked walk in Babylon
There is no wisdom to your freedom
The richest man in babylon
Your beggars sleep outside your doorway
Your prophets leave to wonder on
You fall asleep at night with worry
The saddest man in Babylon
The wicked stench of exploitation
Hangs in the air and fingers on
Beneath the praise and admiration
The weakest man in Babylon
There is no hope left in your kingdom
Your servants have burned all their songs
Nobody here remembers freedom
The richest man in Babylon
terça-feira, julho 18, 2006
O RIO
Certo aprendiz tinha dificuldade para lidar com os outros, certo dia seu mestre o levou até um caudaloso rio e seguiu se o diálogo abaixo:
mestre: O que vê?
aprendiz: um rio caudaloso
mestre: segure-o
aprendiz: mestre, isto é impossível..
então o mestre se abaixou, e encheu um jarro com água, estendendo-o para o aprendiz, que o segurou prontamente. O mestre olhou nos olhos do aprendiz e disse:
- Você pode segurar uma parte do rio,se ela estiver separada dele, mas se esta água se unir ao rio novamente, nem um exército poderá deté-la.
mestre: O que vê?
aprendiz: um rio caudaloso
mestre: segure-o
aprendiz: mestre, isto é impossível..
então o mestre se abaixou, e encheu um jarro com água, estendendo-o para o aprendiz, que o segurou prontamente. O mestre olhou nos olhos do aprendiz e disse:
- Você pode segurar uma parte do rio,se ela estiver separada dele, mas se esta água se unir ao rio novamente, nem um exército poderá deté-la.
quinta-feira, junho 22, 2006
AMIGOS VITUAIS
No momento estou online; conectado a um mundo com bastante informaçao para pesquisa, muitas possibilidades de emprego e diversão. Mas como todo ser humano,eu também tenho que ser sociável e conhecer pessoas. Em decadas passadas deveria sair de casa e ir a uma festa ou evento. Mas graças a esse novo mundo, posso fazer isso sem sair de casa! Basta eu entrar em sites de relacionamento para conhecer pessoas novas e/ou rever vários amigos. No meu orkut tenho mais de 100 amigos adicionados e e uns 37 fãs! Nunca me senti tão sociável! Conheço pessoas que tem muito mais amigos e fãs do que eu. Bom saber que graças a INTERNET ninguém mais está sozinho. Daqui a alguns anos a palavra solidao poderá desaparecer do nosso vocabulário.
Se voces também concordam com o que disse acima saibam que estao muito enganados...
Na verdade tudo isso nao passa de uma grande ilusao. Com a INTERNET estamos mais sozinhos do que nunca. Eu posso estar conectado a milhoes de pessoas, mas onde elas estao? Será que meus fãs no orkut, realmente me adimiram ou apenas se dizem fãs? Dos meus mais de 100 "amigos" quantos realmente me conhecem? Você leitor(a), olhe para os lados. Onde estao os seus amigos e fãs? Se é que eles existem mesmo. Você está sozinho em casa enquanto existe um mundo real lá fora com pessoas de carne-e-osso com sorrisos diversos que sao bem diferentes desses ---> :) ou desses ---> :D. Um mundo com muita diversao, dinheiro, perigo, oportunidades, sexo... e tudo de VERDADE! Por isso acordem desse sonho e pensem em tudo que voces estao perdendo presos a esse mundo virtual.
Despertem e pensem nisso crianças!
domingo, junho 11, 2006
MAIS UMA DE MINHAS "VIAGENS"...
Faz um tempao que nao atualizo esse blog. Mas a culpa nao é só minha, é aquela porra de faculdade que mandou os monitores bloquearem até o blogspot. Mas mudando de assunto, vou falar de mais uma de minhas viagens.
Uma vez, acho que ano passado, tive um sonho bem interessante e que dá uma excelente estória! As vezes tenho sonhos desse tipo e costumo anotá-los quando acordo.
Bem, vamos ao sonho...
Um garoto chamado Willian, de uma familia de classe média alta, tinha tudo o que um rapaz de sua idade poderia querer: bons amigos, dinheiro para se divertir, garotas... porém algo o deixava incomodado. Ele nao contava o que era, mas parecia que procurava alguma coisa, algo que para ele parecia ter mais valor que tudo ao seu redor. Sua família começou a se preocupar, pois ele já dedicava sua vida a para encontrar isso, seja lá o que for. Entao eles começaram a achar que ele gostaria de aventuras...
Era quase tradiçao um filho de uma geraçao se tornar militar. Porém, se dependesse de Willian, este nao seria ele. Mas ele era o único filho que nao tinha ainda uma prespectiva de vida. Seus pais entao descidiram que ele seria o militar desta geraçao. Claro que ele nao gostou dessa decisao e tentou se opor a seu pai. Mas sua mae convenceu-o dizendo que lá talvez ele encontrasse o que procurava. Ele, entao, quase contra sua vontade aceitou.
Fez bons amigos na escola militar e até arranjou uma namorada que se importava muito com ele, seu nome era Valéria . Mas mesmo assim, ainda nao conseguia se adaptar aquela vida. Nao só pelo fato de nao querer ser militar, mas também por ainda nao encontrar o que procurava...
Sua namorada e amigos estavam ficando preocupados achando que ele estava ficando louco. Mas ele dizia que nao era louco e só descansaria quando encontrasse o que procurava. Chegou até a discutir com Valéria e deixa-lá chorando no quarto.
Depois de tal discussao, decidiu que deveria fugir dali, abandonar tudo e ir atras do que procurava. Foi entao que no dia seguinte pegou algumas roupas e fugiu coma ajuda de um amigo.
Seus amigos e familiares preocupados começaram a procurá-lo. Sua mae estava com poucas esperanças de que o filho voltasse, mas num dia pela manha, seu desejo de rever o filho foi satisfeito. Ele voltara para casa dizendo que finalmente encontrara o que procurava. Sua mae em lágrimas o abraçou feliz e perguntou o que ele tanto procurava. "Queria ver a luz do sol", respondeu Willian."Meu filho eu nao estou entendendo... voce pode ver a luz do sol tod dia!", disse a mae confusa."Nao mae, nunca vi a luz do sol e nem voce! Esse sol que conhecemos nao é verdadeiro...Nós nao existimos! Somos apenas um sonho de alguém...", disse Willian. "Meu filho nao diga essas coisas!Vao pensar que voce é louco! Claro que existimos. Temos um passado... uma vida!Isso nao pode ser um simples sonho!", exclamou sua mae.ëu sei que é difcl de acreditar, mas é verdade eu sei... olhe mae está amanhecendo... finalmente verei a luz do sol...", disse Willian. Nesse momento eu(Rodrigo) acordei e ainda sonolente e deitado na cama pude ver o rosto de Willian na tela da tv do meu quarto olhando feliz a luz do sol que refletia na tela do aparelho. Mesmo sabendo que ele, sua familia, seus amigos e tudo que conhecia nunca mais iria existir, Willian estava feliz porque finalmente realizou seu maoir desejo; ver a luz do sol, do verdadeiro sol.
Estranho, sei... mas juro que tive mesmo esse sonho.
[]'s a até a proxima!
Uma vez, acho que ano passado, tive um sonho bem interessante e que dá uma excelente estória! As vezes tenho sonhos desse tipo e costumo anotá-los quando acordo.
Bem, vamos ao sonho...
Um garoto chamado Willian, de uma familia de classe média alta, tinha tudo o que um rapaz de sua idade poderia querer: bons amigos, dinheiro para se divertir, garotas... porém algo o deixava incomodado. Ele nao contava o que era, mas parecia que procurava alguma coisa, algo que para ele parecia ter mais valor que tudo ao seu redor. Sua família começou a se preocupar, pois ele já dedicava sua vida a para encontrar isso, seja lá o que for. Entao eles começaram a achar que ele gostaria de aventuras...
Era quase tradiçao um filho de uma geraçao se tornar militar. Porém, se dependesse de Willian, este nao seria ele. Mas ele era o único filho que nao tinha ainda uma prespectiva de vida. Seus pais entao descidiram que ele seria o militar desta geraçao. Claro que ele nao gostou dessa decisao e tentou se opor a seu pai. Mas sua mae convenceu-o dizendo que lá talvez ele encontrasse o que procurava. Ele, entao, quase contra sua vontade aceitou.
Fez bons amigos na escola militar e até arranjou uma namorada que se importava muito com ele, seu nome era Valéria . Mas mesmo assim, ainda nao conseguia se adaptar aquela vida. Nao só pelo fato de nao querer ser militar, mas também por ainda nao encontrar o que procurava...
Sua namorada e amigos estavam ficando preocupados achando que ele estava ficando louco. Mas ele dizia que nao era louco e só descansaria quando encontrasse o que procurava. Chegou até a discutir com Valéria e deixa-lá chorando no quarto.
Depois de tal discussao, decidiu que deveria fugir dali, abandonar tudo e ir atras do que procurava. Foi entao que no dia seguinte pegou algumas roupas e fugiu coma ajuda de um amigo.
Seus amigos e familiares preocupados começaram a procurá-lo. Sua mae estava com poucas esperanças de que o filho voltasse, mas num dia pela manha, seu desejo de rever o filho foi satisfeito. Ele voltara para casa dizendo que finalmente encontrara o que procurava. Sua mae em lágrimas o abraçou feliz e perguntou o que ele tanto procurava. "Queria ver a luz do sol", respondeu Willian."Meu filho eu nao estou entendendo... voce pode ver a luz do sol tod dia!", disse a mae confusa."Nao mae, nunca vi a luz do sol e nem voce! Esse sol que conhecemos nao é verdadeiro...Nós nao existimos! Somos apenas um sonho de alguém...", disse Willian. "Meu filho nao diga essas coisas!Vao pensar que voce é louco! Claro que existimos. Temos um passado... uma vida!Isso nao pode ser um simples sonho!", exclamou sua mae.ëu sei que é difcl de acreditar, mas é verdade eu sei... olhe mae está amanhecendo... finalmente verei a luz do sol...", disse Willian. Nesse momento eu(Rodrigo) acordei e ainda sonolente e deitado na cama pude ver o rosto de Willian na tela da tv do meu quarto olhando feliz a luz do sol que refletia na tela do aparelho. Mesmo sabendo que ele, sua familia, seus amigos e tudo que conhecia nunca mais iria existir, Willian estava feliz porque finalmente realizou seu maoir desejo; ver a luz do sol, do verdadeiro sol.
Estranho, sei... mas juro que tive mesmo esse sonho.
[]'s a até a proxima!
sexta-feira, maio 19, 2006
terça-feira, maio 16, 2006
ESTAGNAÇÃO OU VALORES DIFERENTES?
Semana passada, passei na frente do predio onde moram umas tias minhas por parte de mãe e conversei com o porteiro que trabalha lá desde que me entendo por gente. Ele já deve estar com uns cinquenta anos e continua naquele mesma portaria. Vocês devem estar se perguntando como alguém consegue trabalhar a vida inteira em algo monótono e sem aumento de salário? Deve ter tido algum aumento, claro, mas não deve ser muita coisa...
Tenho duas resposta para essa pergunta: a primeira foi a falta de oportunidades(ou disposição) para crescer. A segunda é de que simplesmente ele NÃO quer sair dali, porque não aspira grandes sonhos como muitos de nós de ser rico. Tem pessoas que gostam de viver de maneira simples e não podemos criticá-las, afinal de contas, a uma questao de valores que temos que levar em consideração!
Isso me lembrou a fábula do pescador onde um grande empresário questiona um pescador por ter grande habilidade e conhecimento sobre pesca e estar "desperdiçando" isso não progredindo na vida. Para o empresário, o pescador deveria aproveitar todo o seu conhecimento e abrir um negócio de pesca industrial, e com isso em alguns anos ele se tornaria rico e poderia apreciar o restante de sua vida vivendo de maneira mais confortável, apenas usufruindo dos lucros acumulados durante anos. Mas aí o pescador questiona porque ele gastaria anos se esforçando para viver de maneira confortavel se ele já havia alcançado todo o conforto que queria? Ele gastava apenas algumas horas pescando e depois ia dormir, brincar com os filhos, tomar banho no rio... Para ele, ISSO era o conforto que ele queria! Ele vivia numa casinha na beira do rio, mas tinha todo o alimento para ele e sua familia, educação e diversão para os filhos e era feliz. Já o empresário morava numa casa enorme, vivia trocando de carrões, mas provalvemente tinha muito problemas causados pelo estresse do trabalho e isso poderia até mesmo estar influenciando na sua vida social e familiar. Em outras palavras, ele poderia não ser feliz mesmo com todos aqueles patrimônios e todo aquele dinheiro. Quem vocês preferiam ser? O empresário rico e infeliz ou o pescador humilde e feliz?
