domingo, abril 30, 2006

NEGOCIANDO COM A MORTE - conto

Daniel estava feliz por voltar para casa, até um trágico acidente poder fazê-lo perder o que mais ama, sua familia. Porém, ele fará de tudo para impedir isso, mas às vezes o destino nos prega peças, e isso ele descobrirá na Fuga Da Sanidade.

NEGOCIANDO COM A MORTE Por Rodrigo Carvalho®

Daniel estava muito feliz, pois finalmente voltava para sua família. Estava feliz, pois a menos de uma hora chegaria a sua casa e da janela do avião via as nuvens de sua terra natal dando-lhe boas vindas. Era onze da noite e faltava muito pouco para esse tão esperado reencontro. Mas infelizmente seu destino era outro. O avião em que estava sofreu uns problemas no motor e comprometeu a vida de várias pessoas. O piloto e o co-piloto faziam tudo que podiam enquanto as aeromoças tentavam acalmar os passageiros. Daniel rezava para aquele terror acabar logo e ele poder reencontrar sua esposa e filho. O pânico aumentava à medida que o avião caia. Daniel então viu a morte o chamando e sabia que não poderia escapar dela.
Os gritos cessaram quando o avião se chocou no chão a poucos quilômetros do aeroporto. Não houve sobreviventes. Daniel se via agora seguindo sozinho por uma estrada longa e deserta. Não havia nenhum sinal de vida ao redor. Dos dois lados só se via flores douradas e o céu era claro como uma bela manhã de domingo na antiga fazenda de sua família, onde passara os fins de semana junto com seus pais. Apesar do ambiente lhe agradar, se sentira sozinho e sabia que não mais veria sua família. Não, ele não podia aceitar. Não queria ficar só para sempre. O desespero tomara conta de sua mente e ele lamentara sua morte e já não queria mais seguir em frente.
“Ora, não fique assim, estar morto não significa o fim de tudo. É apenas o começo!”, disse uma voz familiar vinda do seu lado direito. Ao olhar, Daniel não conseguiu se conter ao rever seu pai que falecera quando ele ainda era criança. Seu pai sorriu e disse que ele deveria continuar seguindo. Daniel o ignorou e o abraçou de tanta felicidade. “Não fique tão animado, Daniel, não é bem o que você está pensando. Eu não sou seu pai, sou a Morte. Apenas vi com a aparência dele para conforta-lo.”, disse o homem. Daniel o largou espantado. “Não precisa ficar assim, para onde você vai encontrará seu pai!”, disse a Morte, “Apenas continue seguindo!”. “Não, não posso! Tenho que voltar para casa!”, gritou Daniel. “Olhe, sei como deve estar se sentindo, mas seu lugar agora é no fim deste caminho!”, disse a Morte novamente. “Mas eu preciso voltar! Meu filho só tem sete anos e minha esposa também precisa de mim!”, insistiu Daniel. “Eu sei, mas agora você está morto e eles vão ter que se contentar com isso.”, disse a Morte.
Daniel se ajoelhou aos pés da Morte e implorou: “Por favor, me mande de volta. Eu imploro!”. “Sinto muito, mas não posso fazer isso.”, lamentou a Morte. “Por favor, não quero ficar só! Não quero perder minha família!”, insistiu novamente Daniel. “Está bem... vou te mandar de volta se você me vencer em uma partida de xadrez”, propôs a Morte e Daniel aceitou sem questionar. Então ela fez aparecer uma mesa com duas cadeiras e um tabuleiro de xadrez com peças de ouro.
A partida foi longa e demorada. Daniel estava ficando com dor-de-cabeça de tanto pensar em uma estratégia melhor que a da sua adversária. Enquanto que a Morte apenas sorria e se divertia, pois já fazia um bom tempo que não encontrara alguém para jogar xadrez com ela, pelo menos alguém tão bom. O jogo se estendeu por mais algumas horas até que finalmente Daniel gritou “Xeque-mate!”. Talvez a Morte não tenha usado toda a sua habilidade e estivesse tentando ser uma adversária razoável para que Daniel pudesse ter uma chance de vencer. Bom isso já não importava mais porque o jogo havia acabado.
A Morte então se levantou e impressionada com a vitória do adversário disse, “Você venceu de maneira justa. Me impressionou, mas não ache que terá a mesma sorte da próxima. Já que lhe prometi mandar-lhe de volta, cumprirei com minha promessa. Você voltará e viverá até ficar bem velho, quando finalmente nos reencontraremos e, quem sabe poderemos jogar novamente sem apostar nada, só por diversão. Mas lembre-se você terá que viver muito e só voltará para cá com morte natural. Qualquer coisa diferente, sua alma ficará presa no Mundo dos Vivos por um bom tempo”. “Seria legal jogar com você novamente!”, disse Daniel sorrindo. A Morte então disse que ele deveria voltar com calma pelo caminho de onde veio e logo estaria de volta a sua vida. Daniel se despediu e fez exatamente o que ela disse, andando com bastante calma, mesmo querendo correr. Caminhou por mais algum tempo até que viu uma luz dourada a sua frente e a atravessou.
Acordou num hospital deitando em uma cama e rodeado de máquinas, enfermeiras e um médico tentando reanima-lo. O médico feliz por ter salvado mais uma vida, disse que ele esteve desacordado por mais de doze horas e que eles já estavam sem esperanças, pois todos os outros passageiros morreram. Foi, sem dúvida, um milagre.
Daniel estava louco para rever sua família. Mas o médico disse que ele deveria esperar mais um pouco lá que logo eles iriam visitá-lo. Logo depois que todos saíram, sua esposa e filho entraram na sala. Daniel não conseguiu conter a felicidade e quis se levantar, mas com um gesto de mão, sua esposa pediu para que ele permanecesse deitado. Foi então que percebeu que eles pareciam tristes. “O que houve?”, perguntou ele, “Não estão felizes por estar vivo?”. Sua esposa balançou a cabeça para os lados e lágrimas caíam de seus olhos. “Por que não?”, perguntou Daniel bastante confuso. A porta se abriu e o médico entrou. Seu rosto parecia triste, porém ele já estará muito acostumado com esse tipo de situação. “Aconteceu alguma coisa?”, perguntou Daniel. O médico então, da melhor maneira possível, disse que sua esposa e filho sofreram um acidente de carro quando iam ao aeroporto e morreram. “Mas isso não é possível! Eles estão aqui! Você não está vendo?!”, gritou Daniel. Ao olhar novamente para sua bela esposa e seu único filho, via-os ficarem transparentes e uma luz branca surgir atrás deles. Daniel não teve reação neste momento e desejou sofrer um enfarte para poder partir com a sua família, mas vinha a sua mente a Morte dizendo que ele ainda iria viver muito. Por mais que se matasse, ficaria preso na Terra. Daniel agora só pôde chorar e amaldiçoar sua vida que não tem mais sentido, pois está sozinho para sempre.

