sábado, julho 14, 2007

Conto - INSÔNIA

Alex perdeu tudo para o pôquer, inclusive sua esposa. Decidiu então começar uma nova vida em outra cidade. Porém, ao parar num estranho hotel, tem a chance de ter sua antiga vida de volta. Mas ele descobrirá que às vezes a sorte pode ser uma grande ilusão na Fuga da Sanidade!


INSÔNIA Por Rodrigo Moreno®


Alex estava viajando na sua moto preta há quase dez horas e só fez duas paradas rápidas para lanchar e encher o tanque. A menos de uma semana, perdera tudo numa aposta: sua casa, emprego e principalmente Júlia (sua esposa, ou melhor, ex), que apesar de não tê-la colocado na aposta, ela, arrasada, prometeu nunca mais olhar pra cara daquele viciado em jogos. Alex pensou que ela estava blefando, mas após bater a porta do apartamento com tremenda violência, percebeu que nunca mais a veria. Júlia foi morar com os pais e se negava a atender seus telefonemas. Seu emprego também não estava na aposta, mas o Garcia – seu patrão – disse que estava cansado de ver Alex toda segunda estressado e deprimido por ter perdido alguma coisa. Isso estava influenciando diretamente no seu escritório, pois Alex não conseguia produzir nada naquele estado. O Garcia tentou ajudar como pôde, até pagou um psicólogo, mas não deu jeito, Alex estava perdido no mundo.
Pegou tudo que lhe restava, sua moto preta, algumas roupas e seguiu estrada adentro. A idéia é ir para uma outra cidade onde estejam precisando de algum contador com um básico conhecimento de informática. Poderia procurar na sua própria cidade mesmo, mas estava tão traumatizado com tudo que não queria mais morar lá. Tudo que quer agora é começar do zero, mesmo não fazendo idéia pra onde está indo.
Há alguns minutos atrás, Alex estava estressado e nervoso com todos esses problemas, mas agora seu velho amigo Johnny Cash acalma seus nervos com suas baladas no MP3. Cash também tem a ajuda das paisagens e do vento batendo na jaqueta de couro. Uma parte de seu coração pensa na sua antiga vida: Júlia, seu velho emprego, seus amigos de trabalho e até dos vizinhos do lado e de seus dois filhos pequenos que iam aos domingos brincar com seu poodle, Jéssica, que na verdade era de Julia e foi junto com a dona. Enfim, a saudade bate, mas “Você deve continuar adiante, Alex!” Diz seu inconsciente, ou talvez seja o orgulho...
Nuvens púrpuras preparam-se para receber o Sol, anunciando assim o fim de mais um dia. A moto acelera. Faltam apenas 100 m para a próxima cidade. Alex vai fazendo as contas mentalmente de quanto irá gastar nessa parada, e antes que pudesse terminar avista a placa de boas-vindas. Não gosta nenhum pouco da visão: cidade suja e cheia de botecos com vários caminhões estacionados. Crianças sujas de areia brincando com pneus velhos e carrinhos de plástico observam o estranho passar rápido na sua moto, deixando apenas uma nuvem de poeira seguindo-o como uma sombra.
Alex fica imaginando o hotel onde vai ficar, “Tomara que não tenha cobras no banheiro...”. Observa algumas pousadas, todas parecem iguais, até no preço. Qualquer uma servia, mas faz sua escolha definitiva quando vê um pequeno hotel de dois andares. 1001 Noites era o nome, que soou estranho para ele. Apesar da simples aparência, de fora parece ser bem confortável. “Parece que aqui o café da manhã deve ter mais opções do que um simples café com leite acompanhado de pão com manteiga ou ovo e queijo.”