Pensem nisso crianças. Ás vezes nem sempre o que parece bom para nós é bom para os outros, e dinheiro nem sempre trás felicidade! Bom, não sei... do jeito que as coisas andam quem sabe talvez daqui a alguns anos seja possivel comprar felicidade em supermercardos! :)
[]'s
Tenho duas resposta para essa pergunta: a primeira foi a falta de oportunidades(ou disposição) para crescer. A segunda é de que simplesmente ele NÃO quer sair dali, porque não aspira grandes sonhos como muitos de nós de ser rico. Tem pessoas que gostam de viver de maneira simples e não podemos criticá-las, afinal de contas, a uma questao de valores que temos que levar em consideração!
Isso me lembrou a fábula do pescador onde um grande empresário questiona um pescador por ter grande habilidade e conhecimento sobre pesca e estar "desperdiçando" isso não progredindo na vida. Para o empresário, o pescador deveria aproveitar todo o seu conhecimento e abrir um negócio de pesca industrial, e com isso em alguns anos ele se tornaria rico e poderia apreciar o restante de sua vida vivendo de maneira mais confortável, apenas usufruindo dos lucros acumulados durante anos. Mas aí o pescador questiona porque ele gastaria anos se esforçando para viver de maneira confortavel se ele já havia alcançado todo o conforto que queria? Ele gastava apenas algumas horas pescando e depois ia dormir, brincar com os filhos, tomar banho no rio... Para ele, ISSO era o conforto que ele queria! Ele vivia numa casinha na beira do rio, mas tinha todo o alimento para ele e sua familia, educação e diversão para os filhos e era feliz. Já o empresário morava numa casa enorme, vivia trocando de carrões, mas provalvemente tinha muito problemas causados pelo estresse do trabalho e isso poderia até mesmo estar influenciando na sua vida social e familiar. Em outras palavras, ele poderia não ser feliz mesmo com todos aqueles patrimônios e todo aquele dinheiro. Quem vocês preferiam ser? O empresário rico e infeliz ou o pescador humilde e feliz?
Pensem nisso crianças. Ás vezes nem sempre o que parece bom para nós é bom para os outros, e dinheiro nem sempre trás felicidade! Bom, não sei... do jeito que as coisas andam quem sabe talvez daqui a alguns anos seja possivel comprar felicidade em supermercardos! :)
[]'s
quarta-feira, maio 03, 2006
SEM REMORSO - conto
Roberto era uma criança solitária que cresceu num lugar ruim onde sua única amiga era a revolta que crescia dentro de si. De que forma um trauma de infância afeta a personalidade de uma criança? Será que uma criança criada num lugar com muita violência acaba vendo-a como algo normal? Essas respostas nós poderemos encontrar na Fuga Da Sanidade.
SEM REMORSO Por Rodrigo Carvalho®
- Vamos Roberto...- disse uma voz suave e feminina vinda do espelho – deixe-me amostrar meu rosto...
- Não!- gritou o menino – eu não quero!
- Quer sim... – disse a voz – sabe que quer...
Gritos eram ouvidos da cozinha. Seus pais discutiam novamente e em poucos minutos ele ouviria seu pai batendo em sua mãe com socos e pontapés. Isso a fez perder seu irmãozinho.
- Está ouvindo... – disse a voz novamente – seu pai se aproveitará da fraqueza de sua mãe mais uma vez. Você gosta disso? Não te revolta o fato dele ter feito sua mãe perder o bebê?
- Sim... – disse o menino inocentemente.
- Eu posso mudar isso... – disse a voz – apenas me deixe amostrar o rosto...
- Não eu não quero! – gritou o garoto.
- Uma hora você irá se unir a mim...-disse a voz.
Os anos se passaram. Era noite de lua-cheia na cidade de Belém do PA. As trevas cobriam o céu dando lugar a profissionais da noite como vigias noturnos, policiais, prostitutas, etc.
Em um boteco perto do Terminal Rodoviário de São Bráz, uma figura misteriosa surgia como uma assombração na porta do bar.Estava trajando uma calça jeans clara, camisa branca, jaqueta preta e um chapéu vermelho. Em seus pés encontravam-se um par de tênis sujos.
A música alta não parecia incomodá-lo, apesar de detestar a “Jovem Guarda”. Após pedir uma cerveja, ele se sentou nos fundos como se não quisesse ser notado e realmente não estava. As prostitutas riam e se divertiam com as piadas eróticas contadas por velhos taxistas. Nenhuma delas era realmente bonita. O que se poderia encontrar por R$ 20,00?
Após dar o terceiro gole, a estranha figura nos fundos se afogou em pensamentos. Ele sabia que os jornais já haviam anunciado sua fuga do hospício de São Paulo e temia que alguém na rua o reconhecesse. Eles o chamavam de Noiva Sangrenta, pois mutilou mais de 20 pessoas em São Paulo vestindo um surrado vestido de noiva, que era de sua mãe antes dela cometer suicídio. Como arma usava uma foice, mas às vezes um machado ou uma faca.Ele já havia trabalhado como açougueiro e sabia bem como tratar carne.
Roberto (nome de batismo) havia acabado de chegar na cidade e só tinha trazido a lembrança de sua mãe - o que era fundamental para ele fazer seu trabalho direito.
Muitos achavam que ele não amava o próximo e por isso comete homicídios. Mas é aí que eles se enganavam. Ele também amava, não exatamente o próximo, mas mutilar o próximo. Também é uma forma de amar, diferente, mas é.
Estava escondido na casa de um dos seus fãs com quem conversava na INTERNET. Um rapaz que morava sozinho em uma casa em São Bráz. Ele teve a honra de receber seu ídolo e estava muito empolgado até o momento em que Roberto cortou sua garganta.
Roberto parou de sonhar acordado quando uma das prostitutas sentara em sua mesa e o encarava com um olhar sedutor dizendo:
- Homens misteriosos me atraem. Que tal se eu e você fossêmos nos divertir com essa sua vara entre as pernas? Só cobro R$ 10,00 pra você.
Ao levantar o rosto, Roberto viu uma mulher morena de cabelos negros e encaracolados. Tinha o rosto bonito e bastante maquiado que adicionado ao perfume barato e as jóias vagabundas dava uma beleza mórbida e vulgar.
- Claro! – respondeu Roberto friamente – a casa do meu amigo é bem aconchegante e tenho certeza de que ele não vai se importar.
- Então? Você é de fora?
- Sim, sou paulistano. Mas vamos logo ao que interessa.
Ambos saíram do boteco e se dirigiram a pé até o refúgio de Roberto. A prostituta não parava de falar. Ela dizia que seu nome era Cíntia e que veio do interior mais não conseguiu um bom emprego e terminou se prostituindo. Aos poucos ele foi se lembrando do passado. Lembrou-se de Amanda sua esposa que um dia ele jurou amar para sempre. Ela era bonita, jovem e tinha planos de se tornar advogada e ter filhos com Roberto. Tudo parecia perfeito na sua vida, vivia rodeada de bons amigos, tinha um bom emprego e ajuda do pai ,que por sinal adorava Roberto e o tratava como um filho. Lembrou-se também da sensação de felicidade e realização que teve quando descobriu que iria ser pai. Iria ser boa aquela vida que eles estavam construindo, mas isso já é passado.
Roberto voltou para o presente e olhou a prostituta que ainda falava muito. Avaliou seu corpo discretamente. Sua cintura era grande juntamente com sua barriga. Os seios eram grandes e caídos e suas nádegas grandes e bonitas, tão bonitas quanto suas pernas. Ela estava usando uma saia preta bem curta e uma blusa vermelha e pequena com a costa nua e os seios quase a amostra.
Ao chegarem na casa, eles se dirigiram ao quarto do ex-dono. Cíntia se despia na frente de Roberto que estava nu na cama. Ela montara nele e o sentia dentro dela.
Roberto sussurrava o nome de sua falecida esposa Amanda. Cíntia não ligava, apesar de achar um pouco estranho, mas isso fazia parte de seu trabalho.
Meia-hora depois eles pararam, pois Roberto dizia não se sentir muito bem e foi ao banheiro, mas na verdade foi ao outro quarto onde deixou suas coisas. Abriu sua mala e tirou o vestido de noiva de sua mãe. Já estava velho, surrado e um pouco sujo nas pontas o que já é característica do Noiva Sangrenta. Foi novamente atacado por lembranças com Amanda, só que dessa vez as lembranças não eram boas.
Ele a via conversando com Felipe, o vizinho. Um rapaz novo que morava com a mãe. Era bem admirado pelas moças do bairro pela sua beleza e carisma. Ele ajudava Amanda a trazer as compras do supermercado e dava dicas de como cuidar de uma criança, pois tinha um irmãozinho que tomava conta quando a mãe saia. Apesar da pouca de diferença de idade, eles pareciam formar um belo casal. Mas não era isso o que mais incomodava Roberto e sim o fato dele faze-la rir como ninguém, inclusive ele, fazia.
Amanda falava muito de Felipe para Roberto e isso só fazia seu ciúme e ódio pelo rapaz crescer. Ela percebia e brincava rindo e dizendo que era só um amigo e que era muito velha para ele. Roberto tentava acreditar nisso para não se incomodar, mas um dia seu ódio e ciúme chegou ao limite.
Havia surgido um boato na vizinhança. As pessoas diziam que quando Roberto saia para o trabalho, Felipe ia até sua casa e fazia amor com Amanda. O boato aumentou e chegaram a dizer que o filho que Amanda esperava era na verdade de Felipe.
Roberto ainda se lembra dos gritos de Amanda implorando para que não a matasse e jurando que nunca o traíra com ninguém e que o filho era dele. Mas Roberto não acreditou e abriu sua barriga para tirar o feto. Depois foi a vez de Felipe o quão foi encontrado brutalmente torturado e morto num terreno abandonado.
- Querido...- chamou a prostituta – você não vem?
Isso o trouxe de volta ao presente. Mas essas lembranças cheias de ódio, só fizeram aumentar seu desejo pelo que estava prestes a fazer. Vestiu o vestido surrado e em seguida pegou a faca de açougueiro escondida atrás do armário ainda um pouco suja com o sangue do seu fã morto e se preparou para mais uma mutilação.
Cíntia foi até a cozinha beber água e percebeu um pouco de sangue escorrendo do freezer. Decidiu ver o que tinha lá dentro. Ao ver o corpo mutilado do fã de Roberto, deu um grito que acordaria os vizinhos se eles não fossem uma soverteria fechada e uma casa para alugar.
Ela virou para trás com a intenção de fugir, mas deu de cara com Noiva Sangrenta em pé bloqueando a passagem. Ela implorou pela vida, mas ele a puxou pelo cabelo e a jogou na cama. Em seguida tapou sua boca com a mão esquerda – ela gritava muito e isso o incomodava. Tentava lutar mesmo sabendo que é inútil por que ele era mais forte. Seu olhar assustado seguido de lágrimas de desespero parecia muito com os de Amanda.
Noiva Sangrenta cortou o seio direito da prostituta lentamente e em seguida fez outros cortes em seu corpo. Batia muito em seu rosto. Cortou sua língua, suas orelhas e para terminar degolou seu pescoço rapidamente.
Agora ele via sua mais nova obra-prima sujando sua cama de sangue. Satisfeito empurrou o corpo da prostituta para a borda e se deitou.
Seu trabalho consumiu bastante esforço físico e Roberto se sentia cansado. Seu coração parava de bater aceleradamente e sua respiração ficava mais profunda até que ele finalmente dormiu.
Ele se via de volta a sua infância, revivendo uma das piores cenas de sua vida. Era natal e seus pais discutiam no quarto. O motivo era por que seu pai andava com amantes. Seu pai estava bêbado e começou a espancar sua mãe que gritava, e ele gritava mais alto, coisas como “Sua louca, retarda, vagabunda!” , mas a frase que mais marcou foi “Por sua culpa nosso filho é um retardado, como você!”. Ele já estava acostumado com aquelas brigas, mas o que seu pai disse o fez sofrer por dentro e ter um sentimento de revolta.
Mais tarde após a briga, sua mãe lhe chamou para a ceia. Ele viu seu rosto cheio de hematomas, e refletiu sobre a péssima figura paterna que tinha. No centro da mesa, uma bandeja o esperava escondendo o que acreditava ser o peru, só que dessa vez sua mãe tentou ser original e criativa.
Ao tirar a tampa, ele vê a cabeça de seu pai numa pequena poça de sangue e sua mãe diz sorridente “Ele nunca mais vai nos machucar querido, nunca mais!”.
Ele ficou impressionado, mas não chorou. Apenas correu assustado para o seu quarto. Lá tinha um espelho grande, mas no lugar de seu reflexo, via uma noiva. Ele, ainda assustado, perguntou:
- O que você quer?
- Não precisa ficar com raiva de mim, seu pai merecia aquilo – respondeu ela com uma voz suave e meiga.
- Acho que você tem razão – disse Roberto ainda um pouco nervoso - ele realmente merecia.
- Você não pode permitir que te maltratem.
- E você vai me ajudar?
- Claro, eu estou aqui para isso.Para ser o espírito rebelde de você e de sua mãe.
- Mas você não vai querer nada em troca?
- Claro, tudo tem seu preço, só que o meu é simples. Apenas deixe-me mostrar meu rosto.
- N-não, estou com medo.