quarta-feira, abril 26, 2006

A Arte De Viver


A Arte De Viver-René Magritte

Voce já teve aquela sensação de achar que nao está vivendo o suficiente? De achar que tem pouca experiencia de vida se comparado as pessoas com quase a mesma idade que a sua? As vezes me sinto assim, como se fosse um simples coadjuvante da estória da vida enquanto vejo as outras pessoas ganhando mais experiencia de vida do que eu e estórias para contar para os seus netos.
Muitos acham que viver é só sair pra balada e curtir a vida com a grana dos pais, mas a verdade é que viver é muito mais complexo do que isso... viver é trabalhar, adquirir responsabilidades e conhecer pessoas que realmente contribuirao de maneira positiva na sua vida e é isso que estou procurando agora. Ainda essa semana encontrei no bonde um amigo meu do Grao-Pará, ele tem 19 anos e já trabalha como técnico em informática. Me disse que pretende pagar a faculdade assim. Achei aquilo interessante porque eu, um cara de 21 anos de classe media que estuda numa faculdade particular, tem tudo que precisa e só trabalha com o pai, mas nao tem muito serviço, pareço um relaxado comparado a um cara como aquele. Já vi pessoas até mais novas que vivem por conta propria como se tivessem uns 30 anos! Claro que se voce tem quem pague suas contas, aproveite porque é um privilégio que poucos tem. Mas é sempre bom termos nossa propria grana e poder sair ou viajar com ela. Isso nos torna mais vivos, mais úteis e experientes. Vejo muito filhinho de papai que nunca fez nada a nao ser curtir a vida e acha que é vivido. Se divertir é tao importante quanto trabalhar, mas tem que ter um equilibrio entre ambos!

Gosto de trabalhar, mas se fosse mais esforçado já deveria ter um carro e até está morando sozinho. Quanto a sair... bom, sou um cara meio caseiro que só gosta de ir ao cinema e as vezes um show ou outros eventos culturais, porque me divirto mais lendo, assitindo filmes, escutando musica e escrevendo(sim, sou meio nerd mesmo :P!).

[]'s

terça-feira, abril 25, 2006

Novos Contos


Estou escrevendo novos contos de terror para postar todas as segundas e quartas. Aguardem!!!
[]'s

segunda-feira, abril 24, 2006

Vampiros Emocionais


Muitos filmes de hollywood abordam o mito do vampiro. Pois, tenho notícias ruins... eles EXISTEM!! Talvez nao da maneira como estamos acostumados a ver nos filmes: mortos-vivos que só saem a noite para beber sangue dos vivos e manter sua imortalidade. Mas existe outro tipo de vampiro que devemos tomar muito cuidado, eles sao conhecidos como vampiros emocionais. Sao qualquer tipo de pessoa(viva, claro!) que tira (ou suga) tua alegria, teu entusiasmo e amor próprio, às vezes sem-querer outras por pura maldade!
Eles geralmente atuam instaneamente sugando as tuas emoçoes duma só vez, mas há aqueles que sugam aos poucos...
São vampiros mais espertos porque eles primeiro te usam e vao te sugando até perceberem que tu já nao serve pra mais nada e ai te abandonam pra ir atras de outras vitimas! Eles geralmente sao pessoas carentes que nao tem nenhum respeito pelos sentimentos alheios. Se istalam na sua vida e se você realmente se encatar com eles vai sofrer muito quando te deixarem, e se isso acontecer sua energia emocial terá sido sugada e pra regenerar é necessario ter muita força de vontade e talvez ajuda de um psicologo. Temos como grandes exemplos desses vampiros os namorados(as) e amigos(as).
Como reconhecê-los? Simples, observe o corpotamento de toda pessoa solitaria e carente que se diz gostar de ti. Veja se ela gruda muito no seu pé e procure saber se mantem contato com outras pessoas. Se voce perceber que aquela pessoa só te procura porque nao tem mais ninguém, pode ter certeza que é um vampiro emocional e que só está te usando de rebanho e consolo. Claro que com a convivencia ela pode aprender a gostar de ti, mas geralmente quando percebe que já nao tem mais o que sugar, parte pra outra vitima! Por isso crianças, tomem muito cuidado com quem voces se envolvem. Isso vale tanto para uma simples amizade como para uma relação amorosa.

