sexta-feira, maio 19, 2006

terça-feira, maio 16, 2006

ESTAGNAÇÃO OU VALORES DIFERENTES?

Semana passada, passei na frente do predio onde moram umas tias minhas por parte de mãe e conversei com o porteiro que trabalha lá desde que me entendo por gente. Ele já deve estar com uns cinquenta anos e continua naquele mesma portaria. Vocês devem estar se perguntando como alguém consegue trabalhar a vida inteira em algo monótono e sem aumento de salário? Deve ter tido algum aumento, claro, mas não deve ser muita coisa...
Tenho duas resposta para essa pergunta: a primeira foi a falta de oportunidades(ou disposição) para crescer. A segunda é de que simplesmente ele NÃO quer sair dali, porque não aspira grandes sonhos como muitos de nós de ser rico. Tem pessoas que gostam de viver de maneira simples e não podemos criticá-las, afinal de contas, a uma questao de valores que temos que levar em consideração!
Isso me lembrou a fábula do pescador onde um grande empresário questiona um pescador por ter grande habilidade e conhecimento sobre pesca e estar "desperdiçando" isso não progredindo na vida. Para o empresário, o pescador deveria aproveitar todo o seu conhecimento e abrir um negócio de pesca industrial, e com isso em alguns anos ele se tornaria rico e poderia apreciar o restante de sua vida vivendo de maneira mais confortável, apenas usufruindo dos lucros acumulados durante anos. Mas aí o pescador questiona porque ele gastaria anos se esforçando para viver de maneira confortavel se ele já havia alcançado todo o conforto que queria? Ele gastava apenas algumas horas pescando e depois ia dormir, brincar com os filhos, tomar banho no rio... Para ele, ISSO era o conforto que ele queria! Ele vivia numa casinha na beira do rio, mas tinha todo o alimento para ele e sua familia, educação e diversão para os filhos e era feliz. Já o empresário morava numa casa enorme, vivia trocando de carrões, mas provalvemente tinha muito problemas causados pelo estresse do trabalho e isso poderia até mesmo estar influenciando na sua vida social e familiar. Em outras palavras, ele poderia não ser feliz mesmo com todos aqueles patrimônios e todo aquele dinheiro. Quem vocês preferiam ser? O empresário rico e infeliz ou o pescador humilde e feliz?
Pensem nisso crianças. Ás vezes nem sempre o que parece bom para nós é bom para os outros, e dinheiro nem sempre trás felicidade! Bom, não sei... do jeito que as coisas andam quem sabe talvez daqui a alguns anos seja possivel comprar felicidade em supermercardos! :)

[]'s

quarta-feira, maio 03, 2006

Blog Reformulado


Reformulei o meu blog e alguns contos. Deêm uma olhada e, se puderem, opinem.

Abraços

SEM REMORSO - conto

Roberto era uma criança solitária que cresceu num lugar ruim onde sua única amiga era a revolta que crescia dentro de si. De que forma um trauma de infância afeta a personalidade de uma criança? Será que uma criança criada num lugar com muita violência acaba vendo-a como algo normal? Essas respostas nós poderemos encontrar na Fuga Da Sanidade.