- Ora, não precisa ter medo de mim, pois agora somos um só.
Após dizer isso, ela levanta o véu e Roberto tapa o rosto com as mãos.
- Vamos, olhe, não tem nada o que temer.
Com muita coragem, ele tira as mãos do rosto e olha para o rosto dela. Vê cenas de mutilação e outras formas de violência. Um sorriso surgiu em seu rosto e com muita admiração disse:
- Você é linda!
- Obrigada! Todos acham isso.
SEM REMORSO Por Rodrigo Carvalho®
- Vamos Roberto...- disse uma voz suave e feminina vinda do espelho – deixe-me amostrar meu rosto...
- Não!- gritou o menino – eu não quero!
- Quer sim... – disse a voz – sabe que quer...
Gritos eram ouvidos da cozinha. Seus pais discutiam novamente e em poucos minutos ele ouviria seu pai batendo em sua mãe com socos e pontapés. Isso a fez perder seu irmãozinho.
- Está ouvindo... – disse a voz novamente – seu pai se aproveitará da fraqueza de sua mãe mais uma vez. Você gosta disso? Não te revolta o fato dele ter feito sua mãe perder o bebê?
- Sim... – disse o menino inocentemente.
- Eu posso mudar isso... – disse a voz – apenas me deixe amostrar o rosto...
- Não eu não quero! – gritou o garoto.
- Uma hora você irá se unir a mim...-disse a voz.
Os anos se passaram. Era noite de lua-cheia na cidade de Belém do PA. As trevas cobriam o céu dando lugar a profissionais da noite como vigias noturnos, policiais, prostitutas, etc.
Em um boteco perto do Terminal Rodoviário de São Bráz, uma figura misteriosa surgia como uma assombração na porta do bar.Estava trajando uma calça jeans clara, camisa branca, jaqueta preta e um chapéu vermelho. Em seus pés encontravam-se um par de tênis sujos.
A música alta não parecia incomodá-lo, apesar de detestar a “Jovem Guarda”. Após pedir uma cerveja, ele se sentou nos fundos como se não quisesse ser notado e realmente não estava. As prostitutas riam e se divertiam com as piadas eróticas contadas por velhos taxistas. Nenhuma delas era realmente bonita. O que se poderia encontrar por R$ 20,00?
Após dar o terceiro gole, a estranha figura nos fundos se afogou em pensamentos. Ele sabia que os jornais já haviam anunciado sua fuga do hospício de São Paulo e temia que alguém na rua o reconhecesse. Eles o chamavam de Noiva Sangrenta, pois mutilou mais de 20 pessoas em São Paulo vestindo um surrado vestido de noiva, que era de sua mãe antes dela cometer suicídio. Como arma usava uma foice, mas às vezes um machado ou uma faca.Ele já havia trabalhado como açougueiro e sabia bem como tratar carne.
Roberto (nome de batismo) havia acabado de chegar na cidade e só tinha trazido a lembrança de sua mãe - o que era fundamental para ele fazer seu trabalho direito.
Muitos achavam que ele não amava o próximo e por isso comete homicídios. Mas é aí que eles se enganavam. Ele também amava, não exatamente o próximo, mas mutilar o próximo. Também é uma forma de amar, diferente, mas é.
Estava escondido na casa de um dos seus fãs com quem conversava na INTERNET. Um rapaz que morava sozinho em uma casa em São Bráz. Ele teve a honra de receber seu ídolo e estava muito empolgado até o momento em que Roberto cortou sua garganta.
Roberto parou de sonhar acordado quando uma das prostitutas sentara em sua mesa e o encarava com um olhar sedutor dizendo:
- Homens misteriosos me atraem. Que tal se eu e você fossêmos nos divertir com essa sua vara entre as pernas? Só cobro R$ 10,00 pra você.
Ao levantar o rosto, Roberto viu uma mulher morena de cabelos negros e encaracolados. Tinha o rosto bonito e bastante maquiado que adicionado ao perfume barato e as jóias vagabundas dava uma beleza mórbida e vulgar.
- Claro! – respondeu Roberto friamente – a casa do meu amigo é bem aconchegante e tenho certeza de que ele não vai se importar.
- Então? Você é de fora?
- Sim, sou paulistano. Mas vamos logo ao que interessa.
Ambos saíram do boteco e se dirigiram a pé até o refúgio de Roberto. A prostituta não parava de falar. Ela dizia que seu nome era Cíntia e que veio do interior mais não conseguiu um bom emprego e terminou se prostituindo. Aos poucos ele foi se lembrando do passado. Lembrou-se de Amanda sua esposa que um dia ele jurou amar para sempre. Ela era bonita, jovem e tinha planos de se tornar advogada e ter filhos com Roberto. Tudo parecia perfeito na sua vida, vivia rodeada de bons amigos, tinha um bom emprego e ajuda do pai ,que por sinal adorava Roberto e o tratava como um filho. Lembrou-se também da sensação de felicidade e realização que teve quando descobriu que iria ser pai. Iria ser boa aquela vida que eles estavam construindo, mas isso já é passado.
Roberto voltou para o presente e olhou a prostituta que ainda falava muito. Avaliou seu corpo discretamente. Sua cintura era grande juntamente com sua barriga. Os seios eram grandes e caídos e suas nádegas grandes e bonitas, tão bonitas quanto suas pernas. Ela estava usando uma saia preta bem curta e uma blusa vermelha e pequena com a costa nua e os seios quase a amostra.
Ao chegarem na casa, eles se dirigiram ao quarto do ex-dono. Cíntia se despia na frente de Roberto que estava nu na cama. Ela montara nele e o sentia dentro dela.
Roberto sussurrava o nome de sua falecida esposa Amanda. Cíntia não ligava, apesar de achar um pouco estranho, mas isso fazia parte de seu trabalho.
Meia-hora depois eles pararam, pois Roberto dizia não se sentir muito bem e foi ao banheiro, mas na verdade foi ao outro quarto onde deixou suas coisas. Abriu sua mala e tirou o vestido de noiva de sua mãe. Já estava velho, surrado e um pouco sujo nas pontas o que já é característica do Noiva Sangrenta. Foi novamente atacado por lembranças com Amanda, só que dessa vez as lembranças não eram boas.
Ele a via conversando com Felipe, o vizinho. Um rapaz novo que morava com a mãe. Era bem admirado pelas moças do bairro pela sua beleza e carisma. Ele ajudava Amanda a trazer as compras do supermercado e dava dicas de como cuidar de uma criança, pois tinha um irmãozinho que tomava conta quando a mãe saia. Apesar da pouca de diferença de idade, eles pareciam formar um belo casal. Mas não era isso o que mais incomodava Roberto e sim o fato dele faze-la rir como ninguém, inclusive ele, fazia.
Amanda falava muito de Felipe para Roberto e isso só fazia seu ciúme e ódio pelo rapaz crescer. Ela percebia e brincava rindo e dizendo que era só um amigo e que era muito velha para ele. Roberto tentava acreditar nisso para não se incomodar, mas um dia seu ódio e ciúme chegou ao limite.
Havia surgido um boato na vizinhança. As pessoas diziam que quando Roberto saia para o trabalho, Felipe ia até sua casa e fazia amor com Amanda. O boato aumentou e chegaram a dizer que o filho que Amanda esperava era na verdade de Felipe.
Roberto ainda se lembra dos gritos de Amanda implorando para que não a matasse e jurando que nunca o traíra com ninguém e que o filho era dele. Mas Roberto não acreditou e abriu sua barriga para tirar o feto. Depois foi a vez de Felipe o quão foi encontrado brutalmente torturado e morto num terreno abandonado.
- Querido...- chamou a prostituta – você não vem?
Isso o trouxe de volta ao presente. Mas essas lembranças cheias de ódio, só fizeram aumentar seu desejo pelo que estava prestes a fazer. Vestiu o vestido surrado e em seguida pegou a faca de açougueiro escondida atrás do armário ainda um pouco suja com o sangue do seu fã morto e se preparou para mais uma mutilação.
Cíntia foi até a cozinha beber água e percebeu um pouco de sangue escorrendo do freezer. Decidiu ver o que tinha lá dentro. Ao ver o corpo mutilado do fã de Roberto, deu um grito que acordaria os vizinhos se eles não fossem uma soverteria fechada e uma casa para alugar.
Ela virou para trás com a intenção de fugir, mas deu de cara com Noiva Sangrenta em pé bloqueando a passagem. Ela implorou pela vida, mas ele a puxou pelo cabelo e a jogou na cama. Em seguida tapou sua boca com a mão esquerda – ela gritava muito e isso o incomodava. Tentava lutar mesmo sabendo que é inútil por que ele era mais forte. Seu olhar assustado seguido de lágrimas de desespero parecia muito com os de Amanda.
Noiva Sangrenta cortou o seio direito da prostituta lentamente e em seguida fez outros cortes em seu corpo. Batia muito em seu rosto. Cortou sua língua, suas orelhas e para terminar degolou seu pescoço rapidamente.
Agora ele via sua mais nova obra-prima sujando sua cama de sangue. Satisfeito empurrou o corpo da prostituta para a borda e se deitou.
Seu trabalho consumiu bastante esforço físico e Roberto se sentia cansado. Seu coração parava de bater aceleradamente e sua respiração ficava mais profunda até que ele finalmente dormiu.
Ele se via de volta a sua infância, revivendo uma das piores cenas de sua vida. Era natal e seus pais discutiam no quarto. O motivo era por que seu pai andava com amantes. Seu pai estava bêbado e começou a espancar sua mãe que gritava, e ele gritava mais alto, coisas como “Sua louca, retarda, vagabunda!” , mas a frase que mais marcou foi “Por sua culpa nosso filho é um retardado, como você!”. Ele já estava acostumado com aquelas brigas, mas o que seu pai disse o fez sofrer por dentro e ter um sentimento de revolta.
Mais tarde após a briga, sua mãe lhe chamou para a ceia. Ele viu seu rosto cheio de hematomas, e refletiu sobre a péssima figura paterna que tinha. No centro da mesa, uma bandeja o esperava escondendo o que acreditava ser o peru, só que dessa vez sua mãe tentou ser original e criativa.
Ao tirar a tampa, ele vê a cabeça de seu pai numa pequena poça de sangue e sua mãe diz sorridente “Ele nunca mais vai nos machucar querido, nunca mais!”.
Ele ficou impressionado, mas não chorou. Apenas correu assustado para o seu quarto. Lá tinha um espelho grande, mas no lugar de seu reflexo, via uma noiva. Ele, ainda assustado, perguntou:
- O que você quer?
- Não precisa ficar com raiva de mim, seu pai merecia aquilo – respondeu ela com uma voz suave e meiga.
- Acho que você tem razão – disse Roberto ainda um pouco nervoso - ele realmente merecia.
- Você não pode permitir que te maltratem.
- E você vai me ajudar?
- Claro, eu estou aqui para isso.Para ser o espírito rebelde de você e de sua mãe.
- Mas você não vai querer nada em troca?
- Claro, tudo tem seu preço, só que o meu é simples. Apenas deixe-me mostrar meu rosto.
- N-não, estou com medo.
- Ora, não precisa ter medo de mim, pois agora somos um só.
Após dizer isso, ela levanta o véu e Roberto tapa o rosto com as mãos.
- Vamos, olhe, não tem nada o que temer.
Com muita coragem, ele tira as mãos do rosto e olha para o rosto dela. Vê cenas de mutilação e outras formas de violência. Um sorriso surgiu em seu rosto e com muita admiração disse:
- Você é linda!
- Obrigada! Todos acham isso.
domingo, abril 30, 2006
NEGOCIANDO COM A MORTE - conto
Daniel estava feliz por voltar para casa, até um trágico acidente poder fazê-lo perder o que mais ama, sua familia. Porém, ele fará de tudo para impedir isso, mas às vezes o destino nos prega peças, e isso ele descobrirá na Fuga Da Sanidade.
NEGOCIANDO COM A MORTE Por Rodrigo Carvalho®
Daniel estava muito feliz, pois finalmente voltava para sua família. Estava feliz, pois a menos de uma hora chegaria a sua casa e da janela do avião via as nuvens de sua terra natal dando-lhe boas vindas. Era onze da noite e faltava muito pouco para esse tão esperado reencontro. Mas infelizmente seu destino era outro. O avião em que estava sofreu uns problemas no motor e comprometeu a vida de várias pessoas. O piloto e o co-piloto faziam tudo que podiam enquanto as aeromoças tentavam acalmar os passageiros. Daniel rezava para aquele terror acabar logo e ele poder reencontrar sua esposa e filho. O pânico aumentava à medida que o avião caia. Daniel então viu a morte o chamando e sabia que não poderia escapar dela.
Os gritos cessaram quando o avião se chocou no chão a poucos quilômetros do aeroporto. Não houve sobreviventes. Daniel se via agora seguindo sozinho por uma estrada longa e deserta. Não havia nenhum sinal de vida ao redor. Dos dois lados só se via flores douradas e o céu era claro como uma bela manhã de domingo na antiga fazenda de sua família, onde passara os fins de semana junto com seus pais. Apesar do ambiente lhe agradar, se sentira sozinho e sabia que não mais veria sua família. Não, ele não podia aceitar. Não queria ficar só para sempre. O desespero tomara conta de sua mente e ele lamentara sua morte e já não queria mais seguir em frente.