Ao entrar se espanta ao ver o tamanho conforto que o estabelecimento possuía: sofás de boa qualidade, lustres, belos vasos decorando o ambiente, estranhos quadros surrealistas enfeitando as paredes e uma tv de tela plana de 50 polegadas onde um senhor sentando num luxuoso sofá assiste o campeonato brasileiro e do seu lado um outro senhor mais velho com cerca de 80 anos sentado numa cadeira de rodas lendo jornal. Na recepção, uma mulher bem vestida com pouco mais que 40 anos, está sendo atendida por um senhor com traços indígenas. Alex vai até o recepcionista. “Poderia me ver um quarto?”, pergunta Alex, “Sim, quando acabar de atender essa senhora.”, responde o senhor sem nenhuma expressão no rosto. “Não sabe esperar meu amigo!”, reclama a mulher. “Desculpa.”. Alex senta-se no sofá olhando para a tv. Está um pouco chateado e não está ligando pro campeonato. “Gosta de futebol rapaz?”, pergunta o senhor sentado no sofá ao lado. “Não muito...”, responde Alex. “Pois, eu adoro! Quando tinha uns vinte anos, meu sonho era ser um craque da seleção! Hehehe... jogava muito bem! Mas é assim mesmo... a idade vai chegando... vamos ficando sem forças! Hehehe... está vendo esse aí sentado na cadeira de rodas? Foi um dos maiores corredores do Brasil! Mas hoje não ganha nem de uma lesma. Então tudo que resta agora pro nosso amigo é ficar sentado esperando a Dona Morte bater na porta. Hehehe... todos vamos passar por isso, mas infelizmente pra mim, isso já está acontecendo.”. “Senhor!” , chama o recepcionista ainda sem muita expressão, “Já posso lhe atender!”. Alex se dirige até ele, mas é surpreendido pela mulher que havia reclamado, “Desculpe minha arrogância... Perdi meu esposo semana passada e não estou conseguido controlar meu humor.”, “Está tudo bem... eu entendo. Entendo muito bem. Meus pêsames.”, diz Alex. “Muito obrigada... não consigo passar um dia sem sonhar com ele...”. “Senhor!”, chama o recepcionista. “Acho que já estou atrapalhando...”, diz a mulher um pouco envergonhada. “Tá tudo bem!”, diz Alex pacientemente, “Me veja um quarto, por favor!”. “São R$ 20,00 a diária!”, diz o recepcionista. Após Alex pagar, o recepcionista lhe entrega a chave do quarto 207.
O quarto, apesar de pequeno, é bem confortável: uma cama de solteiro, um armário, ar-condicionado e uma tv de 14 polegadas. Além de uma sacada onde passa uma boa corrente de ar tornando o ar-condicionado quase que dispensável. Alex joga sua mochila de acampamento com suas poucas coisas no chão e se joga na cama afundando-se em seus pensamentos e, como sempre, refletindo sobre sua nova condição. Agora tudo que mais queria no mundo era voltar no tempo e mudar tudo. Não pela aposta, isso já não interessa mais, mas por seu emprego e principalmente por Júlia. Porém, se deprime ao voltar à realidade.
O cansaço torna seu corpo leve como se pudesse flutuar numa nuvem. Sua mente começa a trabalhar mais devagar, e a corrente de ar o presenteia com suaves calafrios e uma doce melodia, que dança pelas curvas dos seus ouvidos. Seus olhos ficam pesados e logo se cruzam sem que Alex perceba. Começa sua longa e fantástica viagem pelo inconsciente. Está de volta ao seu antigo apartamento. Júlia está reclamando e pedindo para parar de jogar. Alex rebate as palavras dela dizendo que se não fosse pelo jogo eles não teriam conseguido aquele belo apartamento tão rápido. “Nós já temos tudo que precisamos! Você não precisa mais jogar!”, continua Julia. “É claro que precisa! Hehehe...” diz uma voz familiar surgindo pela porta do apartamento. Alex olha para trás e reconhece seu velho companheiro de jogo, Cristóvão. “Não é Alex! Você não pode parar agora. Está ganhando muito! Vamos continuar nossa partida agora, o Wagner e o resto da turma estão esperando!”, insiste Cristóvão. “Não! Ele não vai! Acabou! E dá o fora do meu apartamento!”, grita Júlia. “Seu apartamento... sim agora é seu, mas se não fosse o jogo esse apartamento ainda seria meu! Tenho boas recordações dele e não foi fácil pra mim perdê-lo! Mas tudo bem... faz parte do jogo!”. “Sinto muito... mas tenho que ir. Dessa vez vou ganhar uma casa de praia pra gente!”, diz Alex. “Não! Já chega! Eu não quero mais nada! Só quero ter uma família descente e um pai responsável pros meus filhos. Um que tenha vontade de crescer na vida e não aceite ser escravo de um patrão explorador e que não desperdice seu tempo nessas porcarias desses jogos!”, reclama Júlia, “É só isso que eu quero...” diz ela novamente abaixando o tom de voz e tentando manter o controle. Em seguida ela respira fundo e diz “Já chega de tudo isso. Vamos viver nossa vida em paz. Não vá com ele... fique comigo! Vai ficar comigo Alex?”, Alex reflete por um tempo e sente seu coração amolecer ao ver os belos olhos de Júlia vermelhos e derramando lágrimas. “Essa vai ser a última vez. Eu prometo!”, diz ele. “Vá pro Inferno Alex! Seu doente!”, grita Júlia perdendo o controle novamente. Em seguida entra no quarto chorando e batendo a porta violentamente. “Ela vai te pedir perdão até de joelhos quando ver o que ganhou!” diz Cristóvão, “Vamos amigo!”.