SEM REMORSO Por Rodrigo Carvalho®

- Vamos Roberto...- disse uma voz suave e feminina vinda do espelho – deixe-me amostrar meu rosto...
- Não!- gritou o menino – eu não quero!
- Quer sim... – disse a voz – sabe que quer...
Gritos eram ouvidos da cozinha. Seus pais discutiam novamente e em poucos minutos ele ouviria seu pai batendo em sua mãe com socos e pontapés. Isso a fez perder seu irmãozinho.
- Está ouvindo... – disse a voz novamente – seu pai se aproveitará da fraqueza de sua mãe mais uma vez. Você gosta disso? Não te revolta o fato dele ter feito sua mãe perder o bebê?
- Sim... – disse o menino inocentemente.
- Eu posso mudar isso... – disse a voz – apenas me deixe amostrar o rosto...
- Não eu não quero! – gritou o garoto.
- Uma hora você irá se unir a mim...-disse a voz.
Os anos se passaram. Era noite de lua-cheia na cidade de Belém do PA. As trevas cobriam o céu dando lugar a profissionais da noite como vigias noturnos, policiais, prostitutas, etc.
Em um boteco perto do Terminal Rodoviário de São Bráz, uma figura misteriosa surgia como uma assombração na porta do bar.Estava trajando uma calça jeans clara, camisa branca, jaqueta preta e um chapéu vermelho. Em seus pés encontravam-se um par de tênis sujos.
A música alta não parecia incomodá-lo, apesar de detestar a “Jovem Guarda”. Após pedir uma cerveja, ele se sentou nos fundos como se não quisesse ser notado e realmente não estava. As prostitutas riam e se divertiam com as piadas eróticas contadas por velhos taxistas. Nenhuma delas era realmente bonita. O que se poderia encontrar por R$ 20,00?
Após dar o terceiro gole, a estranha figura nos fundos se afogou em pensamentos. Ele sabia que os jornais já haviam anunciado sua fuga do hospício de São Paulo e temia que alguém na rua o reconhecesse. Eles o chamavam de Noiva Sangrenta, pois mutilou mais de 20 pessoas em São Paulo vestindo um surrado vestido de noiva, que era de sua mãe antes dela cometer suicídio. Como arma usava uma foice, mas às vezes um machado ou uma faca.Ele já havia trabalhado como açougueiro e sabia bem como tratar carne.
Roberto (nome de batismo) havia acabado de chegar na cidade e só tinha trazido a lembrança de sua mãe - o que era fundamental para ele fazer seu trabalho direito.
Muitos achavam que ele não amava o próximo e por isso comete homicídios. Mas é aí que eles se enganavam. Ele também amava, não exatamente o próximo, mas mutilar o próximo. Também é uma forma de amar, diferente, mas é.
Estava escondido na casa de um dos seus fãs com quem conversava na INTERNET. Um rapaz que morava sozinho em uma casa em São Bráz. Ele teve a honra de receber seu ídolo e estava muito empolgado até o momento em que Roberto cortou sua garganta.
Roberto parou de sonhar acordado quando uma das prostitutas sentara em sua mesa e o encarava com um olhar sedutor dizendo:
- Homens misteriosos me atraem. Que tal se eu e você fossêmos nos divertir com essa sua vara entre as pernas? Só cobro R$ 10,00 pra você.
Ao levantar o rosto, Roberto viu uma mulher morena de cabelos negros e encaracolados. Tinha o rosto bonito e bastante maquiado que adicionado ao perfume barato e as jóias vagabundas dava uma beleza mórbida e vulgar.
- Claro! – respondeu Roberto friamente – a casa do meu amigo é bem aconchegante e tenho certeza de que ele não vai se importar.
- Então? Você é de fora?
- Sim, sou paulistano. Mas vamos logo ao que interessa.
Ambos saíram do boteco e se dirigiram a pé até o refúgio de Roberto. A prostituta não parava de falar. Ela dizia que seu nome era Cíntia e que veio do interior mais não conseguiu um bom emprego e terminou se prostituindo. Aos poucos ele foi se lembrando do passado. Lembrou-se de Amanda sua esposa que um dia ele jurou amar para sempre. Ela era bonita, jovem e tinha planos de se tornar advogada e ter filhos com Roberto. Tudo parecia perfeito na sua vida, vivia rodeada de bons amigos, tinha um bom emprego e ajuda do pai ,que por sinal adorava Roberto e o tratava como um filho. Lembrou-se também da sensação de felicidade e realização que teve quando descobriu que iria ser pai. Iria ser boa aquela vida que eles estavam construindo, mas isso já é passado.
Roberto voltou para o presente e olhou a prostituta que ainda falava muito. Avaliou seu corpo discretamente. Sua cintura era grande juntamente com sua barriga. Os seios eram grandes e caídos e suas nádegas grandes e bonitas, tão bonitas quanto suas pernas. Ela estava usando uma saia preta bem curta e uma blusa vermelha e pequena com a costa nua e os seios quase a amostra.
Ao chegarem na casa, eles se dirigiram ao quarto do ex-dono. Cíntia se despia na frente de Roberto que estava nu na cama. Ela montara nele e o sentia dentro dela.
Roberto sussurrava o nome de sua falecida esposa Amanda. Cíntia não ligava, apesar de achar um pouco estranho, mas isso fazia parte de seu trabalho.
Meia-hora depois eles pararam, pois Roberto dizia não se sentir muito bem e foi ao banheiro, mas na verdade foi ao outro quarto onde deixou suas coisas. Abriu sua mala e tirou o vestido de noiva de sua mãe. Já estava velho, surrado e um pouco sujo nas pontas o que já é característica do Noiva Sangrenta. Foi novamente atacado por lembranças com Amanda, só que dessa vez as lembranças não eram boas.