“Ora, não fique assim, estar morto não significa o fim de tudo. É apenas o começo!”, disse uma voz familiar vinda do seu lado direito. Ao olhar, Daniel não conseguiu se conter ao rever seu pai que falecera quando ele ainda era criança. Seu pai sorriu e disse que ele deveria continuar seguindo. Daniel o ignorou e o abraçou de tanta felicidade. “Não fique tão animado, Daniel, não é bem o que você está pensando. Eu não sou seu pai, sou a Morte. Apenas vi com a aparência dele para conforta-lo.”, disse o homem. Daniel o largou espantado. “Não precisa ficar assim, para onde você vai encontrará seu pai!”, disse a Morte, “Apenas continue seguindo!”. “Não, não posso! Tenho que voltar para casa!”, gritou Daniel. “Olhe, sei como deve estar se sentindo, mas seu lugar agora é no fim deste caminho!”, disse a Morte novamente. “Mas eu preciso voltar! Meu filho só tem sete anos e minha esposa também precisa de mim!”, insistiu Daniel. “Eu sei, mas agora você está morto e eles vão ter que se contentar com isso.”, disse a Morte.
Daniel se ajoelhou aos pés da Morte e implorou: “Por favor, me mande de volta. Eu imploro!”. “Sinto muito, mas não posso fazer isso.”, lamentou a Morte. “Por favor, não quero ficar só! Não quero perder minha família!”, insistiu novamente Daniel. “Está bem... vou te mandar de volta se você me vencer em uma partida de xadrez”, propôs a Morte e Daniel aceitou sem questionar. Então ela fez aparecer uma mesa com duas cadeiras e um tabuleiro de xadrez com peças de ouro.
A partida foi longa e demorada. Daniel estava ficando com dor-de-cabeça de tanto pensar em uma estratégia melhor que a da sua adversária. Enquanto que a Morte apenas sorria e se divertia, pois já fazia um bom tempo que não encontrara alguém para jogar xadrez com ela, pelo menos alguém tão bom. O jogo se estendeu por mais algumas horas até que finalmente Daniel gritou “Xeque-mate!”. Talvez a Morte não tenha usado toda a sua habilidade e estivesse tentando ser uma adversária razoável para que Daniel pudesse ter uma chance de vencer. Bom isso já não importava mais porque o jogo havia acabado.
A Morte então se levantou e impressionada com a vitória do adversário disse, “Você venceu de maneira justa. Me impressionou, mas não ache que terá a mesma sorte da próxima. Já que lhe prometi mandar-lhe de volta, cumprirei com minha promessa. Você voltará e viverá até ficar bem velho, quando finalmente nos reencontraremos e, quem sabe poderemos jogar novamente sem apostar nada, só por diversão. Mas lembre-se você terá que viver muito e só voltará para cá com morte natural. Qualquer coisa diferente, sua alma ficará presa no Mundo dos Vivos por um bom tempo”. “Seria legal jogar com você novamente!”, disse Daniel sorrindo. A Morte então disse que ele deveria voltar com calma pelo caminho de onde veio e logo estaria de volta a sua vida. Daniel se despediu e fez exatamente o que ela disse, andando com bastante calma, mesmo querendo correr. Caminhou por mais algum tempo até que viu uma luz dourada a sua frente e a atravessou.
Acordou num hospital deitando em uma cama e rodeado de máquinas, enfermeiras e um médico tentando reanima-lo. O médico feliz por ter salvado mais uma vida, disse que ele esteve desacordado por mais de doze horas e que eles já estavam sem esperanças, pois todos os outros passageiros morreram. Foi, sem dúvida, um milagre.
Daniel estava louco para rever sua família. Mas o médico disse que ele deveria esperar mais um pouco lá que logo eles iriam visitá-lo. Logo depois que todos saíram, sua esposa e filho entraram na sala. Daniel não conseguiu conter a felicidade e quis se levantar, mas com um gesto de mão, sua esposa pediu para que ele permanecesse deitado. Foi então que percebeu que eles pareciam tristes. “O que houve?”, perguntou ele, “Não estão felizes por estar vivo?”. Sua esposa balançou a cabeça para os lados e lágrimas caíam de seus olhos. “Por que não?”, perguntou Daniel bastante confuso. A porta se abriu e o médico entrou. Seu rosto parecia triste, porém ele já estará muito acostumado com esse tipo de situação. “Aconteceu alguma coisa?”, perguntou Daniel. O médico então, da melhor maneira possível, disse que sua esposa e filho sofreram um acidente de carro quando iam ao aeroporto e morreram. “Mas isso não é possível! Eles estão aqui! Você não está vendo?!”, gritou Daniel. Ao olhar novamente para sua bela esposa e seu único filho, via-os ficarem transparentes e uma luz branca surgir atrás deles. Daniel não teve reação neste momento e desejou sofrer um enfarte para poder partir com a sua família, mas vinha a sua mente a Morte dizendo que ele ainda iria viver muito. Por mais que se matasse, ficaria preso na Terra. Daniel agora só pôde chorar e amaldiçoar sua vida que não tem mais sentido, pois está sozinho para sempre.
NEGOCIANDO COM A MORTE Por Rodrigo Carvalho®
Daniel estava muito feliz, pois finalmente voltava para sua família. Estava feliz, pois a menos de uma hora chegaria a sua casa e da janela do avião via as nuvens de sua terra natal dando-lhe boas vindas. Era onze da noite e faltava muito pouco para esse tão esperado reencontro. Mas infelizmente seu destino era outro. O avião em que estava sofreu uns problemas no motor e comprometeu a vida de várias pessoas. O piloto e o co-piloto faziam tudo que podiam enquanto as aeromoças tentavam acalmar os passageiros. Daniel rezava para aquele terror acabar logo e ele poder reencontrar sua esposa e filho. O pânico aumentava à medida que o avião caia. Daniel então viu a morte o chamando e sabia que não poderia escapar dela.
Os gritos cessaram quando o avião se chocou no chão a poucos quilômetros do aeroporto. Não houve sobreviventes. Daniel se via agora seguindo sozinho por uma estrada longa e deserta. Não havia nenhum sinal de vida ao redor. Dos dois lados só se via flores douradas e o céu era claro como uma bela manhã de domingo na antiga fazenda de sua família, onde passara os fins de semana junto com seus pais. Apesar do ambiente lhe agradar, se sentira sozinho e sabia que não mais veria sua família. Não, ele não podia aceitar. Não queria ficar só para sempre. O desespero tomara conta de sua mente e ele lamentara sua morte e já não queria mais seguir em frente.
“Ora, não fique assim, estar morto não significa o fim de tudo. É apenas o começo!”, disse uma voz familiar vinda do seu lado direito. Ao olhar, Daniel não conseguiu se conter ao rever seu pai que falecera quando ele ainda era criança. Seu pai sorriu e disse que ele deveria continuar seguindo. Daniel o ignorou e o abraçou de tanta felicidade. “Não fique tão animado, Daniel, não é bem o que você está pensando. Eu não sou seu pai, sou a Morte. Apenas vi com a aparência dele para conforta-lo.”, disse o homem. Daniel o largou espantado. “Não precisa ficar assim, para onde você vai encontrará seu pai!”, disse a Morte, “Apenas continue seguindo!”. “Não, não posso! Tenho que voltar para casa!”, gritou Daniel. “Olhe, sei como deve estar se sentindo, mas seu lugar agora é no fim deste caminho!”, disse a Morte novamente. “Mas eu preciso voltar! Meu filho só tem sete anos e minha esposa também precisa de mim!”, insistiu Daniel. “Eu sei, mas agora você está morto e eles vão ter que se contentar com isso.”, disse a Morte.
Daniel se ajoelhou aos pés da Morte e implorou: “Por favor, me mande de volta. Eu imploro!”. “Sinto muito, mas não posso fazer isso.”, lamentou a Morte. “Por favor, não quero ficar só! Não quero perder minha família!”, insistiu novamente Daniel. “Está bem... vou te mandar de volta se você me vencer em uma partida de xadrez”, propôs a Morte e Daniel aceitou sem questionar. Então ela fez aparecer uma mesa com duas cadeiras e um tabuleiro de xadrez com peças de ouro.
A partida foi longa e demorada. Daniel estava ficando com dor-de-cabeça de tanto pensar em uma estratégia melhor que a da sua adversária. Enquanto que a Morte apenas sorria e se divertia, pois já fazia um bom tempo que não encontrara alguém para jogar xadrez com ela, pelo menos alguém tão bom. O jogo se estendeu por mais algumas horas até que finalmente Daniel gritou “Xeque-mate!”. Talvez a Morte não tenha usado toda a sua habilidade e estivesse tentando ser uma adversária razoável para que Daniel pudesse ter uma chance de vencer. Bom isso já não importava mais porque o jogo havia acabado.
A Morte então se levantou e impressionada com a vitória do adversário disse, “Você venceu de maneira justa. Me impressionou, mas não ache que terá a mesma sorte da próxima. Já que lhe prometi mandar-lhe de volta, cumprirei com minha promessa. Você voltará e viverá até ficar bem velho, quando finalmente nos reencontraremos e, quem sabe poderemos jogar novamente sem apostar nada, só por diversão. Mas lembre-se você terá que viver muito e só voltará para cá com morte natural. Qualquer coisa diferente, sua alma ficará presa no Mundo dos Vivos por um bom tempo”. “Seria legal jogar com você novamente!”, disse Daniel sorrindo. A Morte então disse que ele deveria voltar com calma pelo caminho de onde veio e logo estaria de volta a sua vida. Daniel se despediu e fez exatamente o que ela disse, andando com bastante calma, mesmo querendo correr. Caminhou por mais algum tempo até que viu uma luz dourada a sua frente e a atravessou.
Acordou num hospital deitando em uma cama e rodeado de máquinas, enfermeiras e um médico tentando reanima-lo. O médico feliz por ter salvado mais uma vida, disse que ele esteve desacordado por mais de doze horas e que eles já estavam sem esperanças, pois todos os outros passageiros morreram. Foi, sem dúvida, um milagre.
Daniel estava louco para rever sua família. Mas o médico disse que ele deveria esperar mais um pouco lá que logo eles iriam visitá-lo. Logo depois que todos saíram, sua esposa e filho entraram na sala. Daniel não conseguiu conter a felicidade e quis se levantar, mas com um gesto de mão, sua esposa pediu para que ele permanecesse deitado. Foi então que percebeu que eles pareciam tristes. “O que houve?”, perguntou ele, “Não estão felizes por estar vivo?”. Sua esposa balançou a cabeça para os lados e lágrimas caíam de seus olhos. “Por que não?”, perguntou Daniel bastante confuso. A porta se abriu e o médico entrou. Seu rosto parecia triste, porém ele já estará muito acostumado com esse tipo de situação. “Aconteceu alguma coisa?”, perguntou Daniel. O médico então, da melhor maneira possível, disse que sua esposa e filho sofreram um acidente de carro quando iam ao aeroporto e morreram. “Mas isso não é possível! Eles estão aqui! Você não está vendo?!”, gritou Daniel. Ao olhar novamente para sua bela esposa e seu único filho, via-os ficarem transparentes e uma luz branca surgir atrás deles. Daniel não teve reação neste momento e desejou sofrer um enfarte para poder partir com a sua família, mas vinha a sua mente a Morte dizendo que ele ainda iria viver muito. Por mais que se matasse, ficaria preso na Terra. Daniel agora só pôde chorar e amaldiçoar sua vida que não tem mais sentido, pois está sozinho para sempre.
quarta-feira, abril 26, 2006
A Arte De Viver
A Arte De Viver-René Magritte
Voce já teve aquela sensação de achar que nao está vivendo o suficiente? De achar que tem pouca experiencia de vida se comparado as pessoas com quase a mesma idade que a sua? As vezes me sinto assim, como se fosse um simples coadjuvante da estória da vida enquanto vejo as outras pessoas ganhando mais experiencia de vida do que eu e estórias para contar para os seus netos.
Muitos acham que viver é só sair pra balada e curtir a vida com a grana dos pais, mas a verdade é que viver é muito mais complexo do que isso... viver é trabalhar, adquirir responsabilidades e conhecer pessoas que realmente contribuirao de maneira positiva na sua vida e é isso que estou procurando agora. Ainda essa semana encontrei no bonde um amigo meu do Grao-Pará, ele tem 19 anos e já trabalha como técnico em informática. Me disse que pretende pagar a faculdade assim. Achei aquilo interessante porque eu, um cara de 21 anos de classe media que estuda numa faculdade particular, tem tudo que precisa e só trabalha com o pai, mas nao tem muito serviço, pareço um relaxado comparado a um cara como aquele. Já vi pessoas até mais novas que vivem por conta propria como se tivessem uns 30 anos! Claro que se voce tem quem pague suas contas, aproveite porque é um privilégio que poucos tem. Mas é sempre bom termos nossa propria grana e poder sair ou viajar com ela. Isso nos torna mais vivos, mais úteis e experientes. Vejo muito filhinho de papai que nunca fez nada a nao ser curtir a vida e acha que é vivido. Se divertir é tao importante quanto trabalhar, mas tem que ter um equilibrio entre ambos!