O cenário muda sem que Alex perceba e agora ele e Cristóvão estão numa mesa de cassino clandestino, ao redor de outros jogadores; todos velhos conhecidos de Alex. As cartas estão espalhadas na mesa e a partida começa. A sorte estava do lado de Alex e ficou com ele por um bom tempo, até ela decidir mudar de lado e ir para perto de Cristóvão como uma bela moça que jurava ser fiel e agora vai embora, rebolando e sorrindo sarcasticamente. Cristóvão é o vencedor e sorri como se já soubesse disso. “Hehehe... parece que ganhei. Deixe-me ver... o Wagner perdeu R$ 10.000,00, mas é rico e não vai fazer falta... o Monteiro perdeu sua bela lancha, que pena... ah sim, ele também é rico e pode comprar outra. O Fernando perdeu sua moto, mas também tem muito dinheiro. O Alex perdeu seu apartamento, mas também é rico... opa, me enganei! Era tudo que ele tinha... sinto muito!”, diz Cristóvão ironicamente. Em seguida, todos na mesa começam gargalhar. Alex sente seu corpo gelar e seu coração bater forte. Pensa que vai ter um enfarto e acorda gritando “Não! É meu!”. “Alex pra que essa gritaria?”. Ao olhar para o lado vê Júlia deitada na cama. Espantado ele pula de cama confuso. “Mas como...?” Por um instante chega a pensar que tudo não passou de um grande pesadelo e está no seu antigo apartamento, mas ao olhar para os lados percebe que ainda continua no hotel. Júlia ainda meio sonolenta e com o cabelo desarrumado diz, “Ficou maluco? Vai acabar acordando o hotel inteiro!”. “Isso não pode ser verdade... como veio parar aqui?”, pergunta Alex ainda confuso e assustado. “Pensei bem na nossa briga e acho que não consigo viver sem você... Por isso te segui até aqui! Conversei com o balconista e ele me falou que você estava nesse quarto. Vi a porta entreaberta, entrei e te vi dormindo, então decidi me deitar do teu lado a acabei caindo no sono...”. “Mas que horas são?”,pergunta Alex para si mesmo olhando no relógio. Dez horas e quinze minutos. “Nem acredito. Estava tão cansado que poderia dormir a noite toda e parece que o sono foi embora!”. “Vai ficar aí parado sem me dar atenção?”, diz Júlia brincando, mas usando um tom de voz um pouco sério. “Desculpa! Confesso que estou muito feliz por você querer dar mais uma chance pra gente, mas é que parece tudo tão estranho...”, diz Alex. Júlia se levanta da cama e vai até ele dizendo carinhosamente “Vamos esquecer todos os problemas, está bem...?” dá um beijo rápido na sua boca abraçando-o em seguida, mesmo percebendo que ele ficou sem reação alguma, até no momento do beijo. “O importante é que estamos juntos...”. Alex se mantém indiferente aos gestos carinhosos de Júlia, não por grosseria e sim porque ainda está perdido em suas reflexões tentando encontrar respostas. Em seguida, volta ao presente e se delicia com sua pele macia abraçando seu corpo, sua cabeça encostada no seu peito e seu cheiro dotado de um perfume natural, suave e único. Aos poucos ele vai abraçando-a, sorrindo afetuosamente com os lábios cruzados e deitando com cuidado seu queixo naqueles cabelos desarrumados. Ela nunca esteve tão linda.