[]'s

Zumbis do Espaço

Nos Braços Da Vampira

by N/A

Ela veio junto com o vento
Com os seus cabelos negros
Suas presas reluzindo
Já não temos mais tempo

Quero sentir o seu corpo, vampira
Seus dentes no meu pescoço, vampira

Nossos sangues se encontram
As trevas nos esperam
Sei que não pertenço mais
Ao mundo dos mortais

Quero estar sempre ao seu lado, vampira
Quero ser o seu escravo, vampira

Vampira
Quero ter a vida eterna
Quero ser o seu escravo
Quero morrer nos seus braços

Sombrancelhas inclinadas
Em uma bela face pálida
Vários túmulos violados
O mundo em pedaços

Você veio do espaço, vampira
Quero morrer nos seus braços, vampira

sexta-feira, abril 21, 2006

O poder dos sonhos


Passei a tarde dormindo e tive um sonho bem relaxante. Não, não era sobre sexo, eu sonhei que passava o dia com a minha familia. Nós conversávamos muito e até o meu primo Jefferson "Caverna" Nunes tava aqui com agente. Estávamos rindo e conversando na cozinha. Discutiamos sobre politica, acho. Depois eu fui pro meu quarto e fiquei ouvindo e interpretando as musicas de um desconhecido musico ingles, um tal de Niggy alguma-coisa, vocês conhecem? Duvido muito porque ele nao existe, era só uma fusao de David Bowie com Bob Dylan que meu inconciente criou. Até que suas musicas eram legais e eu já tinha virado fã de uma baladinha romantica e dançante, e claro, do musico também. Sei, nada muito diferente do meu dia-a-dia, mas esse sonho me abriu os olhos para uma riqueza que eu nao valorizava muito(pelo menos nao o suficiente), a família.
Pode parecer ridiculo para alguns, mas a verdade é que é muito importante nos ter uma familia bem unida. Nós somos uma familia unida, mas eu nao gosto muito de sair com eles e acho que nao vou mudar muito isso, porém agora até que deu vontade de convidá-los para comer uma pizza, mas estou sem fome ;).
Por isso, valorizem mais a familia porque, mesmo que eles nao saibam tudo que voce faz, sao as pessoas que realmente gostam de ti.

Obs: Tenho a leve impressao que amanha vou achar isso brega e voltar a ser o que era, mas pelo menos nesse momento, sigam o meu conselho se quiserem ser mais felizes.
[]`s

quarta-feira, abril 19, 2006

A SIMBIOSE - conto

Um filho de deputado rico e influente tem um grande fardo para carregar pelo resto de sua vida. Ele já havia se acostumado até perceber que as coisas só tendem a piorar, mas isso ele só descobrirá na Fuga Da Sanidade.

A SIMBIOSE Por Rodrigo Carvalho®

- Sarratanas...? Você está aí? Bom se estiver... eu estou precisando da sua ajuda...
A entidade não respondeu ao meu chamado, talvez ainda esteja dormindo. Sarratanas é um demônio que habita minha mente desde quando eu nasci talvez. Quando era criança ele conversava muito comigo quando eu estava só em meu quarto ou em meus sonhos. Eu nunca tive medo. Mas como todo mundo, Sarratanas precisa se alimentar. Pena que ele não possa comer as coisas que eu como, mas isso é obvio uma vez que ele não é humano como eu. Sarratanas se alimenta de almas. Pelo menos uma vez ao mês ele precisa se saciar da alma de algum mortal. Claro que isso já me trouxe muitos problemas. Mas quando você é filho de um deputado muito rico e influente a lei nunca será contra você. Meus pais sempre souberam disso. Eu ainda me lembro quando tinha uns 5 ou 6 anos, estávamos nos três, eu papai e mamãe dormindo na cama de casal deles quando vi uma mancha preta se mexendo no forro do quarto, parecia estar viva. Minha mãe disse para eu não ter medo, pois era Sarratanas protegendo nossa casa.
Eram os meus pais que arranjavam almas para o Sarratanas. Às vezes eles traziam animais e outras pessoas que eram sacrificados. Hoje, eu dou o meu jeito, mas sempre consigo alimento e sempre que me meto em algum problema, meu pai me ajuda.
Sarratanas costuma me ajudar e me dar conselhos quando eu necessito. Agora por exemplo vou a uma entrevista num certo jornal local e preciso dele para me ajudar a falar bem, pois ainda fico nervoso na frente da TV. Esqueci de dizer que sou um famoso empresário e que meu pai está se candidatando a prefeito. Vou aproveitar para falar um pouco das propostas dele, afinal de contas eu estou apoiando-o, claro. Opa,Sarratanas acordou e acho que está como fome.
Olha só! Um pobre catador de lixo, na calçada de minha casa! Quem vai se importar?

- Olá amigo gostaria de algo para comer? Não precisa me olhar com esse olhar meio desconfiado, eu só quero te ajudar. Vamos, não tenha medo, eu moro logo ali!
Nos entramos no casarão e ele olha ao redor admirando a mobília cara e as cortinas vindas da França.
- Pode deixar suas tralhas ali e me acompanhe até a cozinha.
O idiota me segue e quando pisa na cozinha eu bato forte em sua cabeça com um batedor de alho. Ele tomba e eu torço para que esteja vivo. Seu coração ainda bate. Abro sua boca - urgh! Como fede! – em seguida coloco a minha boca também aberta e tento sugar a sua alma. Pronto, acabou.
O quê? Você ainda tem fome Sarratanas?! Já é o suficiente, vamos embo.. aiiii! Que dor de cabeça dos infernos! Ta bom, ta bom! Vamos lá fora atrás de outra vítima!
Saio de casa novamente e vejo minha próxima vítima, tão jovem e ingênua que tenho certeza de que será ainda mais fácil que aquele mendigo sujo.
Que tal aquele garoto ali? Deve ter uns 7 anos e parece bem saudável e cheio de vida. Melhor que aquele mendigo imundo! Certo? Então vamos lá!