Gosto de trabalhar, mas se fosse mais esforçado já deveria ter um carro e até está morando sozinho. Quanto a sair... bom, sou um cara meio caseiro que só gosta de ir ao cinema e as vezes um show ou outros eventos culturais, porque me divirto mais lendo, assitindo filmes, escutando musica e escrevendo(sim, sou meio nerd mesmo :P!).
[]'s
terça-feira, abril 25, 2006
segunda-feira, abril 24, 2006
Vampiros Emocionais
Muitos filmes de hollywood abordam o mito do vampiro. Pois, tenho notícias ruins... eles EXISTEM!! Talvez nao da maneira como estamos acostumados a ver nos filmes: mortos-vivos que só saem a noite para beber sangue dos vivos e manter sua imortalidade. Mas existe outro tipo de vampiro que devemos tomar muito cuidado, eles sao conhecidos como vampiros emocionais. Sao qualquer tipo de pessoa(viva, claro!) que tira (ou suga) tua alegria, teu entusiasmo e amor próprio, às vezes sem-querer outras por pura maldade!
Eles geralmente atuam instaneamente sugando as tuas emoçoes duma só vez, mas há aqueles que sugam aos poucos...
São vampiros mais espertos porque eles primeiro te usam e vao te sugando até perceberem que tu já nao serve pra mais nada e ai te abandonam pra ir atras de outras vitimas! Eles geralmente sao pessoas carentes que nao tem nenhum respeito pelos sentimentos alheios. Se istalam na sua vida e se você realmente se encatar com eles vai sofrer muito quando te deixarem, e se isso acontecer sua energia emocial terá sido sugada e pra regenerar é necessario ter muita força de vontade e talvez ajuda de um psicologo. Temos como grandes exemplos desses vampiros os namorados(as) e amigos(as).
Como reconhecê-los? Simples, observe o corpotamento de toda pessoa solitaria e carente que se diz gostar de ti. Veja se ela gruda muito no seu pé e procure saber se mantem contato com outras pessoas. Se voce perceber que aquela pessoa só te procura porque nao tem mais ninguém, pode ter certeza que é um vampiro emocional e que só está te usando de rebanho e consolo. Claro que com a convivencia ela pode aprender a gostar de ti, mas geralmente quando percebe que já nao tem mais o que sugar, parte pra outra vitima! Por isso crianças, tomem muito cuidado com quem voces se envolvem. Isso vale tanto para uma simples amizade como para uma relação amorosa.
[]'s
Zumbis do Espaço
Nos Braços Da Vampira
by N/A
Ela veio junto com o vento
Com os seus cabelos negros
Suas presas reluzindo
Já não temos mais tempo
Quero sentir o seu corpo, vampira
Seus dentes no meu pescoço, vampira
Nossos sangues se encontram
As trevas nos esperam
Sei que não pertenço mais
Ao mundo dos mortais
Quero estar sempre ao seu lado, vampira
Quero ser o seu escravo, vampira
Vampira
Quero ter a vida eterna
Quero ser o seu escravo
Quero morrer nos seus braços
Sombrancelhas inclinadas
Em uma bela face pálida
Vários túmulos violados
O mundo em pedaços
Você veio do espaço, vampira
Quero morrer nos seus braços, vampira
sexta-feira, abril 21, 2006
O poder dos sonhos
Passei a tarde dormindo e tive um sonho bem relaxante. Não, não era sobre sexo, eu sonhei que passava o dia com a minha familia. Nós conversávamos muito e até o meu primo Jefferson "Caverna" Nunes tava aqui com agente. Estávamos rindo e conversando na cozinha. Discutiamos sobre politica, acho. Depois eu fui pro meu quarto e fiquei ouvindo e interpretando as musicas de um desconhecido musico ingles, um tal de Niggy alguma-coisa, vocês conhecem? Duvido muito porque ele nao existe, era só uma fusao de David Bowie com Bob Dylan que meu inconciente criou. Até que suas musicas eram legais e eu já tinha virado fã de uma baladinha romantica e dançante, e claro, do musico também. Sei, nada muito diferente do meu dia-a-dia, mas esse sonho me abriu os olhos para uma riqueza que eu nao valorizava muito(pelo menos nao o suficiente), a família.
Pode parecer ridiculo para alguns, mas a verdade é que é muito importante nos ter uma familia bem unida. Nós somos uma familia unida, mas eu nao gosto muito de sair com eles e acho que nao vou mudar muito isso, porém agora até que deu vontade de convidá-los para comer uma pizza, mas estou sem fome ;).
Por isso, valorizem mais a familia porque, mesmo que eles nao saibam tudo que voce faz, sao as pessoas que realmente gostam de ti.
Obs: Tenho a leve impressao que amanha vou achar isso brega e voltar a ser o que era, mas pelo menos nesse momento, sigam o meu conselho se quiserem ser mais felizes.
[]`s
quinta-feira, abril 20, 2006
quarta-feira, abril 19, 2006
A SIMBIOSE - conto
Um filho de deputado rico e influente tem um grande fardo para carregar pelo resto de sua vida. Ele já havia se acostumado até perceber que as coisas só tendem a piorar, mas isso ele só descobrirá na Fuga Da Sanidade.
A SIMBIOSE Por Rodrigo Carvalho®
- Sarratanas...? Você está aí? Bom se estiver... eu estou precisando da sua ajuda...
A entidade não respondeu ao meu chamado, talvez ainda esteja dormindo. Sarratanas é um demônio que habita minha mente desde quando eu nasci talvez. Quando era criança ele conversava muito comigo quando eu estava só em meu quarto ou em meus sonhos. Eu nunca tive medo. Mas como todo mundo, Sarratanas precisa se alimentar. Pena que ele não possa comer as coisas que eu como, mas isso é obvio uma vez que ele não é humano como eu. Sarratanas se alimenta de almas. Pelo menos uma vez ao mês ele precisa se saciar da alma de algum mortal. Claro que isso já me trouxe muitos problemas. Mas quando você é filho de um deputado muito rico e influente a lei nunca será contra você. Meus pais sempre souberam disso. Eu ainda me lembro quando tinha uns 5 ou 6 anos, estávamos nos três, eu papai e mamãe dormindo na cama de casal deles quando vi uma mancha preta se mexendo no forro do quarto, parecia estar viva. Minha mãe disse para eu não ter medo, pois era Sarratanas protegendo nossa casa.
Eram os meus pais que arranjavam almas para o Sarratanas. Às vezes eles traziam animais e outras pessoas que eram sacrificados. Hoje, eu dou o meu jeito, mas sempre consigo alimento e sempre que me meto em algum problema, meu pai me ajuda.
Sarratanas costuma me ajudar e me dar conselhos quando eu necessito. Agora por exemplo vou a uma entrevista num certo jornal local e preciso dele para me ajudar a falar bem, pois ainda fico nervoso na frente da TV. Esqueci de dizer que sou um famoso empresário e que meu pai está se candidatando a prefeito. Vou aproveitar para falar um pouco das propostas dele, afinal de contas eu estou apoiando-o, claro. Opa,Sarratanas acordou e acho que está como fome.
Olha só! Um pobre catador de lixo, na calçada de minha casa! Quem vai se importar?
- Olá amigo gostaria de algo para comer? Não precisa me olhar com esse olhar meio desconfiado, eu só quero te ajudar. Vamos, não tenha medo, eu moro logo ali!
Nos entramos no casarão e ele olha ao redor admirando a mobília cara e as cortinas vindas da França.
- Pode deixar suas tralhas ali e me acompanhe até a cozinha.
O idiota me segue e quando pisa na cozinha eu bato forte em sua cabeça com um batedor de alho. Ele tomba e eu torço para que esteja vivo. Seu coração ainda bate. Abro sua boca - urgh! Como fede! – em seguida coloco a minha boca também aberta e tento sugar a sua alma. Pronto, acabou.
O quê? Você ainda tem fome Sarratanas?! Já é o suficiente, vamos embo.. aiiii! Que dor de cabeça dos infernos! Ta bom, ta bom! Vamos lá fora atrás de outra vítima!
Saio de casa novamente e vejo minha próxima vítima, tão jovem e ingênua que tenho certeza de que será ainda mais fácil que aquele mendigo sujo.
Que tal aquele garoto ali? Deve ter uns 7 anos e parece bem saudável e cheio de vida. Melhor que aquele mendigo imundo! Certo? Então vamos lá!
- Bom dia garoto? Sabe, eu tenho muitos doces lá em casa e gostaria muito de repartir com alguma criança. Hoje é seu dia de sorte, pois você foi o escolhido. Vamos, me acompanhe, minha casa é logo ali. Ora seus pais não precisam saber e você não precisa ter medo. E aí você vem ou devo procurar outra criança sortuda? Você é um garoto muito esperto. Imaginei que diria isso. Vamos...
Estou de volta ao casarão agora com o garoto que parece um pouco desconfiado, mas quando sorrio superficialmente ele demonstra confiança. Mas quando percebe que não tem doce algum, seu rosto começa a ficar pálido e ele se afasta de mim.
- Está decepcionado por não encontrar doce algum? Você já é um doce de criança. È até bonitinho! Tão jovem... Aiiii... Tá bom Sarratanas! Vá em frente! Ele não faz mesmo o meu tipo!
Eu o agarro e ele grita tentado me arranhar com suas unhasinhas. Seu corpo é tão frágil que não faço muito esforço.
- Calma garoto já vai acabar, não precisa chorar! Nem adianta gritar, daqui ninguém pode te ouvir!
Ponho minha boca na sua e começo a sugar a sua alma. Tão cheia de vida e alegria! Esses sentimentos me fascinam, me fazem sentir mais humano, mais normal, pelo menos por alguns segundos como um bom orgasmo.
Espero que esteja satisfeito agora, Sarratanas, pois tenho uma entrevista para ir!
Acho que agora ele finalmente está satisfeito. Tenho que me aprontar, pois a entrevista é daqui a alguns minutos!
Agora estou no carro me dirigindo a emissora do programa. Sarratanas me disse para ir com um palito cinza que comprei na Inglaterra e tentar manter um sorriso discreto na hora da entrevista. Vai ser fácil... aiii... que droga Sarratanas! O que você quer agora?
Já estamos chegando Sarratanas, não seja tão afobado!
Para piorar minha dor de cabeça o celular toca.Quem dever ser uma hora dessas! É o papai?!
- Alô, pai... já estou chegando, claro que não esqueci do que tenho que dizer. Ah, e há um problema. Não, não é nada a ver com você e sua candidatura, é o Sarratanas, ele anda muito guloso, já sugou duas almas hoje e ainda continua com fome! Ai... droga acho que ele quer comer de novo! Você sabe o que está acontecendo? Então diga, pai!
Eu poderia esperar isso de todos, menos dos meus próprios pais. Meu pai diz que fui oferecido em um ritual satânico quando era criança só para ele enriquecer e entrar para a política. Esse porco sujo e falso!
- Não, pai! Não me venha com esse papo de dizer que fez isso para o NOSSO bem! Eu passei toda a minha vida tentando descobrir porque era diferente. Porque tinha esse demônio que só me transformou no monstro que sou! Eu nunca gostei dele de verdade, eu sempre o odiei! Mas aprendi a conviver com ele, pois sabia que não tinha outra escolha! Aiii... droga ele quer se alimentar de novo, não consigo me controlar. Ele está tentando dominar minha mente! Nãooo, socorro papaiii...
Onde estou? Que imagens estranhas são essas e esses gritos e esses espectros? Eu posso reconhecer estas pessoas, todas elas eu ofereci a Sarratanas como alimento. Até o mendigo e o garoto de hoje! Eles estão se aproximado! Me deixem em paz eu não tive escolha!
- Vocêe esstáa em minhaa meente agoraa... ssssss
- Sarratanas é você? Me tira daqui! Esses espectros estão vindo para cima de mim!
- Nuncaa...sssss... agoraa sssou euu queem comandaa o ssseu corpoo... sssss
- Sarratanas você não pode fazer isso! Eu sou seu dono! Eu o comando! Me tira daqui, rápido!
- Ssss...nãoo maisss queridooo. Euu e ssseu paii tinhamosss um tratoo. Quandoo elee maisss precisasseee de miim... euuu assumiriaaa o comandooo... sssss
- Você não pode me deixar aqui! Não! Por favor! Nãaaooo...
Ssss... tenhooo queee ir....sssss.... tenhooo milharesss de almasss para consssumir atravesss da tela da televissssãoooo....ssssss . Masss antesss tenhooo queee mudar minhaaa vozsss. Agora está melhor. Até mais tarde querido!