Decidem sair e jantar em algum lugar por perto. Para surpresa de Alex todos os outros hóspedes estão acordados e felizes conversando com entes queridos que pareciam não ver a tempos. Por cerca de segundos uma bola de futebol não acerca a cara dele. “Me desculpe amigo. Estava só dando uma aquecida antes do jogo!”, era o senhor que estava no sofá. Ele estava diferente. Parecia bem mais jovem e com um porte físico atlético. Estava vestindo um uniforme da Seleção Brasileira de Futebol. “Sonhei com esse dia a minha vida toda e hoje acabo de ser convocado pra jogar na Seleção! Estou muito feliz, mas tenho que treinar mais. Sim, ainda estou muito mal... preciso melhorar! Se me dão licença...” após dizer isso pega a bola e vai correndo a passos curtos e em pouca velocidade como se estivesse fazendo exercícios. “Ah, você está aí!”, diz a viúva que ele conhecera na recepção. Ela está vindo em sua direção de mãos dadas com um homem aparentemente da mesma idade. “Olha, sei que não nos conhecemos muito, mas tenho que repartir minha alegria com alguém. Meu marido não estava morto! Ele está aqui comigo!”, diz ela abraçando o homem ao seu lado. “Que bom saber disso... eu também me dei muito bem hoje!”, diz Alex tentando esconder seu enorme susto. Principalmente quando vê o recepcionista índio vestido como um guerreiro de tribo carregando seu filho no colo e segurando nas mãos de sua esposa grávida. “Minha tribo ainda existe!”, diz ele sorrindo.
Tudo parece uma grande festa, mas não para Alex, que sabe no fundo que nada daquilo pode ser verdade. “Que foi querido...?”, diz Júlia carinhosamente. “Não está feliz em me ver?”. “Sim, claro... mas é que essas pessoas... tudo isso... a verdade é que não acho que isso seja real!”, responde ele “Nem você...” dessa vez seus lábios pesam, seu coração doe e sua razão pede para que ele esteja errado. Júlia beija sua boca, “Isso não parece real pra você?”, diz ela em seguida. “Não. Sempre gostei dos seus beijos, mas confesso que nunca consegui imaginar toda a sensação que eles me causam...”. Júlia se afasta séria e o encara nos olhos. “Ela nunca vai te perdoar pelo que fez! Por isso deveria aproveitar a noite e deixar seus sonhos favoritos serem reais...”. “Quem é você?”, pergunta Alex. “É apenas sua imaginação meu amigo” diz uma voz surgindo de trás. È o senhor idoso da cadeira de rodas. “Ela é como minhas últimas noites de corredor aqui no hotel e é como minha falecida esposa Rose, que me visitou durante uma semana inteira até eu me convencer de que não podia mais viver com uma ilusão. Esse não é um hotel comum... aqui as pessoas nunca dormem mais que alguns minutos e seus sonhos criam vida, que durará a noite toda. Sei que tudo parece estranho e sem explicação, mas é assim que as coisas funcionam por aqui.”. “Não ligue pra ele! Aproveite a noite! Estamos juntos e, se ficar aqui pra sempre, todas as noites eu virei visitá-lo.” . “Não sei se quero isso...” diz Alex acariciando seu rosto. “Não posso fugir dos meus problemas. Tenho que continuar seguindo pela estrada lá fora e começar de novo...” , “Para novamente perder tudo pro jogo?”, pergunta Júlia lagrimando. “Fique aqui comigo. Estou de dando uma chance...!” . “Não posso, sinto muito...”.“Eu também te darei uma chance Alex!”, diz uma voz familiar vindo de trás. É Cristóvão e atrás dele seus amigos Wagner, Monteiro e Fernando sentados numa mesa com as cartas arrumadas. “Será que vocês não se cansam de explorá-lo?! Deixem agente em paz!”, grita Júlia.