- Bom dia garoto? Sabe, eu tenho muitos doces lá em casa e gostaria muito de repartir com alguma criança. Hoje é seu dia de sorte, pois você foi o escolhido. Vamos, me acompanhe, minha casa é logo ali. Ora seus pais não precisam saber e você não precisa ter medo. E aí você vem ou devo procurar outra criança sortuda? Você é um garoto muito esperto. Imaginei que diria isso. Vamos...
Estou de volta ao casarão agora com o garoto que parece um pouco desconfiado, mas quando sorrio superficialmente ele demonstra confiança. Mas quando percebe que não tem doce algum, seu rosto começa a ficar pálido e ele se afasta de mim.
- Está decepcionado por não encontrar doce algum? Você já é um doce de criança. È até bonitinho! Tão jovem... Aiiii... Tá bom Sarratanas! Vá em frente! Ele não faz mesmo o meu tipo!
Eu o agarro e ele grita tentado me arranhar com suas unhasinhas. Seu corpo é tão frágil que não faço muito esforço.
- Calma garoto já vai acabar, não precisa chorar! Nem adianta gritar, daqui ninguém pode te ouvir!
Ponho minha boca na sua e começo a sugar a sua alma. Tão cheia de vida e alegria! Esses sentimentos me fascinam, me fazem sentir mais humano, mais normal, pelo menos por alguns segundos como um bom orgasmo.
Espero que esteja satisfeito agora, Sarratanas, pois tenho uma entrevista para ir!
Acho que agora ele finalmente está satisfeito. Tenho que me aprontar, pois a entrevista é daqui a alguns minutos!

Agora estou no carro me dirigindo a emissora do programa. Sarratanas me disse para ir com um palito cinza que comprei na Inglaterra e tentar manter um sorriso discreto na hora da entrevista. Vai ser fácil... aiii... que droga Sarratanas! O que você quer agora?
Já estamos chegando Sarratanas, não seja tão afobado!
Para piorar minha dor de cabeça o celular toca.Quem dever ser uma hora dessas! É o papai?!
- Alô, pai... já estou chegando, claro que não esqueci do que tenho que dizer. Ah, e há um problema. Não, não é nada a ver com você e sua candidatura, é o Sarratanas, ele anda muito guloso, já sugou duas almas hoje e ainda continua com fome! Ai... droga acho que ele quer comer de novo! Você sabe o que está acontecendo? Então diga, pai!
Eu poderia esperar isso de todos, menos dos meus próprios pais. Meu pai diz que fui oferecido em um ritual satânico quando era criança só para ele enriquecer e entrar para a política. Esse porco sujo e falso!
- Não, pai! Não me venha com esse papo de dizer que fez isso para o NOSSO bem! Eu passei toda a minha vida tentando descobrir porque era diferente. Porque tinha esse demônio que só me transformou no monstro que sou! Eu nunca gostei dele de verdade, eu sempre o odiei! Mas aprendi a conviver com ele, pois sabia que não tinha outra escolha! Aiii... droga ele quer se alimentar de novo, não consigo me controlar. Ele está tentando dominar minha mente! Nãooo, socorro papaiii...

Onde estou? Que imagens estranhas são essas e esses gritos e esses espectros? Eu posso reconhecer estas pessoas, todas elas eu ofereci a Sarratanas como alimento. Até o mendigo e o garoto de hoje! Eles estão se aproximado! Me deixem em paz eu não tive escolha!
- Vocêe esstáa em minhaa meente agoraa... ssssss
- Sarratanas é você? Me tira daqui! Esses espectros estão vindo para cima de mim!
- Nuncaa...sssss... agoraa sssou euu queem comandaa o ssseu corpoo... sssss
- Sarratanas você não pode fazer isso! Eu sou seu dono! Eu o comando! Me tira daqui, rápido!
- Ssss...nãoo maisss queridooo. Euu e ssseu paii tinhamosss um tratoo. Quandoo elee maisss precisasseee de miim... euuu assumiriaaa o comandooo... sssss
- Você não pode me deixar aqui! Não! Por favor! Nãaaooo...
Ssss... tenhooo queee ir....sssss.... tenhooo milharesss de almasss para consssumir atravesss da tela da televissssãoooo....ssssss . Masss antesss tenhooo queee mudar minhaaa vozsss. Agora está melhor. Até mais tarde querido!

segunda-feira, abril 17, 2006

Star Vampire - Matt Dixon

LUA-DE-MEL - conto

Os recém-casados Diego e Andréia decidem passar sua lua-de-mel na cidade natal de Diego. Porém seu destino pode mudar quando eles ficam presos numa pequena cidade na beira da estrada. Ás vezes nossos sonhos e planos podem acabar mais cedo do que imaginamos, mas isso eles só descobrirão na Fuga Da Sanidade.