A SIMBIOSE Por Rodrigo Carvalho®
- Sarratanas...? Você está aí? Bom se estiver... eu estou precisando da sua ajuda...
A entidade não respondeu ao meu chamado, talvez ainda esteja dormindo. Sarratanas é um demônio que habita minha mente desde quando eu nasci talvez. Quando era criança ele conversava muito comigo quando eu estava só em meu quarto ou em meus sonhos. Eu nunca tive medo. Mas como todo mundo, Sarratanas precisa se alimentar. Pena que ele não possa comer as coisas que eu como, mas isso é obvio uma vez que ele não é humano como eu. Sarratanas se alimenta de almas. Pelo menos uma vez ao mês ele precisa se saciar da alma de algum mortal. Claro que isso já me trouxe muitos problemas. Mas quando você é filho de um deputado muito rico e influente a lei nunca será contra você. Meus pais sempre souberam disso. Eu ainda me lembro quando tinha uns 5 ou 6 anos, estávamos nos três, eu papai e mamãe dormindo na cama de casal deles quando vi uma mancha preta se mexendo no forro do quarto, parecia estar viva. Minha mãe disse para eu não ter medo, pois era Sarratanas protegendo nossa casa.
Eram os meus pais que arranjavam almas para o Sarratanas. Às vezes eles traziam animais e outras pessoas que eram sacrificados. Hoje, eu dou o meu jeito, mas sempre consigo alimento e sempre que me meto em algum problema, meu pai me ajuda.
Sarratanas costuma me ajudar e me dar conselhos quando eu necessito. Agora por exemplo vou a uma entrevista num certo jornal local e preciso dele para me ajudar a falar bem, pois ainda fico nervoso na frente da TV. Esqueci de dizer que sou um famoso empresário e que meu pai está se candidatando a prefeito. Vou aproveitar para falar um pouco das propostas dele, afinal de contas eu estou apoiando-o, claro. Opa,Sarratanas acordou e acho que está como fome.
Olha só! Um pobre catador de lixo, na calçada de minha casa! Quem vai se importar?
- Olá amigo gostaria de algo para comer? Não precisa me olhar com esse olhar meio desconfiado, eu só quero te ajudar. Vamos, não tenha medo, eu moro logo ali!
Nos entramos no casarão e ele olha ao redor admirando a mobília cara e as cortinas vindas da França.
- Pode deixar suas tralhas ali e me acompanhe até a cozinha.
O idiota me segue e quando pisa na cozinha eu bato forte em sua cabeça com um batedor de alho. Ele tomba e eu torço para que esteja vivo. Seu coração ainda bate. Abro sua boca - urgh! Como fede! – em seguida coloco a minha boca também aberta e tento sugar a sua alma. Pronto, acabou.
O quê? Você ainda tem fome Sarratanas?! Já é o suficiente, vamos embo.. aiiii! Que dor de cabeça dos infernos! Ta bom, ta bom! Vamos lá fora atrás de outra vítima!
Saio de casa novamente e vejo minha próxima vítima, tão jovem e ingênua que tenho certeza de que será ainda mais fácil que aquele mendigo sujo.
Que tal aquele garoto ali? Deve ter uns 7 anos e parece bem saudável e cheio de vida. Melhor que aquele mendigo imundo! Certo? Então vamos lá!
- Bom dia garoto? Sabe, eu tenho muitos doces lá em casa e gostaria muito de repartir com alguma criança. Hoje é seu dia de sorte, pois você foi o escolhido. Vamos, me acompanhe, minha casa é logo ali. Ora seus pais não precisam saber e você não precisa ter medo. E aí você vem ou devo procurar outra criança sortuda? Você é um garoto muito esperto. Imaginei que diria isso. Vamos...
Estou de volta ao casarão agora com o garoto que parece um pouco desconfiado, mas quando sorrio superficialmente ele demonstra confiança. Mas quando percebe que não tem doce algum, seu rosto começa a ficar pálido e ele se afasta de mim.
- Está decepcionado por não encontrar doce algum? Você já é um doce de criança. È até bonitinho! Tão jovem... Aiiii... Tá bom Sarratanas! Vá em frente! Ele não faz mesmo o meu tipo!
Eu o agarro e ele grita tentado me arranhar com suas unhasinhas. Seu corpo é tão frágil que não faço muito esforço.
- Calma garoto já vai acabar, não precisa chorar! Nem adianta gritar, daqui ninguém pode te ouvir!
Ponho minha boca na sua e começo a sugar a sua alma. Tão cheia de vida e alegria! Esses sentimentos me fascinam, me fazem sentir mais humano, mais normal, pelo menos por alguns segundos como um bom orgasmo.
Espero que esteja satisfeito agora, Sarratanas, pois tenho uma entrevista para ir!
Acho que agora ele finalmente está satisfeito. Tenho que me aprontar, pois a entrevista é daqui a alguns minutos!
Agora estou no carro me dirigindo a emissora do programa. Sarratanas me disse para ir com um palito cinza que comprei na Inglaterra e tentar manter um sorriso discreto na hora da entrevista. Vai ser fácil... aiii... que droga Sarratanas! O que você quer agora?
Já estamos chegando Sarratanas, não seja tão afobado!
Para piorar minha dor de cabeça o celular toca.Quem dever ser uma hora dessas! É o papai?!
- Alô, pai... já estou chegando, claro que não esqueci do que tenho que dizer. Ah, e há um problema. Não, não é nada a ver com você e sua candidatura, é o Sarratanas, ele anda muito guloso, já sugou duas almas hoje e ainda continua com fome! Ai... droga acho que ele quer comer de novo! Você sabe o que está acontecendo? Então diga, pai!
Eu poderia esperar isso de todos, menos dos meus próprios pais. Meu pai diz que fui oferecido em um ritual satânico quando era criança só para ele enriquecer e entrar para a política. Esse porco sujo e falso!
- Não, pai! Não me venha com esse papo de dizer que fez isso para o NOSSO bem! Eu passei toda a minha vida tentando descobrir porque era diferente. Porque tinha esse demônio que só me transformou no monstro que sou! Eu nunca gostei dele de verdade, eu sempre o odiei! Mas aprendi a conviver com ele, pois sabia que não tinha outra escolha! Aiii... droga ele quer se alimentar de novo, não consigo me controlar. Ele está tentando dominar minha mente! Nãooo, socorro papaiii...
Onde estou? Que imagens estranhas são essas e esses gritos e esses espectros? Eu posso reconhecer estas pessoas, todas elas eu ofereci a Sarratanas como alimento. Até o mendigo e o garoto de hoje! Eles estão se aproximado! Me deixem em paz eu não tive escolha!
- Vocêe esstáa em minhaa meente agoraa... ssssss
- Sarratanas é você? Me tira daqui! Esses espectros estão vindo para cima de mim!
- Nuncaa...sssss... agoraa sssou euu queem comandaa o ssseu corpoo... sssss
- Sarratanas você não pode fazer isso! Eu sou seu dono! Eu o comando! Me tira daqui, rápido!
- Ssss...nãoo maisss queridooo. Euu e ssseu paii tinhamosss um tratoo. Quandoo elee maisss precisasseee de miim... euuu assumiriaaa o comandooo... sssss
- Você não pode me deixar aqui! Não! Por favor! Nãaaooo...
Ssss... tenhooo queee ir....sssss.... tenhooo milharesss de almasss para consssumir atravesss da tela da televissssãoooo....ssssss . Masss antesss tenhooo queee mudar minhaaa vozsss. Agora está melhor. Até mais tarde querido!
segunda-feira, abril 17, 2006
LUA-DE-MEL - conto
Os recém-casados Diego e Andréia decidem passar sua lua-de-mel na cidade natal de Diego. Porém seu destino pode mudar quando eles ficam presos numa pequena cidade na beira da estrada. Ás vezes nossos sonhos e planos podem acabar mais cedo do que imaginamos, mas isso eles só descobrirão na Fuga Da Sanidade.
LUA-DE-MEL Por Rodrigo Carvalho®
Era a lua-de-mel de Diego e Andréia. O pôr-do-sol misturado às lindas paisagens parecia uma bela pintura.Eles decidiram viajar para Castanhal, a cidade natal de Diego. Ele vem à viagem toda falando da cidade para Andréia, que nunca havia ido lá antes. Ela quase nem dá atenção ao que ele diz. Pois sua atenção está voltada para as belas paisagens que correm contra o carro.
- Eu costumava matar aulas para jogar bola lá em Castanhal – diz Diego.
- Ãh? O que você disse? – pergunta Andréia distraída.
- Eu disse que costumava matar aula para jogar bola em Castanhal – diz Diego.
- Você já me disse isso umas cem vezes – observa Andréa.
- Desculpe-me – diz ele – eu acho que não tenho mais nada para falar de Castanhal.
- Pelo menos não vou me perder por lá. Já conheço tudo se nunca ter ido lá – diz Andréia em tom de zombaria.
- Tenho certeza que você vai gostar de Castanhal – diz Diego.
- Espero – diz ela – pois estamos na estrada a um bom tempo e ainda não chegamos.
De repente o carro deles passa violentamente por cima de um buraco e o pneu estoura. Eles se espantam com o barulho.
Oh, droga! – diz Diego – está merda foi estourar justo aqui neste fim de mundo!
- Que azar! – diz Andréia – justo hoje na minha lua-de-mel.
- E o pior de tudo é que eu emprestei o pneu reserva para o Jorge naquele dia em que fomos para Mosqueiro – diz ele.
Eles então são obrigados a parar o carro do lado da estrada perto de algumas plantas. Roberto sai do carro e diz a sua esposa:
- Tem uma cidadezinha de beira de estrada a alguns metros daqui. Eu vou lá pedir ajuda. Não saia do carro, eu já volto.
Em seguida, vai andando até a cidade. Andréia se sente um pouco incomodada de ficar só no meio do nada. Mil coisas passam pela sua cabeça. Decide então ligar o som para espantar o medo. Poe um disco do Zé Ramalho e tranca as portas.
Meia-hora depois, Diego finalmente chega na cidade. A escuridão começa a tomar conta do céu. Entra em um bar para pedir informação. O lugar é simples, tão simples quanto a maioria de seus clientes.
No momento ele está quase vazio. Diego percebe a perseguição de olhares de bêbados, mas não liga. No balcão, uma senhora gorda de pele negra e cabelos brancos usando um vestido de flores aparentando ter uns 65 anos, percebe Diego e se prepara para atendê-lo. Os bêbados começam a sussurrar coisas envolvendo um tal de “Carniceiro” e sobre forasteiros, com certeza lhe envolvendo, mas novamente ignora.
- Boa noite! – cumprimenta ele.
- Boa – diz ela seriamente – o que vai querer?
- Somente uma informação – responde ele – onde eu encontro uma oficina mecânica por aqui?
- Do outro lado da rua tem uma – responde ela – você é de fora?
- Sou sim – responde ele – estou passando a lua-de-mel com a minha esposa. Mas aí o pneu estourou e o reserva não tá comigo.
- Esperam que sejam felizes – diz ela.
- Obrigado! – agradece Diego - e obrigado pela informação também!
- Disponha!
Ele sai do bar e procura a oficina. Vê então uma casa pequena toda feita de madeira com dois carros na frente semidesmontados e mais um chevette velho que provavelmente é do dono da oficina. Ele se encaminha até lá. É atendido por um senhor moreno e sem camisa, apenas com uma calca jeans suja e uma chinela preta.
- O que o senhor deseja – pergunta ele a Diego.
- O pneu do meu carro furou e o reserva tá emprestado – diz Diego – eu gostaria que o senhor pudesse rebocá-lo até aqui e ver o que se pode fazer.
- Onde está seu carro?
- A alguns metros daqui no meio da estrada.
- Vamos lá!
Eles entram no carro e vão estrada adentro. No caminho o senhor pergunta:
- Vocês são de fora?
- Sim, claro. É nossa lua-de-mel. Mas espere! Como você sabe que não estou só?
- Ah, bom... é que eu vi sua aliança e imaginei que estivesse com sua esposa.
- Certo.
Alguns minutos depois eles avistam os faróis do carro ligados. Eles então rebocam o carro até a oficina. Lá o mecânico diz que o pneu ainda tem salvação e tapa o buraco. Diego agradece e lhe paga o serviço. Já está tarde, Diego e Andréia estão cansados. Decidem então dormir em algum hotel por ali.
Encontraram um hotel bem vagabundo por R$ 15,00. O dono, um senhor com traços indígenas disse que é o único hotel da cidade e eles não duvidam, pois não são muitas pessoas que decidem passar as férias numa cidade como aquela. O ventilador mal funciona e o colchão da cama pode causar problemas à coluna de alguém de tão gasto e danificado que está. Além de tudo isso, tem muitos mosquitos. Sorte a deles que trouxeram repelente.
Depois de tomarem banho, Diego e Andréia vão até o bar daquela senhora para comer alguma coisa. Eles percebem olhares curiosos e sussurros ao entrarem, mas ignoram. Pedem um refrigerante e umas coxinhas e sentam-se numa mesa.
- Nossa lua-de-mel não está saindo como planejamos - diz Diego.