Ele a via conversando com Felipe, o vizinho. Um rapaz novo que morava com a mãe. Era bem admirado pelas moças do bairro pela sua beleza e carisma. Ele ajudava Amanda a trazer as compras do supermercado e dava dicas de como cuidar de uma criança, pois tinha um irmãozinho que tomava conta quando a mãe saia. Apesar da pouca de diferença de idade, eles pareciam formar um belo casal. Mas não era isso o que mais incomodava Roberto e sim o fato dele faze-la rir como ninguém, inclusive ele, fazia.
Amanda falava muito de Felipe para Roberto e isso só fazia seu ciúme e ódio pelo rapaz crescer. Ela percebia e brincava rindo e dizendo que era só um amigo e que era muito velha para ele. Roberto tentava acreditar nisso para não se incomodar, mas um dia seu ódio e ciúme chegou ao limite.
Havia surgido um boato na vizinhança. As pessoas diziam que quando Roberto saia para o trabalho, Felipe ia até sua casa e fazia amor com Amanda. O boato aumentou e chegaram a dizer que o filho que Amanda esperava era na verdade de Felipe.
Roberto ainda se lembra dos gritos de Amanda implorando para que não a matasse e jurando que nunca o traíra com ninguém e que o filho era dele. Mas Roberto não acreditou e abriu sua barriga para tirar o feto. Depois foi a vez de Felipe o quão foi encontrado brutalmente torturado e morto num terreno abandonado.
- Querido...- chamou a prostituta – você não vem?
Isso o trouxe de volta ao presente. Mas essas lembranças cheias de ódio, só fizeram aumentar seu desejo pelo que estava prestes a fazer. Vestiu o vestido surrado e em seguida pegou a faca de açougueiro escondida atrás do armário ainda um pouco suja com o sangue do seu fã morto e se preparou para mais uma mutilação.
Cíntia foi até a cozinha beber água e percebeu um pouco de sangue escorrendo do freezer. Decidiu ver o que tinha lá dentro. Ao ver o corpo mutilado do fã de Roberto, deu um grito que acordaria os vizinhos se eles não fossem uma soverteria fechada e uma casa para alugar.
Ela virou para trás com a intenção de fugir, mas deu de cara com Noiva Sangrenta em pé bloqueando a passagem. Ela implorou pela vida, mas ele a puxou pelo cabelo e a jogou na cama. Em seguida tapou sua boca com a mão esquerda – ela gritava muito e isso o incomodava. Tentava lutar mesmo sabendo que é inútil por que ele era mais forte. Seu olhar assustado seguido de lágrimas de desespero parecia muito com os de Amanda.
Noiva Sangrenta cortou o seio direito da prostituta lentamente e em seguida fez outros cortes em seu corpo. Batia muito em seu rosto. Cortou sua língua, suas orelhas e para terminar degolou seu pescoço rapidamente.
Agora ele via sua mais nova obra-prima sujando sua cama de sangue. Satisfeito empurrou o corpo da prostituta para a borda e se deitou.
Seu trabalho consumiu bastante esforço físico e Roberto se sentia cansado. Seu coração parava de bater aceleradamente e sua respiração ficava mais profunda até que ele finalmente dormiu.
Ele se via de volta a sua infância, revivendo uma das piores cenas de sua vida. Era natal e seus pais discutiam no quarto. O motivo era por que seu pai andava com amantes. Seu pai estava bêbado e começou a espancar sua mãe que gritava, e ele gritava mais alto, coisas como “Sua louca, retarda, vagabunda!” , mas a frase que mais marcou foi “Por sua culpa nosso filho é um retardado, como você!”. Ele já estava acostumado com aquelas brigas, mas o que seu pai disse o fez sofrer por dentro e ter um sentimento de revolta.
Mais tarde após a briga, sua mãe lhe chamou para a ceia. Ele viu seu rosto cheio de hematomas, e refletiu sobre a péssima figura paterna que tinha. No centro da mesa, uma bandeja o esperava escondendo o que acreditava ser o peru, só que dessa vez sua mãe tentou ser original e criativa.
Ao tirar a tampa, ele vê a cabeça de seu pai numa pequena poça de sangue e sua mãe diz sorridente “Ele nunca mais vai nos machucar querido, nunca mais!”.
Ele ficou impressionado, mas não chorou. Apenas correu assustado para o seu quarto. Lá tinha um espelho grande, mas no lugar de seu reflexo, via uma noiva. Ele, ainda assustado, perguntou:
- O que você quer?
- Não precisa ficar com raiva de mim, seu pai merecia aquilo – respondeu ela com uma voz suave e meiga.
- Acho que você tem razão – disse Roberto ainda um pouco nervoso - ele realmente merecia.
- Você não pode permitir que te maltratem.
- E você vai me ajudar?
- Claro, eu estou aqui para isso.Para ser o espírito rebelde de você e de sua mãe.
- Mas você não vai querer nada em troca?
- Claro, tudo tem seu preço, só que o meu é simples. Apenas deixe-me mostrar meu rosto.
- N-não, estou com medo.
- Ora, não precisa ter medo de mim, pois agora somos um só.
Após dizer isso, ela levanta o véu e Roberto tapa o rosto com as mãos.
- Vamos, olhe, não tem nada o que temer.
Com muita coragem, ele tira as mãos do rosto e olha para o rosto dela. Vê cenas de mutilação e outras formas de violência. Um sorriso surgiu em seu rosto e com muita admiração disse:
- Você é linda!
- Obrigada! Todos acham isso.