LUA-DE-MEL Por Rodrigo Carvalho®

Era a lua-de-mel de Diego e Andréia. O pôr-do-sol misturado às lindas paisagens parecia uma bela pintura.Eles decidiram viajar para Castanhal, a cidade natal de Diego. Ele vem à viagem toda falando da cidade para Andréia, que nunca havia ido lá antes. Ela quase nem dá atenção ao que ele diz. Pois sua atenção está voltada para as belas paisagens que correm contra o carro.
- Eu costumava matar aulas para jogar bola lá em Castanhal – diz Diego.
- Ãh? O que você disse? – pergunta Andréia distraída.
- Eu disse que costumava matar aula para jogar bola em Castanhal – diz Diego.
- Você já me disse isso umas cem vezes – observa Andréa.
- Desculpe-me – diz ele – eu acho que não tenho mais nada para falar de Castanhal.
- Pelo menos não vou me perder por lá. Já conheço tudo se nunca ter ido lá – diz Andréia em tom de zombaria.
- Tenho certeza que você vai gostar de Castanhal – diz Diego.
- Espero – diz ela – pois estamos na estrada a um bom tempo e ainda não chegamos.
De repente o carro deles passa violentamente por cima de um buraco e o pneu estoura. Eles se espantam com o barulho.
Oh, droga! – diz Diego – está merda foi estourar justo aqui neste fim de mundo!
- Que azar! – diz Andréia – justo hoje na minha lua-de-mel.
- E o pior de tudo é que eu emprestei o pneu reserva para o Jorge naquele dia em que fomos para Mosqueiro – diz ele.
Eles então são obrigados a parar o carro do lado da estrada perto de algumas plantas. Roberto sai do carro e diz a sua esposa:
- Tem uma cidadezinha de beira de estrada a alguns metros daqui. Eu vou lá pedir ajuda. Não saia do carro, eu já volto.
Em seguida, vai andando até a cidade. Andréia se sente um pouco incomodada de ficar só no meio do nada. Mil coisas passam pela sua cabeça. Decide então ligar o som para espantar o medo. Poe um disco do Zé Ramalho e tranca as portas.
Meia-hora depois, Diego finalmente chega na cidade. A escuridão começa a tomar conta do céu. Entra em um bar para pedir informação. O lugar é simples, tão simples quanto a maioria de seus clientes.
No momento ele está quase vazio. Diego percebe a perseguição de olhares de bêbados, mas não liga. No balcão, uma senhora gorda de pele negra e cabelos brancos usando um vestido de flores aparentando ter uns 65 anos, percebe Diego e se prepara para atendê-lo. Os bêbados começam a sussurrar coisas envolvendo um tal de “Carniceiro” e sobre forasteiros, com certeza lhe envolvendo, mas novamente ignora.
- Boa noite! – cumprimenta ele.
- Boa – diz ela seriamente – o que vai querer?
- Somente uma informação – responde ele – onde eu encontro uma oficina mecânica por aqui?
- Do outro lado da rua tem uma – responde ela – você é de fora?
- Sou sim – responde ele – estou passando a lua-de-mel com a minha esposa. Mas aí o pneu estourou e o reserva não tá comigo.
- Esperam que sejam felizes – diz ela.
- Obrigado! – agradece Diego - e obrigado pela informação também!
- Disponha!
Ele sai do bar e procura a oficina. Vê então uma casa pequena toda feita de madeira com dois carros na frente semidesmontados e mais um chevette velho que provavelmente é do dono da oficina. Ele se encaminha até lá. É atendido por um senhor moreno e sem camisa, apenas com uma calca jeans suja e uma chinela preta.
- O que o senhor deseja – pergunta ele a Diego.
- O pneu do meu carro furou e o reserva tá emprestado – diz Diego – eu gostaria que o senhor pudesse rebocá-lo até aqui e ver o que se pode fazer.
- Onde está seu carro?
- A alguns metros daqui no meio da estrada.
- Vamos lá!
Eles entram no carro e vão estrada adentro. No caminho o senhor pergunta:
- Vocês são de fora?
- Sim, claro. É nossa lua-de-mel. Mas espere! Como você sabe que não estou só?
- Ah, bom... é que eu vi sua aliança e imaginei que estivesse com sua esposa.
- Certo.
Alguns minutos depois eles avistam os faróis do carro ligados. Eles então rebocam o carro até a oficina. Lá o mecânico diz que o pneu ainda tem salvação e tapa o buraco. Diego agradece e lhe paga o serviço. Já está tarde, Diego e Andréia estão cansados. Decidem então dormir em algum hotel por ali.
Encontraram um hotel bem vagabundo por R$ 15,00. O dono, um senhor com traços indígenas disse que é o único hotel da cidade e eles não duvidam, pois não são muitas pessoas que decidem passar as férias numa cidade como aquela. O ventilador mal funciona e o colchão da cama pode causar problemas à coluna de alguém de tão gasto e danificado que está. Além de tudo isso, tem muitos mosquitos. Sorte a deles que trouxeram repelente.
Depois de tomarem banho, Diego e Andréia vão até o bar daquela senhora para comer alguma coisa. Eles percebem olhares curiosos e sussurros ao entrarem, mas ignoram. Pedem um refrigerante e umas coxinhas e sentam-se numa mesa.
- Nossa lua-de-mel não está saindo como planejamos - diz Diego.
- Pense bem... – diz Andréia – pior do que isso não pode ficar!
- Quem sabe... – diz Diego em um tom de desconfiança – já percebeu como essas pessoas nos olham. Parece que somos de outro planeta!
- Ah,ah,ah.
- Que foi? Por que você está rindo?