- Pense bem... – diz Andréia – pior do que isso não pode ficar!
- Quem sabe... – diz Diego em um tom de desconfiança – já percebeu como essas pessoas nos olham. Parece que somos de outro planeta!
- Ah,ah,ah.
- Que foi? Por que você está rindo?
- Você parece um paranóico falando desse jeito.
- Tudo bem – diz ele sorrindo – depois não me chame quando eles quiserem comer seu cérebro.
- Acho que foi esse seu lado estranho que me chamou atenção.
- Eu pensei que fosse por outro motivo...
- É? Qual? – diz Andréia sorrindo.
- Ora, você sabe, aquilo...
- Ah, sei... – diz ela ainda sorrindo – é, também!
- Mas qual lhe chamou mais atenção?
- Não sei. Acho que teremos que ir para o nosso quarto descobrir.
Diego paga a conta e eles saem do bar. No meio do caminho Diego se esbarra com um garoto moreno de mais ou menos sete anos de idade. Ele vinha trazendo um saco de velas que agora se encontram espalhadas pelo chão.
- Desculpe garoto – diz Diego levantando-o.
O garoto não fala nada, apenas o encara com um olhar profundo.
- Deixe-me ajudar! – diz Diego ajuntando as velas junto com o garoto.
Andréia também decide ajudar.
- O que você vai fazer com um monte de velas? – pergunta ela.
Novamente o garoto continua calado.
Com todas as velas na mão ele continua seu caminho.
- “Obrigado” ainda existe! – diz Diego consigo mesmo olhando o garoto partir.
- Diego – chama Andréia – olhe! Aquela garotinha também carrega velas nas mãos!
- Essas crianças daqui são bem estranhas – diz Diego observando a garota de pele morena com um saco de velas nas mãos.
Eles voltam para o hotel e encontram o dono assistindo televisão na sala. Entram no quarto se beijando e se agarrando.Mas antes deles poderem se despir Diego vê pessoas na rua se amontoando perto do hotel. Curioso, decide ir ver o que está acontecendo.
- Aonde você vai? – pergunta Andréia.
- Espere aqui – diz ele – eu já volto!
Após dizer isso ele sai do quarto. Ela sem entender deita-se na cama para esperá-lo. O tempo passa e ela começa a ficar preocupada. Olha pela janela e não vê ninguém. Já bastante preocupada, sai à procura de seu marido.
Na rua, ela escuta cânticos vindos de longe. Ela vai seguindo-os às pressas rezando para que nada de mal tenha acontecido a Diego. Entra na mata e vê uma luz como de uma fogueira. Continua correndo, dessa vez, na direção da luz. Em sua pressa, ela acaba atropessando em cima de uma pedra e caindo na lama. Levanta-se e vê que no que ela havia atropessado não era uma pedra e sim um crânio humano. Começa então a gritar e se afastar do crânio. Nisso ela pisa em cima de um osso que ao olhar vê que é um fêmur. Olha ao seu redor e vê várias ossadas humanas. Ela não agüenta tudo aquilo e começar a pensar o que teria acontecido a Diego. Nesse momento, alguma coisa lhe acerta a cabeça e ela desmaia.
Ela acorda com cânticos em uma língua estranha. Olha para os lados e se vê amarrada pelo corpo todo e com uma fita isolante na boca. Está no chão, toda suja de lama. Ao seu redor os habitantes da cidade com velas nas mãos a observam. São eles que cantam. Ela reconhece alguns como: a dona do bar, o mecânico, o dono do hotel e até o garoto que se esbarrou no Diego. Começa a ficar mais assustada ainda. Tenta gritar mais não consegue.
Um dos habitantes aproxima-se, é o dono do hotel. Ele a olha profundamente e percebe o pânico em seu olhar. Ela tenta implorar, mais só consegue balançar a cabeça para os lados. Ele ri e diz:
- Não adianta implorar. Você deveria ter ficado no hotel, nos só precisávamos do seu marido. Mas, já que está aqui, o Carniceiro vai ter sobremesa. Devia ter visto a cara de seu marido quando viu o Carniceiro. É parecida com a que você faz agora!
Não, não somos maus. Apenas precisamos alimentá-lo toda a semana, senão ele se enfurece e saí para devorar alguém da cidade.
Após dizer isso, ele e mais dois levam Andréia até o Carniceiro. Os cânticos não param e ela tenta escapar mesmo sabendo que é impossível, pois está bem amarrada.
- Nos já sabíamos de sua vinda – diz o dono do hotel – o Carniceiro nos informou telepaticamente. Não sabemos exatamente o que ele é, só sei que ele apareceu um dia quando estrelas se moviam no céu e deste dia em diante, nos tivemos que alimentá-lo com pessoas de fora para nos protegermos. Muitos habitantes desse “fim de mundo”, questionaram a possibilidade de pedirmos ajuda para as autoridades de outras cidades. Mas não era uma boa idéia. Afinal, isso não passaria de mais uma lenda para eles.
Aproximam-se de algo preso no chão que está além da compreensão humana. Uma coisa meio esverdeada como uma enorme planta. Algo puramente anormal, como se saído de um pesadelo de criança. Aquilo se meche, demonstrando estar vivo. Ao seu redor pode-se ver os restos de uma pessoa. Andréia reconhece que é Diego pela aliança em uma mão solta no chão. Começa a chorar e forçar a boca para poder gritar. Não é necessário que ela grite pois todos percebem sua agonia e seu medo, mas ignoram.
- Hoje trouxemos sobremesa para você – diz o dono do hotel.
A criatura abre o que parecem ser pétalas, mas com milhares de dentes. Um tentáculo gosmento sai de lá, agarra Andréia e a põe para dentro de forma violenta e rápida. Enquanto isso todos observam ela ser devorada brutalmente. Alguns se comovem. Mas era os forasteiros ou eles!
LUA-DE-MEL Por Rodrigo Carvalho®
Era a lua-de-mel de Diego e Andréia. O pôr-do-sol misturado às lindas paisagens parecia uma bela pintura.Eles decidiram viajar para Castanhal, a cidade natal de Diego. Ele vem à viagem toda falando da cidade para Andréia, que nunca havia ido lá antes. Ela quase nem dá atenção ao que ele diz. Pois sua atenção está voltada para as belas paisagens que correm contra o carro.
- Eu costumava matar aulas para jogar bola lá em Castanhal – diz Diego.
- Ãh? O que você disse? – pergunta Andréia distraída.
- Eu disse que costumava matar aula para jogar bola em Castanhal – diz Diego.
- Você já me disse isso umas cem vezes – observa Andréa.
- Desculpe-me – diz ele – eu acho que não tenho mais nada para falar de Castanhal.
- Pelo menos não vou me perder por lá. Já conheço tudo se nunca ter ido lá – diz Andréia em tom de zombaria.
- Tenho certeza que você vai gostar de Castanhal – diz Diego.
- Espero – diz ela – pois estamos na estrada a um bom tempo e ainda não chegamos.
De repente o carro deles passa violentamente por cima de um buraco e o pneu estoura. Eles se espantam com o barulho.
Oh, droga! – diz Diego – está merda foi estourar justo aqui neste fim de mundo!
- Que azar! – diz Andréia – justo hoje na minha lua-de-mel.
- E o pior de tudo é que eu emprestei o pneu reserva para o Jorge naquele dia em que fomos para Mosqueiro – diz ele.
Eles então são obrigados a parar o carro do lado da estrada perto de algumas plantas. Roberto sai do carro e diz a sua esposa:
- Tem uma cidadezinha de beira de estrada a alguns metros daqui. Eu vou lá pedir ajuda. Não saia do carro, eu já volto.
Em seguida, vai andando até a cidade. Andréia se sente um pouco incomodada de ficar só no meio do nada. Mil coisas passam pela sua cabeça. Decide então ligar o som para espantar o medo. Poe um disco do Zé Ramalho e tranca as portas.
Meia-hora depois, Diego finalmente chega na cidade. A escuridão começa a tomar conta do céu. Entra em um bar para pedir informação. O lugar é simples, tão simples quanto a maioria de seus clientes.
No momento ele está quase vazio. Diego percebe a perseguição de olhares de bêbados, mas não liga. No balcão, uma senhora gorda de pele negra e cabelos brancos usando um vestido de flores aparentando ter uns 65 anos, percebe Diego e se prepara para atendê-lo. Os bêbados começam a sussurrar coisas envolvendo um tal de “Carniceiro” e sobre forasteiros, com certeza lhe envolvendo, mas novamente ignora.
- Boa noite! – cumprimenta ele.
- Boa – diz ela seriamente – o que vai querer?
- Somente uma informação – responde ele – onde eu encontro uma oficina mecânica por aqui?
- Do outro lado da rua tem uma – responde ela – você é de fora?
- Sou sim – responde ele – estou passando a lua-de-mel com a minha esposa. Mas aí o pneu estourou e o reserva não tá comigo.
- Esperam que sejam felizes – diz ela.
- Obrigado! – agradece Diego - e obrigado pela informação também!
- Disponha!
Ele sai do bar e procura a oficina. Vê então uma casa pequena toda feita de madeira com dois carros na frente semidesmontados e mais um chevette velho que provavelmente é do dono da oficina. Ele se encaminha até lá. É atendido por um senhor moreno e sem camisa, apenas com uma calca jeans suja e uma chinela preta.
- O que o senhor deseja – pergunta ele a Diego.
- O pneu do meu carro furou e o reserva tá emprestado – diz Diego – eu gostaria que o senhor pudesse rebocá-lo até aqui e ver o que se pode fazer.
- Onde está seu carro?
- A alguns metros daqui no meio da estrada.
- Vamos lá!
Eles entram no carro e vão estrada adentro. No caminho o senhor pergunta:
- Vocês são de fora?
- Sim, claro. É nossa lua-de-mel. Mas espere! Como você sabe que não estou só?
- Ah, bom... é que eu vi sua aliança e imaginei que estivesse com sua esposa.
- Certo.
Alguns minutos depois eles avistam os faróis do carro ligados. Eles então rebocam o carro até a oficina. Lá o mecânico diz que o pneu ainda tem salvação e tapa o buraco. Diego agradece e lhe paga o serviço. Já está tarde, Diego e Andréia estão cansados. Decidem então dormir em algum hotel por ali.
Encontraram um hotel bem vagabundo por R$ 15,00. O dono, um senhor com traços indígenas disse que é o único hotel da cidade e eles não duvidam, pois não são muitas pessoas que decidem passar as férias numa cidade como aquela. O ventilador mal funciona e o colchão da cama pode causar problemas à coluna de alguém de tão gasto e danificado que está. Além de tudo isso, tem muitos mosquitos. Sorte a deles que trouxeram repelente.
Depois de tomarem banho, Diego e Andréia vão até o bar daquela senhora para comer alguma coisa. Eles percebem olhares curiosos e sussurros ao entrarem, mas ignoram. Pedem um refrigerante e umas coxinhas e sentam-se numa mesa.
- Nossa lua-de-mel não está saindo como planejamos - diz Diego.
- Pense bem... – diz Andréia – pior do que isso não pode ficar!
- Quem sabe... – diz Diego em um tom de desconfiança – já percebeu como essas pessoas nos olham. Parece que somos de outro planeta!
- Ah,ah,ah.
- Que foi? Por que você está rindo?
- Você parece um paranóico falando desse jeito.
- Tudo bem – diz ele sorrindo – depois não me chame quando eles quiserem comer seu cérebro.
- Acho que foi esse seu lado estranho que me chamou atenção.
- Eu pensei que fosse por outro motivo...
- É? Qual? – diz Andréia sorrindo.
- Ora, você sabe, aquilo...
- Ah, sei... – diz ela ainda sorrindo – é, também!
- Mas qual lhe chamou mais atenção?
- Não sei. Acho que teremos que ir para o nosso quarto descobrir.
Diego paga a conta e eles saem do bar. No meio do caminho Diego se esbarra com um garoto moreno de mais ou menos sete anos de idade. Ele vinha trazendo um saco de velas que agora se encontram espalhadas pelo chão.
- Desculpe garoto – diz Diego levantando-o.
O garoto não fala nada, apenas o encara com um olhar profundo.
- Deixe-me ajudar! – diz Diego ajuntando as velas junto com o garoto.
Andréia também decide ajudar.
- O que você vai fazer com um monte de velas? – pergunta ela.
Novamente o garoto continua calado.
Com todas as velas na mão ele continua seu caminho.
- “Obrigado” ainda existe! – diz Diego consigo mesmo olhando o garoto partir.
- Diego – chama Andréia – olhe! Aquela garotinha também carrega velas nas mãos!
- Essas crianças daqui são bem estranhas – diz Diego observando a garota de pele morena com um saco de velas nas mãos.
Eles voltam para o hotel e encontram o dono assistindo televisão na sala. Entram no quarto se beijando e se agarrando.Mas antes deles poderem se despir Diego vê pessoas na rua se amontoando perto do hotel. Curioso, decide ir ver o que está acontecendo.
- Aonde você vai? – pergunta Andréia.