“Por favor, minha querida, fique quieta, porque você o abandonou quando ele perdeu tudo.”, diz Cristóvão olhando Júlia nos olhos e depois olha para Alex sorrindo ironicamente, “Vamos Alex, uma partidinha de pôquer com seus velhos amigos! Hehehe...”. “Vamos Alex, quem sabe dessa vez você não consegue um monte de madeiras pra construir um barraco! Hahaha...”, diz Wagner e começa gargalhar junto com Monteiro e Fernando. “Parem rapazes! Assim vocês vão assustá-lo. Hehehe...”, diz Cristóvão, “Vamos Alex, estamos só te esperando!”. “Não, ele não vai!”, grita Júlia. “Alex, você vai deixar essa exploradora lhe enganar de novo? Ela é só um atraso pro seu sucesso. Você é um cara de sorte e dessa vez estamos aqui para te dar uma chance. Não preciso daquele velho apartamento, e estou disposto a apostá-lo!” , “Dessa vez não dá! Não tenho nada para apostar graças a vocês!”, grita Alex. “Tem sim. Que tal sua alma? Hehehe” , “Como assim?”, pergunta Alex. “Não rapaz! Não deixem que eles te aprisionem aqui também! É tudo que querem?” , alerta o senhor na cadeira de rodas, “Lembre-se que são apenas ilusões! Você não ganhará nada!”. “Eu preciso! Eu tenho que vencer deles!”, insiste Alex. “Não querido fique comigo!”, implora Júlia, porém ele novamente ignora, senta-se à mesa e pega suas cartas.
O jogo começa e parece que realmente a sorte mudou de lado, pois as fichas de Alex estão acabando e ele sabe que quando perder todas, perderá sua alma. O tempo passa despercebido para os jogadores e principalmente para Alex. Por alguns instantes ele sente que não pode ganhar e se arrepende de ter seguido seu vício novamente. Mas parece que as coisas começam a melhorar e suas cartas são boas. Porém, na hora de amostrar os baralhos Cristóvão ganha novamente, “Agora sua alma é minha! Ahahahaha”. Alex sente o peso da vergonha e da derrota no peito e encolhe o corpo tentando imaginar o que irá acontecer em seguida. Terá que ficar naquele hotel para sempre? Será que será um escravo do hotel como o índio?. “Verifique os punhos dele Alex” , diz o senhor na cadeira de rodas. Alex olha rapidamente para os pulsos de Cristóvão e vê cartas escondidas na manga. “Então você não passa de um maldito ladrão!”, grita Alex levantando-se e batendo na mesa violentamente. “O que vai fazer agora? Sua alma já é minha! Ahahaha”. “ O senhor está enganado”, diz o senhor na cadeira de rodas, “Já amanheceu a quinze minutos. Todas os outros sonhos já desapareceram. Falto só você e seus amigos!”. “Não pode ser! Isso não é justo! Alex, a tua alma pertencesse ao hotel! Não pode mais sair daqui.Você agora é um escravo!”, grita Cristóvão desaparecendo junto com a mesa, o baralho e os seus amigos. “Não se preocupe rapaz, eles sempre dizem isso!” diz o senhor, “Está livre pra ir quando quiser...”. “E você? Posso lhe tirar daqui!”, diz Alex. “Não meu amigo, já estou muito velho e logo vou reencontrar minha querida Rose. Além do mais, esse hotel precisa de alguém lúcido para ajudar forasteiros como você! Mas vá e seja feliz em sua nova vida, e largue esses malditos jogos!” . “Pode deixar...”, diz Alex. “Adeus querido... sei que não sou real como ela, mas o que senti por você era real...”, diz Júlia lagrimando e desaparecendo.
Alex pega suas coisas sobe na moto e segue a estrada. O sol nascerá em poucos minutos e mesmo passando a noite com insônia, ele parece bem disposto a só descansar quando finalmente encontrar uma nova cidade. Pode não ter conseguido sua antiga vida de volta, mas o que o espera no fim da estrada é uma vida nova, e talvez muito melhor.