- Você parece um paranóico falando desse jeito.
- Tudo bem – diz ele sorrindo – depois não me chame quando eles quiserem comer seu cérebro.
- Acho que foi esse seu lado estranho que me chamou atenção.
- Eu pensei que fosse por outro motivo...
- É? Qual? – diz Andréia sorrindo.
- Ora, você sabe, aquilo...
- Ah, sei... – diz ela ainda sorrindo – é, também!
- Mas qual lhe chamou mais atenção?
- Não sei. Acho que teremos que ir para o nosso quarto descobrir.
Diego paga a conta e eles saem do bar. No meio do caminho Diego se esbarra com um garoto moreno de mais ou menos sete anos de idade. Ele vinha trazendo um saco de velas que agora se encontram espalhadas pelo chão.
- Desculpe garoto – diz Diego levantando-o.
O garoto não fala nada, apenas o encara com um olhar profundo.
- Deixe-me ajudar! – diz Diego ajuntando as velas junto com o garoto.
Andréia também decide ajudar.
- O que você vai fazer com um monte de velas? – pergunta ela.
Novamente o garoto continua calado.
Com todas as velas na mão ele continua seu caminho.
- “Obrigado” ainda existe! – diz Diego consigo mesmo olhando o garoto partir.
- Diego – chama Andréia – olhe! Aquela garotinha também carrega velas nas mãos!
- Essas crianças daqui são bem estranhas – diz Diego observando a garota de pele morena com um saco de velas nas mãos.
Eles voltam para o hotel e encontram o dono assistindo televisão na sala. Entram no quarto se beijando e se agarrando.Mas antes deles poderem se despir Diego vê pessoas na rua se amontoando perto do hotel. Curioso, decide ir ver o que está acontecendo.
- Aonde você vai? – pergunta Andréia.
- Espere aqui – diz ele – eu já volto!
Após dizer isso ele sai do quarto. Ela sem entender deita-se na cama para esperá-lo. O tempo passa e ela começa a ficar preocupada. Olha pela janela e não vê ninguém. Já bastante preocupada, sai à procura de seu marido.
Na rua, ela escuta cânticos vindos de longe. Ela vai seguindo-os às pressas rezando para que nada de mal tenha acontecido a Diego. Entra na mata e vê uma luz como de uma fogueira. Continua correndo, dessa vez, na direção da luz. Em sua pressa, ela acaba atropessando em cima de uma pedra e caindo na lama. Levanta-se e vê que no que ela havia atropessado não era uma pedra e sim um crânio humano. Começa então a gritar e se afastar do crânio. Nisso ela pisa em cima de um osso que ao olhar vê que é um fêmur. Olha ao seu redor e vê várias ossadas humanas. Ela não agüenta tudo aquilo e começar a pensar o que teria acontecido a Diego. Nesse momento, alguma coisa lhe acerta a cabeça e ela desmaia.
Ela acorda com cânticos em uma língua estranha. Olha para os lados e se vê amarrada pelo corpo todo e com uma fita isolante na boca. Está no chão, toda suja de lama. Ao seu redor os habitantes da cidade com velas nas mãos a observam. São eles que cantam. Ela reconhece alguns como: a dona do bar, o mecânico, o dono do hotel e até o garoto que se esbarrou no Diego. Começa a ficar mais assustada ainda. Tenta gritar mais não consegue.
Um dos habitantes aproxima-se, é o dono do hotel. Ele a olha profundamente e percebe o pânico em seu olhar. Ela tenta implorar, mais só consegue balançar a cabeça para os lados. Ele ri e diz:
- Não adianta implorar. Você deveria ter ficado no hotel, nos só precisávamos do seu marido. Mas, já que está aqui, o Carniceiro vai ter sobremesa. Devia ter visto a cara de seu marido quando viu o Carniceiro. É parecida com a que você faz agora!
Não, não somos maus. Apenas precisamos alimentá-lo toda a semana, senão ele se enfurece e saí para devorar alguém da cidade.
Após dizer isso, ele e mais dois levam Andréia até o Carniceiro. Os cânticos não param e ela tenta escapar mesmo sabendo que é impossível, pois está bem amarrada.
- Nos já sabíamos de sua vinda – diz o dono do hotel – o Carniceiro nos informou telepaticamente. Não sabemos exatamente o que ele é, só sei que ele apareceu um dia quando estrelas se moviam no céu e deste dia em diante, nos tivemos que alimentá-lo com pessoas de fora para nos protegermos. Muitos habitantes desse “fim de mundo”, questionaram a possibilidade de pedirmos ajuda para as autoridades de outras cidades. Mas não era uma boa idéia. Afinal, isso não passaria de mais uma lenda para eles.
Aproximam-se de algo preso no chão que está além da compreensão humana. Uma coisa meio esverdeada como uma enorme planta. Algo puramente anormal, como se saído de um pesadelo de criança. Aquilo se meche, demonstrando estar vivo. Ao seu redor pode-se ver os restos de uma pessoa. Andréia reconhece que é Diego pela aliança em uma mão solta no chão. Começa a chorar e forçar a boca para poder gritar. Não é necessário que ela grite pois todos percebem sua agonia e seu medo, mas ignoram.
- Hoje trouxemos sobremesa para você – diz o dono do hotel.
A criatura abre o que parecem ser pétalas, mas com milhares de dentes. Um tentáculo gosmento sai de lá, agarra Andréia e a põe para dentro de forma violenta e rápida. Enquanto isso todos observam ela ser devorada brutalmente. Alguns se comovem. Mas era os forasteiros ou eles!