- Espere aqui – diz ele – eu já volto!
Após dizer isso ele sai do quarto. Ela sem entender deita-se na cama para esperá-lo. O tempo passa e ela começa a ficar preocupada. Olha pela janela e não vê ninguém. Já bastante preocupada, sai à procura de seu marido.
Na rua, ela escuta cânticos vindos de longe. Ela vai seguindo-os às pressas rezando para que nada de mal tenha acontecido a Diego. Entra na mata e vê uma luz como de uma fogueira. Continua correndo, dessa vez, na direção da luz. Em sua pressa, ela acaba atropessando em cima de uma pedra e caindo na lama. Levanta-se e vê que no que ela havia atropessado não era uma pedra e sim um crânio humano. Começa então a gritar e se afastar do crânio. Nisso ela pisa em cima de um osso que ao olhar vê que é um fêmur. Olha ao seu redor e vê várias ossadas humanas. Ela não agüenta tudo aquilo e começar a pensar o que teria acontecido a Diego. Nesse momento, alguma coisa lhe acerta a cabeça e ela desmaia.
Ela acorda com cânticos em uma língua estranha. Olha para os lados e se vê amarrada pelo corpo todo e com uma fita isolante na boca. Está no chão, toda suja de lama. Ao seu redor os habitantes da cidade com velas nas mãos a observam. São eles que cantam. Ela reconhece alguns como: a dona do bar, o mecânico, o dono do hotel e até o garoto que se esbarrou no Diego. Começa a ficar mais assustada ainda. Tenta gritar mais não consegue.
Um dos habitantes aproxima-se, é o dono do hotel. Ele a olha profundamente e percebe o pânico em seu olhar. Ela tenta implorar, mais só consegue balançar a cabeça para os lados. Ele ri e diz:
- Não adianta implorar. Você deveria ter ficado no hotel, nos só precisávamos do seu marido. Mas, já que está aqui, o Carniceiro vai ter sobremesa. Devia ter visto a cara de seu marido quando viu o Carniceiro. É parecida com a que você faz agora!
Não, não somos maus. Apenas precisamos alimentá-lo toda a semana, senão ele se enfurece e saí para devorar alguém da cidade.
Após dizer isso, ele e mais dois levam Andréia até o Carniceiro. Os cânticos não param e ela tenta escapar mesmo sabendo que é impossível, pois está bem amarrada.
- Nos já sabíamos de sua vinda – diz o dono do hotel – o Carniceiro nos informou telepaticamente. Não sabemos exatamente o que ele é, só sei que ele apareceu um dia quando estrelas se moviam no céu e deste dia em diante, nos tivemos que alimentá-lo com pessoas de fora para nos protegermos. Muitos habitantes desse “fim de mundo”, questionaram a possibilidade de pedirmos ajuda para as autoridades de outras cidades. Mas não era uma boa idéia. Afinal, isso não passaria de mais uma lenda para eles.
Aproximam-se de algo preso no chão que está além da compreensão humana. Uma coisa meio esverdeada como uma enorme planta. Algo puramente anormal, como se saído de um pesadelo de criança. Aquilo se meche, demonstrando estar vivo. Ao seu redor pode-se ver os restos de uma pessoa. Andréia reconhece que é Diego pela aliança em uma mão solta no chão. Começa a chorar e forçar a boca para poder gritar. Não é necessário que ela grite pois todos percebem sua agonia e seu medo, mas ignoram.
- Hoje trouxemos sobremesa para você – diz o dono do hotel.
A criatura abre o que parecem ser pétalas, mas com milhares de dentes. Um tentáculo gosmento sai de lá, agarra Andréia e a põe para dentro de forma violenta e rápida. Enquanto isso todos observam ela ser devorada brutalmente. Alguns se comovem. Mas era os forasteiros ou eles!
quarta-feira, abril 12, 2006
A MOÇA DO APARTAMENTO 304-conto
Boa-noite!Hoje tenho para vocês mais um dos meus contos macabros e perturbadores.Espero que gostem e comentem.
Doulgas era um rapaz que acabara de conhecer a garota mais bela que ja viu. Porém, há algo diferente nessa garota que ele só descobrirá na Fuga da Sanidade.
A MOÇA DO APARTAMENTO 304 Por Rodrigo Carvalho®
Era uma manhã de Dia de Finados quando Douglas e eu a vimos pela primeira vez, linda, de pele morena-clara, cabelos escuros, longos e ondulados e olhos castanhos-claros. Seu rosto era tão perfeito assim como seu corpo. Era uma das garotas mais lindas que já vi. Eu até me lembro de ter comentado algo sobre sua beleza e quem olhasse para meu rosto poderia notar o meu olhar malicioso e desejoso. Ao olhar para Douglas vi que seu olhar era diferente, não parecia ter malícia como o meu. Seus olhos brilhavam como o sol, e ele parecia um garotinho de sete anos que acabara de conhecer o primeiro amor. Isso era patético!
Douglas passou um bom tempo olhando a moça, parecia em transe. Só parou de sonhar acordado quando ela se foi caminhando pela calçada. Mesmo assim ele a seguia com os olhos. Eu o chamei e ele ainda com olhos brilhando me disse algo como “É sem dúvida a garota mais linda que já vi! Preciso conhece-la!”. Após dizer isso, foi atrás dela e me disse que nos falaríamos mais tarde. Bom, fui para casa e logo depois do almoço ele me ligou dizendo que conseguira conhece-la. Seu nome era Sabrina e ela não tinha namorado e morava sozinha no apartamento 304 do prédio em frente ao nosso. Ele estava realmente animado, pois marcara que a levaria para sair mais tarde.
Já era umas dez horas da noite quando ele me ligou e disse que a levara ao cinema e agora a levaria a um restaurante. Disse também que ela era tudo que ele procurara e enfim encontrara. Nunca o vi tão feliz. Também estava feliz por ele. Porém eu tinha a sensação de que havia algo errado, não sabia o que, mas Douglas parecia muito feliz, como se tivesse obcecado pela garota. Ele nunca foi de se apegar a alguém assim.Eu poderia estar enganado, na verdade, quem dera estar. Decidi ir até o prédio onde ela morava e esperar de longe eles chegarem para ver o que estava acontecendo, só para ter certeza de que não tinha nada de errado.
Era vinte para a meia-noite quando vi o carro de Douglas estacionar em frente ao prédio. Eles desceram do carro e entraram no prédio. Logo em seguida entrei também fazendo o possível para que não me vissem. Fui surpreendido pelo porteiro do prédio que me perguntou se queria falar com alguém. Disse a ele que procurara um amigo que estava com uma garota chamada Sabrina. Ele me olhou com os olhos meio arregalados e pediu para eu descrever a garota. Fiz uma descrição rápida dela. Ele abaixou a cabeça como se preparasse para me dar uma péssima notícia. Olhou-me nos olhos e disse calmamente que Sabrina morreu de câncer a uns dez anos atrás e todo Dia de Finados ela volta para passear pela cidade. Eu perguntei se ele estava brincando com a minha cara, mas ao olhar para seu rosto vi que falava sério. Não conseguia acreditar. Disse que ela morava no 304 e ele me disse que ninguém morava lá. Corri para o elevador. Ele não me impediu, pois sabia o que iria fazer. Apenas me disse que o 304 ficava no penúltimo andar.
Ao chegar lá vi Douglas e Sabrina se beijando no corredor na frente do 304, estavam se preparando para entrar. Eu o chamei, mas ele não ouviu. Era meia-noite. Quando Sabrina abriu a porta, uma luz branca fugia para o corredor junto com uma névoa. Douglas parecia hipnotizado, só tinha olhos para o belo sorriso de sua namorada que segurava levemente sua mão e o encaminhava para dentro do apartamento. Tentei alcança-los, mas a porta se fechou. A luz que ainda saíra pelas frestas da porta ia sumindo aos poucos. Bati na porta chamando por Douglas e ninguém atendeu. “Ô maluco, vai embora antes que eu chame a polícia!”, foi o que uma senhora de um apartamento próximo disse. “Não mora ninguém aí!”, continuo ela. Eu disse que meu amigo entrara lá com a moradora daquele apartamento. Ela veio e abriu a porta. Ao olhar para dentro vi que tudo estava escuro, liguei a luz e não havia nada, nem móveis, nem tapete, nem cortinas e nem sinal de Douglas e Sabrina. Enfim, nada.
Não faço idéia de onde eles estão agora, mas de uma coisa tenho certeza, Douglas está feliz, não importa onde eles estejam, pois ele finalmente encontrou o amor.
Doulgas era um rapaz que acabara de conhecer a garota mais bela que ja viu. Porém, há algo diferente nessa garota que ele só descobrirá na Fuga da Sanidade.
A MOÇA DO APARTAMENTO 304 Por Rodrigo Carvalho®
Era uma manhã de Dia de Finados quando Douglas e eu a vimos pela primeira vez, linda, de pele morena-clara, cabelos escuros, longos e ondulados e olhos castanhos-claros. Seu rosto era tão perfeito assim como seu corpo. Era uma das garotas mais lindas que já vi. Eu até me lembro de ter comentado algo sobre sua beleza e quem olhasse para meu rosto poderia notar o meu olhar malicioso e desejoso. Ao olhar para Douglas vi que seu olhar era diferente, não parecia ter malícia como o meu. Seus olhos brilhavam como o sol, e ele parecia um garotinho de sete anos que acabara de conhecer o primeiro amor. Isso era patético!
Douglas passou um bom tempo olhando a moça, parecia em transe. Só parou de sonhar acordado quando ela se foi caminhando pela calçada. Mesmo assim ele a seguia com os olhos. Eu o chamei e ele ainda com olhos brilhando me disse algo como “É sem dúvida a garota mais linda que já vi! Preciso conhece-la!”. Após dizer isso, foi atrás dela e me disse que nos falaríamos mais tarde. Bom, fui para casa e logo depois do almoço ele me ligou dizendo que conseguira conhece-la. Seu nome era Sabrina e ela não tinha namorado e morava sozinha no apartamento 304 do prédio em frente ao nosso. Ele estava realmente animado, pois marcara que a levaria para sair mais tarde.
Já era umas dez horas da noite quando ele me ligou e disse que a levara ao cinema e agora a levaria a um restaurante. Disse também que ela era tudo que ele procurara e enfim encontrara. Nunca o vi tão feliz. Também estava feliz por ele. Porém eu tinha a sensação de que havia algo errado, não sabia o que, mas Douglas parecia muito feliz, como se tivesse obcecado pela garota. Ele nunca foi de se apegar a alguém assim.Eu poderia estar enganado, na verdade, quem dera estar. Decidi ir até o prédio onde ela morava e esperar de longe eles chegarem para ver o que estava acontecendo, só para ter certeza de que não tinha nada de errado.
Era vinte para a meia-noite quando vi o carro de Douglas estacionar em frente ao prédio. Eles desceram do carro e entraram no prédio. Logo em seguida entrei também fazendo o possível para que não me vissem. Fui surpreendido pelo porteiro do prédio que me perguntou se queria falar com alguém. Disse a ele que procurara um amigo que estava com uma garota chamada Sabrina. Ele me olhou com os olhos meio arregalados e pediu para eu descrever a garota. Fiz uma descrição rápida dela. Ele abaixou a cabeça como se preparasse para me dar uma péssima notícia. Olhou-me nos olhos e disse calmamente que Sabrina morreu de câncer a uns dez anos atrás e todo Dia de Finados ela volta para passear pela cidade. Eu perguntei se ele estava brincando com a minha cara, mas ao olhar para seu rosto vi que falava sério. Não conseguia acreditar. Disse que ela morava no 304 e ele me disse que ninguém morava lá. Corri para o elevador. Ele não me impediu, pois sabia o que iria fazer. Apenas me disse que o 304 ficava no penúltimo andar.
Ao chegar lá vi Douglas e Sabrina se beijando no corredor na frente do 304, estavam se preparando para entrar. Eu o chamei, mas ele não ouviu. Era meia-noite. Quando Sabrina abriu a porta, uma luz branca fugia para o corredor junto com uma névoa. Douglas parecia hipnotizado, só tinha olhos para o belo sorriso de sua namorada que segurava levemente sua mão e o encaminhava para dentro do apartamento. Tentei alcança-los, mas a porta se fechou. A luz que ainda saíra pelas frestas da porta ia sumindo aos poucos. Bati na porta chamando por Douglas e ninguém atendeu. “Ô maluco, vai embora antes que eu chame a polícia!”, foi o que uma senhora de um apartamento próximo disse. “Não mora ninguém aí!”, continuo ela. Eu disse que meu amigo entrara lá com a moradora daquele apartamento. Ela veio e abriu a porta. Ao olhar para dentro vi que tudo estava escuro, liguei a luz e não havia nada, nem móveis, nem tapete, nem cortinas e nem sinal de Douglas e Sabrina. Enfim, nada.
Não faço idéia de onde eles estão agora, mas de uma coisa tenho certeza, Douglas está feliz, não importa onde eles estejam, pois ele finalmente encontrou o amor.
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