quarta-feira, abril 12, 2006

A MOÇA DO APARTAMENTO 304-conto

Boa-noite!Hoje tenho para vocês mais um dos meus contos macabros e perturbadores.Espero que gostem e comentem.

Doulgas era um rapaz que acabara de conhecer a garota mais bela que ja viu. Porém, há algo diferente nessa garota que ele só descobrirá na Fuga da Sanidade.

A MOÇA DO APARTAMENTO 304 Por Rodrigo Carvalho®

Era uma manhã de Dia de Finados quando Douglas e eu a vimos pela primeira vez, linda, de pele morena-clara, cabelos escuros, longos e ondulados e olhos castanhos-claros. Seu rosto era tão perfeito assim como seu corpo. Era uma das garotas mais lindas que já vi. Eu até me lembro de ter comentado algo sobre sua beleza e quem olhasse para meu rosto poderia notar o meu olhar malicioso e desejoso. Ao olhar para Douglas vi que seu olhar era diferente, não parecia ter malícia como o meu. Seus olhos brilhavam como o sol, e ele parecia um garotinho de sete anos que acabara de conhecer o primeiro amor. Isso era patético!
Douglas passou um bom tempo olhando a moça, parecia em transe. Só parou de sonhar acordado quando ela se foi caminhando pela calçada. Mesmo assim ele a seguia com os olhos. Eu o chamei e ele ainda com olhos brilhando me disse algo como “É sem dúvida a garota mais linda que já vi! Preciso conhece-la!”. Após dizer isso, foi atrás dela e me disse que nos falaríamos mais tarde. Bom, fui para casa e logo depois do almoço ele me ligou dizendo que conseguira conhece-la. Seu nome era Sabrina e ela não tinha namorado e morava sozinha no apartamento 304 do prédio em frente ao nosso. Ele estava realmente animado, pois marcara que a levaria para sair mais tarde.
Já era umas dez horas da noite quando ele me ligou e disse que a levara ao cinema e agora a levaria a um restaurante. Disse também que ela era tudo que ele procurara e enfim encontrara. Nunca o vi tão feliz. Também estava feliz por ele. Porém eu tinha a sensação de que havia algo errado, não sabia o que, mas Douglas parecia muito feliz, como se tivesse obcecado pela garota. Ele nunca foi de se apegar a alguém assim.Eu poderia estar enganado, na verdade, quem dera estar. Decidi ir até o prédio onde ela morava e esperar de longe eles chegarem para ver o que estava acontecendo, só para ter certeza de que não tinha nada de errado.
Era vinte para a meia-noite quando vi o carro de Douglas estacionar em frente ao prédio. Eles desceram do carro e entraram no prédio. Logo em seguida entrei também fazendo o possível para que não me vissem. Fui surpreendido pelo porteiro do prédio que me perguntou se queria falar com alguém. Disse a ele que procurara um amigo que estava com uma garota chamada Sabrina. Ele me olhou com os olhos meio arregalados e pediu para eu descrever a garota. Fiz uma descrição rápida dela. Ele abaixou a cabeça como se preparasse para me dar uma péssima notícia. Olhou-me nos olhos e disse calmamente que Sabrina morreu de câncer a uns dez anos atrás e todo Dia de Finados ela volta para passear pela cidade. Eu perguntei se ele estava brincando com a minha cara, mas ao olhar para seu rosto vi que falava sério. Não conseguia acreditar. Disse que ela morava no 304 e ele me disse que ninguém morava lá. Corri para o elevador. Ele não me impediu, pois sabia o que iria fazer. Apenas me disse que o 304 ficava no penúltimo andar.
Ao chegar lá vi Douglas e Sabrina se beijando no corredor na frente do 304, estavam se preparando para entrar. Eu o chamei, mas ele não ouviu. Era meia-noite. Quando Sabrina abriu a porta, uma luz branca fugia para o corredor junto com uma névoa. Douglas parecia hipnotizado, só tinha olhos para o belo sorriso de sua namorada que segurava levemente sua mão e o encaminhava para dentro do apartamento. Tentei alcança-los, mas a porta se fechou. A luz que ainda saíra pelas frestas da porta ia sumindo aos poucos. Bati na porta chamando por Douglas e ninguém atendeu. “Ô maluco, vai embora antes que eu chame a polícia!”, foi o que uma senhora de um apartamento próximo disse. “Não mora ninguém aí!”, continuo ela. Eu disse que meu amigo entrara lá com a moradora daquele apartamento. Ela veio e abriu a porta. Ao olhar para dentro vi que tudo estava escuro, liguei a luz e não havia nada, nem móveis, nem tapete, nem cortinas e nem sinal de Douglas e Sabrina. Enfim, nada.
Não faço idéia de onde eles estão agora, mas de uma coisa tenho certeza, Douglas está feliz, não importa onde eles estejam, pois ele finalmente encontrou o amor.

segunda-feira, abril 10, 2006

FOBIA DE INSETOS - conto

Esse é um dos meus contos mais comentados em foruns de escritores.

Augusto tem uma fobia por insetos e ele mal sabe que está prestes conhecer o limite de seu medo na Fuga da Sanidade.

FOBIA DE INSETOS Por Rodrigo Carvalho®

Augusto acordou em sua cama. Olhou a hora no relógio. 3:00 horas da madrugada. Estava sem sono, cansado e com um pouco de dor de cabeça.Foi até a cozinha e bebeu um copo d’água. Lavou o rosto no banheiro, voltou para cama e esperou o sono voltar.
Começou a pensar no pesadelo que acabara de ter. Via a cidade infestada de enormes insetos. Ele sentiu um calafrio pelo corpo só de pensar nisso. Ele tinha fobia a insetos, descartando somente formigas pequenas. Esses pesadelos têm sido constantes ultimamente. Talvez, seja pelos problemas que estava passando em sua vida social. Outrora, levava uma boa vida, tinha um bom emprego e estava destacando-se na faculdade de medicina. Mas hoje, sua vida caiu nas garras da decadência. Foi despedido do banco onde trabalhava, seu pai morreu de enfarto a poucos meses e suas notas na faculdade caíram muito, fora que suas mensalidades estão três meses atrasadas. Com esses motivos, Augusto foi perdendo a vontade de viver.
O sono voltara enfraquecendo seu corpo e sua mente, e ele cedeu com prazer.
Agora ele se encontrava vagando pelas ruas no pôr-do-sol. Estava indo se encontrar com Vanessa, sua namorada, na praça. Ele a viu de costas e olhou as horas. Estava uma hora atrasado. “Ela deve estar furiosa” pensou ele. Mesmo assim, ele vai até lá pedir desculpas.
- Oi - disse ele, mas ela continuava de costas com os braços cruzados. – tá bom...sei que me atrasei de novo.
Ela continuava na mesma posição.
- Ora vamos... - disse ele – fala comigo!
Ela se virou para trás e no lugar de seu rosto estava a cara de uma aranha. Augusto gritou e se afastou. Ele acordou novamente em seu quarto e, ainda desperto, sentia minúsculas patinhas correndo pelo seu corpo. Se via cheio de insetos. Gritou novamente e pulou da cama derrubando alguns. Eram milhares, de todos os tipos e muitos o machucam com seus ferrões.
Augusto continuou derrubando-os com suas mãos. Mas eles pareciam que nunca acabavam, como se nascessem outros instantaneamente. Alguns entravam em sua boca e ele os cospia fora. Seu coração batia aceleradamente e ele achava que poderia ter um enfarto.
Gritou por socorro, mas ninguém apareceu. Correu para a cozinha, pegou o inseticida e jogou por todo o corpo. O inseticida acabou e nenhum inseto morreu.
Então correu para o banheiro e ligou o chuveiro. Em seguida, ficou debaixo dele tentando lavar o corpo. Quanto mais insetos caiam, mais apareciam.
Ele não aquentava mais essa agonia. Esses monstrinhos estavam em todo o seu corpo, desde os cabelos e a boca, até os pés e entrando em seu ânus. Ele enojava o próprio corpo e se pudesse mudaria de pele, pois para ele nem todos os tipos de banho tirariam tal “sujeira”.
“Já deveria estar rouco de tanto gritar”, pensou ele enquanto baratas tentavam entrar em sua boca. Talvez sua garganta seja mais resistente do que aparenta. Mas isso no momento não era o mais importante. Esse era, sem dúvida, o pior momento de sua vida e ele rezava para que aquilo não fosse real. Talvez sua fobia tivesse chegado a um estado muito avançado e estava lhe causando alucinações. Ou melhor, talvez aquilo fosse apenas um pesadelo. Mas não podia ser real.
Bateu três vezes com sua cabeça na parede na esperança de acordar. Nada aconteceu. Correu então para a cozinha onde pegou uma faca e fez um corte na palma de sua mão esquerda. A dor era tão grande que por um momento ele esquecia o seu sofrimento. O sangue escorria pelo seu braço e sujava alguns insetos. Mas, novamente, ele continuava em seu insuportável pesadelo. Percebeu, então, que não estava sonhando. E estava começando a perder a hipótese de ser apenas uma alucinação. Decidiu então ligar para Vanessa.
O telefone não funcionava.“Essa merda deve tá quebrada!”,pensou ele.“Talvez seja até melhor ela não me ver assim!”.
“Acho que é o fim!”, pensou ele sentando no sofá. Já não sentia tantas dores e nem se preocupava com o que fosse acontecer a ele, pois havia perdido a vontade de viver. Só lhe restava uma coisa a fazer: refletir sobre sua vida.
“Talvez seja melhor morrer”, pensou ele. Não tinha nada nesse mundo que o interessava, exceto Vanessa. Mas ele já não a amava tanto e seria melhor ela procurar alguém mais interessante, com um bom futuro e não um cara na beira da decadência.
Foi até a gaveta do seu armário e pegou seu revólver. Abriu bem sua boca e enfiou o cano da arma. Sua mão tremia um pouco e ele soava frio. Os insetos continuavam a violentar seu corpo. Ele pensou uma última vez em Vanessa e apertou o gatilho.
Algumas horas depois acordou.Os insetos ainda atacavam seu corpo e ele continuava em seu apartamento. O chão estava sujo de sangue e sua cabeça também. Mas o buraco da bala desapareceu. “Merda! Eu devia tá morto!”, pensou ele.
“Mas que droga tá acontecendo?”, pensou ele novamente. Correu para a sala. Tentou abrir a janela para pular, mas ela não abria. Apesar de não sentir muito a dor causada pelos insetos, a agonia era cada vez maior. Ele precisava se matar e se livrar dessa agonia de uma vez por todas.
Dava muitos socos fortes, mas a janela não cedia. Pegou então uma cadeira e, com toda sua força, bateu contra a janela. Finalmente ela cedeu e ele podia ver a cidade. Mas tudo parecia diferente, vazio. Não tinha carros circulando nas ruas, o céu estava roxo e as trevas tomam conta de prédios e casas. Ele se sentia só no mundo.
Começou a escutar grandes pisadas. Sombras se moviam no chão. Então insetos gigantes surgiram soltando gritos agudos e ensurdecedores. Augusto não conseguia acreditar no que via e se afasta da janela. Ele precisa se matar logo. Tentava se suicidar de várias formas, porém, não conseguia: sempre acorda em seu pesadelo real com os insetos em seu corpo.
Ajoelhou chorando e começou a gritar “O que está acontecendo!”. Ao dizer isso, imagens começaram a aparecer em sua mente. Ele se via jogado na cama com uma um lençol dando um nó em seu pescoço.Vanessa estava do lado da cama chorando com as mãos no rosto. Em seguida via-se dentro de um caixão e um padre com a bíblia aberta em suas mãos dava um sermão. Parentes e amigos estavam ao seu redor chorando e alguns também rezando. Seus irmãos consolando sua mãe e Vanessa sendo consolada por seu pai e seu irmão. Em seguida via-se nu dentro de um enorme útero. Sentia a dor de seus pecados e uma luz mórbida o puxava para fora.
Todas essas imagens lhe atingiam como flechas venenosas. Finalmente, ele sabia o que realmente aconteceu.

sexta-feira, abril 07, 2006

Groucho-marxismo!

Tai um livro q eu recomendo: Groucho-marxismo do Bob Black, da editora CONRAD. Um ensaio politico completamente satirico e anarquista q mostra q a revolução tem q ser feita pela comedia, até pq segundo o proprio autor "Se a revolução ñ servir para dançar e rir, ñ será nossa revolução" .Isso sim é subversao! =).
Vou citar abaixo algumas palavras de poder encontradas no livro:
CASAIS? Monogamia é monotonia.
A "CENA"? Aprenda e ser diferente como todos os outros.
CIVILIZAÇÃO? A doença de pele da biosfera.
A DIREITA? Torta.
A ESQUERDA? Um zero a esquerda.
GAYS?JUDEUS? Elites posando de oprimidas.
LEI? Crime sem castigo.
POLICIA? Terroristas com credenciais certas.
PRECONCEITO? Sociologia popular.
SIONISMO? Nazismo judeu.
ARTE? Um substituto cada vez mais inadequado para o sexo.
TEMPO LIVRE? Trabalho pelo qual o chefe ñ te paga.
VEGETARIANOS? Você é o que come.
VIOLENCIA NA ESCOLA? A luta de classes como luta na classe.
O ROCK? Tem um grande futuro por trás.